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A mostrar mensagens de dezembro, 2022

Livro 43 - " O Acontecimento"

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 "O Acontecimento" - Annie  Ernaux Annie Ernaux conta-nos um acontecimento que a marcou para sempre: o aborto que fez em 1963, numa época em que o aborto ainda era ilegal.  É uma escrita intimista e feminina, sem grandes rodeios. "Pode acontecer que uma tal narrativa provoque irritação, ou mesmo repulsa, seja qualifacda de mau gosto. Ter vivido determinada coisa, seja ela o que for, dá-nos o direito imprescindível de a passar a escrito. Não existem verdades inferiores.  E se não levar até ao fim a relação com essa experiência, estou a contribuir para ocultar a realidade das mulheres e a colocar-me ao lado da dominação masculina do mundo)." Gostei muito. Dei-lhe 5 estrelas.  Como me dizia uma pessoa do meu entourage , "quase todas as mulheres da minha geração fez um aborto. Ninguém o admite, mas fizemos. Eu não morri por sorte. " (Recebi um Kobo no Natal. Este é o meu primeiro livro lido no aparelho.)

Livro 42 - "A vida do Homem que perseguia Poemas"

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 "A Vida do Homem que Perseguia Poemas" - Joana M. Lopes Ouvi falar da autora num artigo do Público aquando da polémica nomeação de um livro do Pedro Chagas Freitas para representar, na Europa, os novos escritores portugueses. Nesse artigo , o autor criticava a escolha, sugerindo outros escritores, muito mais credíveis e promissores no panorama literário nacional. Um deles foi a Joana M. Lopes. Assim cheguei a este livro.  Este livro conta a história de um homem que nasceu com a alma de um poeta, mas que nunca foi capaz de escrever um poema.  Gostei muito do livro, sobretudo quando conhecemos a infância deste homem, num meio rural, com os avós. É escrito de uma forma muito bonita, com delicadeza e ritmo. A segunda parte do livro, que coincide com a sua partida para a cidade, já não me entusiasmou tanto.  Dei-lhe 4 estrelas, que são 4,5. Recomendo. 

2022

Já tentei escrever este resumo várias vezes, mas nada me ocorre. 2022 passou e parece-me que não foi inteiramente vivido. Estão a ver quando somos arrastados por uma onda mais forte, quando a maré está a subir? Estamos no mar, a rebolar, sem ter noção de espaço e do nosso corpo, para lá e para cá, ao sabor da força da águas. Sabemos que vai passar e que nos vamos conseguir levantar, mas até lá, a coisa é complicada e estamos aflitos.  2022 foi muito assim. Em retrospectiva, tenho muito presente a minha ida assustada para Madrid, a Ana à minha espera e a sua morte nas horas seguintes. Eu que tenho tendência em esquecer-me das coisas más que me acontecem, como se fossem umas reminiscências de um sonho, tenho estes dias bem gravados. A viagem de regresso e o choro descontrolado ao aterrar numa Lisboa chuvosa. Não chovia em Lisboa desde o início do ano. Creio, mas pode não ter sido assim, que não houve mais chuva nesse inverno. Foi tudo demasiado triste. Não soube lidar. Depois disso, nada

Livro 41 - "Ratos e Homens"

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 "Ratos e Homens" - John Steinbeck     Ouvi falar do livro neste blog de livros . Como "A s Vinhas da Ira " do mesmo autor me marcou muito, resolvi ir buscá-lo à biblioteca. É um livro de 100 páginas que conta a história de dois homens, dois amigos, que andam de quinta em quinta a trabalharem como jornaleiros durante o tempo da Depressão, nos E.U.A. e em busca do American Dream . Um dos homens é retardado, mas dotado de uma força gigantesca, e está completamente dependente do seu parceiro, homem bondoso. (Faz lembrar um pouco a personagem de Tom Joad das Vinhas da Ira.) O autor cria um ambiente opressivo, carregado de maus presságios. Sentimos durante toda a leitura que algo vai acontecer: há sinais, dados por outras personagens e até por um cão, que a coisa não vai ser fácil. Não estava à espera, ainda assim, daquele final. O Steinbeck voltou a surpreender-me com este final. Acabei de ler o livro ontem e pensei que ia dar-lhe 4 estrelas. Entretanto, hoje de manhã,

