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50 anos do 25 de abril

 De manhã,  comentavam que iriam também assistir às comemorações do centenário do 25 de abril, mas o pai cá de casa e eu, não. Fiquei estupefacta com o facto e quis partilhar aqui no blog. Em 2074, pode ser que alguém leia isto e que saiba que os 50 anos do 25 de abril foi uma festa linda (pá)!  Tanta gente, tanta gente, tanta gente que só quero acreditar que os meus filhos hão de celebrar na rua os 100 anos da democracia  com os filhos (e talvez netos) e que se lembrem deste dia e de nós, que colocamos a semente da Liberdade e da poesia na rua,  neles, desde sempre.  É o melhor dia do ano. O dia mais feliz. 

Leitura 10/2024

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 O Monte do Silêncio-  Francisco Camacho Li este post no blog "Horas Extraordinárias" de Maria do Rosário Pedrosa sobre o livro e fiquei curiosa.  (No link, poderão ler coisas bem escritas sobre o romance, se tiverem curiosidade.) Não sendo nada do outro mundo, e com muitos clichés sobre os ricos e poderosos, fui lendo.  3,5

O balanço de um post escrito em 2019

  Num post de dezembro de 2019, escrevi: "2019 foi um ano em que vivemos muito os 4 para os 4, numa espécie de bolha onde nos bastamos uns aos outros, Há quem diga que vamos estranhar quando eles não quiserem estar nessa bolha e que nos vamos sentir sozinhos, até porque estamos agora muito distanciados dos amigos e familiares. (...) Farei o balanço na devida altura."  Chegou o momento de fazer o balanço.  Eles saíram da bolha, não querendo estar connosco o tempo inteiro. Normal. Têm planos com os amigos  ou têm de estudar. Não estou a estranhar. Não tenho pena nenhuma*. A liberdade que eles sentem por voar sozinhos é também a nossa por (conseguirmos) voar (novamente) a dois. É como se já vemos a meta lá muito ao fundo. Ela ainda está longe, mas sabemos que a parte da subida mais inclinada já passou. Temos uma folga até à próxima subida, e esperamos que não seja tão esconsa. Até lá, respiramos bem. Vamos, o pai cá de casa e eu, a mais sítios, vemos mais coisas, fazemos mais co

Livro 10 - 2024

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  "Kim Jiyoung, nascida em 1982" de Cho Nam-Joo A Filipa, irmã da Mary QA, fez uma review no Goodreads, em 2021, sobre este livro. As palavras dela despertaram-me muita curiosidade e quis imediatamente lê-lo... Como não estava ainda traduzido em português, desliguei da ideia até que o encontrei em francês alguns anos depois.  O livro conta a história de uma mulher coreana - a personificação todas as mulheres da Correia do Sul -  e as dificuldades que encontra por ser mulher. É um relato cru das várias tempestades que sofre e das injúrias que tem de afrontar por ser mulher. Ao longo do seu crescimento, vai tomando consciência das situações injustas que todas sofrem, mas é uma mera constatação de factos ( e que inclui dados da OCDE para comprovar o que é dito). Gostei muito. A Filipa dizia que as situações vividas despertam "uma raiva miudinha cá dentro, mais intensa ainda porque não há expetativa de que os homens venham a compreendê-la" . Não teria dito melhor. 4,5

Leitura 9/2024

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 "Lições de Química " - Bonnie Garmus A primeira pessoa a falar-nos desse livro foi a sua tradutora, Elsa T.S. Vieira. Fomos (as amigas do círculo e eu) ler. Eu só cheguei a ele agora, com muitos meses de atraso.  Conta-nos a história de uma jovem química inteligentíssima que teve de desbravar caminhos para ser ouvida e respeitada no mundo das ciências, na década de 50/60 do século XX.  O minha pofunda admiração por todas as mulheres que abriram caminho, que lutaram por todas nós, que sentiram na pele a discriminação de género, que não foram levadas a sério e que foram relegadas para funções meramente reprodutoras. O livro mostra-nos todos os obstáculos que a personagem teve de ultrapassar por ser mulher e é impossível ficar indiferente. Neste sentido, o livro é bom.  Mas há coisas que não apreciei tanto, como a personagem principal, por exemplo. Não consegui gostar dela, nem da filha. O cão é uma personagem importante a partir de determinado momento, mas não achei lógico.  D
 Fomos ver o Sérgio Godinho ao Coliseu.  Foi a melhor noite de 2024. Será a melhor noite de 2024.  (E a certeza, ali, de estar no sítio certo, com a pessoa certa, no lado certo da coisa.)

