Dia 45

Ainda não falei do pai cá de casa nestes dias de isolamento.

Estando em lay-off pré-desemprego, tem tido tempo para fazer tudo. Eu ajudo-o quando dá.
Tornou-se o arquétipo da dona de casa dos anos 50-60-70.
Ao almoço, já só pensa no que vai fazer ao jantar e ao jantar, já esta inquieto com a refeição do dia seguinte. Já fez um pouco de tudo: do pão à sobremesa, da pizza ao prato vegetariano, do peixe assado ao lombo com molhos xpto. Enfim, enche-nos de calorias saborosas. 
Neste confinamento, à semelhança de uma matrioska, vive confinado na cozinha, com poucos horizontes, facto que o aborrece. Por isso, tem alargado perspetivas e tem saído até ao corredor onde tem estado a betumar o chão. Prepara-se para nos tempos mortos, fazer uma parede de bladur no nosso quarto.
A casa está sempre um mimo com ele mas enfim, aquele chão...
Por enquanto, benzadeus, não se vislumbra emancipação. É que há uma família e uma casa para cuidar.

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