Faites vos jeux. Rien ne va plus - parte 2

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 O Mundial acabou. Depois da eliminação de Portugal (por quem nunca tive grandes esperanças, mas queria estar completamente errada nesse capítulo),  torci pela França. Queria que ganhasse porque achava que podiam impedir o Messi de ser campeão e porque a França e eu, enfim, temos uma relação longa. Ah, também queria ganhar o meu placard de apostas cá de casa com regras simples: cada jogo ganho receberia 1 ponto e o vencedor da final receberia 2. Antes da final, o Pedro estava com 10 pontos e eu com 9. Se a França ganhasse, eu também ganharia, colocando-me à frente do meu mais novo. Não aconteceu. Que pena para mim e para a França.  (O pai cá de casa, nitidamente, o grande looser cá de casa. Parecia a Alemenha. )
Em julho, fui fazer uns exames de rotina. Quando os recebi, percebi que havia ali umas cenas no fígado que não estavam bem. No ano anterior, recordai-vos, tinha descoberto que estava lá alojado um quisto. Paniquei. Ainda por cima, de acordo com o Dr. Google, era um cancro.  Fui a uma médica no dia 1 de serembro, que disse que não era muito grave, possivelmente fígado gordo. Dieta a sério e zero álcool. Nos anos anteriores, recordai-vos, bebi muito vinho. Paniquei. Ainda por cima, de acordo com o Dr. Google, podia ser também uma cirrose. Dois meses depois, com 4 kg a menos e sem as alegrias que o pão, vinho e queijo  me proporcionam, voltei a fazer exames. Os valores tinham subido ainda mais. Nesse mesmo dia, com muita sorte e insistência da médica, faço uma ecografia ao fígado e outros exames.  10 dias depois, com menos 5 kg agora (e de repente, fico a pensar que na minha idade perder tanto peso assim pode ser uma má notícia), os valores estão ainda mais altos e sou encaminhada para um

Caderneta completa - update

Perguntei numa turma do 8° ano quem tinha o cromo WAL1. Ninguém o tinha repetido, mas disseram-me que o iam arranjar e que mo entregariam no intervalo. Assim fizeram.  Já tinha acontecido algo parecido há uns anos... 

Livro 40 - " Até nos Vermos lá em Cima"

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"Até Nos Vermos lá em Cima " - Pierre Lemaitre. Comprei o livro porque estava com 50% de desconto, porque o romance aborda a temática da 1a Guerra Mundial, porque sou muito permeável a coisas como " Prémio Goncourt" e porque tudo o que meta França,  eu alinho... É a história de dois soldados franceses, que poucos dias antes do Armistício, numa batalha, vêem as suas vidas ligadas para sempre. Ambos perderam tudo. Depois da guerra sentem-se abandonados por uma Pátria que se envergonha dos aleijados de guerra e onde uns quantos querem enriquecer à conta da Guerra. Estes soldados estão excluídos e voltar ao ativo parece ser mais difícil do que estar nas trincheiras. Um é " gueule cassée " ( 'tromba partida' ) e o outro, um pobre homem modesto. Levam, no entanto, a cabo uma burla que envolve estátuas e monumentos em honra dos soldados mortos como forma de vingança... É um livro que se lê muito bem e que prende com a sua linguagem simples. Não requer mui

Quando é que sabes que tens filhos crescidos?

 - A M. está a tentar combinar a passagem de ano na casa dela. Ainda não é certo, mas se for, posso ir? Oi? 

Faites vos jeux. Rien ne va plus

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Na última semana, a TV da sala esteve ligada, sempre sintonizada na Sport TV. Já não ligo à bola, dá-me sono, mas o Mundial é outra coisa. Gosto muito da festa em redor do futebol, das seleções, de fazer a caderneta (falta-nos 1 cromo*) e de colar os cromos. Vibrei com o Uruguai ontem ou hoje com os Camarões.  (Fui a única a pensar na explicação del professor da Casa de Papel sobre a galvanização das pessoas num Brasil×"Camarones'?).  Todos vibram com o Mundial apesar de tudo o que rodeia este Mundial. Vai daí, fizemos a nossa aposta. Quem tiver mais pontos, recebe um prémio. Falta ainda decidir qual.  * Se quiserem fazer-me feliz, é o WAL 1