Leitura 8/2024

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 "Três mulheres na cidade " - Lara Moreno Fui passar uns dias a Madrid e quis ler um livro cuja ação decorresse na capital espanhola. Assim cheguei a este livro.  Fala de 3 mulheres que se cruzam num prédio da cidade, de vidas tristes e quase sufocantes. Houve momentos em que pecisei de respirar fundo para avançar, mas sem conseguir parar de ler. É um livro que mexe connosco, pois fala de exploração e da violência a que estão sujeitas as mulheres. Estava, no entanto, à espera de um outro fim. Queria esperança, mas tive sempre, até a ultima palavra uma realidade nua e crua. Não apreciei e é por isso que lhe dou 4 estrelas. Ou 4,5.  Gostei muito.

Leitura 7/2024

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 "Um dedo borrado de tinta - História de quem não pôde aprender a ler" - Catarina Gomes   (Deixo uma foto a cores porque a capa perde muito no kobo.) Em 2021, li Coisas de loucas da mesma autora e foi um dos livros que mais me marcou nesse ano. Ia resgatar pessoas que tinham sido internadas em hospitais psiquiátricos no início do século XX. Este ano, publicou este livro. Conta a história de pessoas, que ainda existem, que não sabem ler. Este é o livro que gostaria de ter escrito. Foi a primeira vez que tal ideia me passou pela cabeça. É um livro onde me revejo em todas as palavras e ideias.  É um livro comovente que vai à linha do tempo recontar o que aconteceu. Lemos aquelas histórias e percebo que são as minhas avós, as minhas bisavós. "Todos nós descendemos, a partir de certa altura, de pessoas que não sabiam ler, se quisermos, de analfabetos". A história da minha avó Aida é idêntica aquilo que li: ainda vai à escola onde aprendeu as únicas letras "a,e,i,o,
Há um episódio do Sexo e a Cidade que me marcou. Como já o vi há uns 20 anos, não me recordo muito bem, mas sei que a Samantha está na praia a vomitar e a Carry está a segurar-lhe o cabelo, depois de uma noite de copos. Aquilo foi para mim uma grande revelação sobe amizade. Ser amiga é ser leal e estar sempre ali, em todos os casos. Não conhecia a palavra "sororidade" na altura, mas percebi-a. Ontem, éramos 4. Uma sentiu-se mal e, imediatamente, as outras 3 rodearam-na. Uma agarrou-lhe no cabelo, a outra na ponta do cachecol e a terceira fez-lhe festas nas costas. Se não fosse tão deprimimente ver uma pessoa a vomitar no meio da rua, poderia dizer que foi um belo quadro sobre amizade.

Leitura de 2024/6

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 "Eu sei porque canta o pássaro na gaiola" - Maya Angelou Descobri a escritora num documentário sobre ativistas negras. Gostei tanto que quis conhecê-la através dos livro. A vontade foi tanta que acabei por ler a versão brasileira, uma vez que não existe a versão digital em pt-pt.  É um livro autobiográfico, onde relata a sua juventude numa América rural, racista e violenta. Gostei muito.  4 estrelas.

Por cá...

Fui ver a exposição na Gulbenkian sobre " As Mulheres do meu País " porque quis encontrar em cada rosto fotografado uma antepassada minha.  Vi em cada mulher iletrada e pobre, naqueles olhares duros, naquelas rugas vincadas, naquele aspeto de várias vidas vividas e sofridas aos vinte e poucos anos, um pouco de cada uma. Embora não seja uma exposição do outro mundo, gostei muito de encontrar as Preciosas, as Rosas, as Joaquinas e as Marias que andam a povoar a minha cabeça.

Quando sabes que tens filhos (muito) crescidos?

Quando inscreves um deles para os exames nacionais do 11º ano. (Vou ali beber um chá de camomila e respirar para dentro de um saco de plástico...)

São imposições, senhor, são imposições!

Milagre! Milagre! O Tiago já leu dois livros este ano: "Os Maias" do Eça cuja leitura se arrastou ao longo de vários meses e "Frei Luís de Sousa " do Garrett.  Obigada, escola. 

Leitura de 2024/5

 "A Natureza da Mordida" - Carla Madeira.  Voltei a esta autora para lhe dar uma segunda oportunidade ou para tentar perceber por que razão as pessoas continuam a aclamar o que escreve.  Se não se lembram do que disse sobre "Tudo é um Rio", clique aqui. É a história de duas mulheres de gerações diferentes, que se conhecem num café e que se tornam amigas. Percebemos de imediato que são mulheres com histórias de amor que as fizeram sofrer. " - O que você não tem mais que te entristece tanto?" .   Ao longo de vários encontros, as histórias vão sendo desvendadas. Em ambas os casos, a dor definiu-se porque " Ele se foi do pior jeito que alguém pode ir: ficando." Não gostei do desfecho de uma das histórias. Ou até das duas. A senhora escreve bem, com frases curtas, poéticas e também clichés. Não sei se gostei qb ou se embirro com a escritora por causa da leviandade com que abordou certos temas no outro livro. . Dei-lhe 4 estrelas, mas se calhar são 3,5

Viagem

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Em viagem, a nossa dinâmica familiar é excelente. Toleramos melhor os defeitos dos outros, tornamo-nos mais abertos ao que o outro diz ou pensa, ouvimos mais o outro, vemos com olhos diferentes os varios ângulos da cidade onde estamos e parecemos mais felizes do que somos. Ou mais em sintonia. Fechamo-nos numa bolha a 4 a ver o mundo que nos rodeia, rindo muito e conversando mais ainda.  Acredito que ir será sempre a nossa bóia quando tudo der errado. 

Árvore genealógica

Todos nós já pensámos, nalgum momento da nossa vida, que andamos doidos, que há qualquer coisa que nem sempre bate certo, que o tico e o teco não estão alinhados, que há uma espécie de loucura cá dentro.  (Não me deixem sozinha nesta crença e abanem a cabeça enquanto me leem, como quem diz "sim, sim, há momentos em que também me sinto chalupa. Não estás só, Tella.") Bom, na verdade, a minha doideira tem um fundo científico. Descobri que - preparem-se -  os tetravós do meu avô paterno são os trisavós da minha avó materna.  (Dou-vos um segundo para desfazer o nó no cérebro e... já está.) Há ali níveis de consanguinidade, que, relembrando o Ricardo Araújo Pereira naquele sketch sobre "Os Maias" , podem indicar que as famílias vindouras possam ser tan-tan da cabeça. Reconfortou-me saber que os meus cheliques me ultrapassam e que a culpa não é minha. É do ADN e não há portanto nada a fazer. Resta-me aceitar o meu património genético, pensar no emoji com as duas mãos a a

Uma estreia para o Pedro

Como este sítio já foi um baby blog onde fiz todos os registos "a primeira vez", venho aqui atualizar a lista, dizendo que o Pedro teve a sua primeira negativa.  Ele ainda não sabe, mas ficará de rastos. 

Quando é que sabes que tens filhos crescidos?

(Ou que estamos gordos?) Não conseguimos subir os quatro no elevador do prédio. Ele apita e um tem de sair.  Está bonito, está... 

Leitura de 2024/4

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 "A Lua e as Fogueiras" - Cesare Pavese Num meio rural, na Itália do pós-guerra, conhecemos a história de um homem que regressa à aldeia onde cresceu enquanto órfão, depois de uma estadia longa nos EUA. Anda pelas estradas e casas por onde andou em criança e vai ouvindo as histórias que perdeu durante a sua ausência. "Era estranho como tudo estava mudado e no entanto igual". O livro está carregado de nostalgia e de uma certa tristeza. " Tinha voltado, tinha aparecido, tinha feito fortuna, mas as caras, as vozes e as mãos que deviam tocar-me e reconhecerem-me já cá não estavam. Há já muito tempo que cá não estavam." Gostei. 4 estrelas. 

O Pedro já fez 14

 Ontem, dia 21, o Pedro fez 14 anos.  Está incrivelmente adolescente. Pediu uns ténis como prenda e um único bolo de anos para partilhar com a equipa de futsal.  Não me deixou partilhar nenhuma foto dele a dizer "14 anos de ti, Pedro".  Oscila entre o zangado e o eufórico. Tudo é uma seca. Estar com os pais é seca, ver um filme é seca, estudar é seca, a escola é seca, falar com adultos é seca, fazer qualquer coisa é seca and so on. Tudo, basicamente, o aborrece.  Apesar disso, quando não está a canalizar os males que o assolam para mim ou para os outros, é um puto muito fixe, com sentido de humor e decidido. Não dá nas vistas. Passa despercebido para aqueles que não aprecia. Quando gosta das pessoas,  faz-se ver.  Nas minhas pesquisas sobre os nossos antepassados, encontrei uma foto de um bisavô.  Mostrei-lhe e foi ele que me chamou a atenção para as parecenças físicas entre ele e o seu tetravó. É incrível, de facto. Agora, olho para ele e vejo a família do meu avô materno. E

Leituras de 2024 /3

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 "Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo" - Haruki Murakami Como ex-corredora, ando sempre à procura de alguém que me fale de corrida para tentar reencontrar-me com a vontade de correr porque tudo era muito melhor quando corria.  Depois de ouvir já não sei quem a falar deste livro, quis lê-lo. Na introdução,  lê-se "este é um livro sobre o que falamos quando falamos de correr e de corrida".  Entusiasmou-me novamente para a corrida. Lembrei-me do foco e da disciplina e do bem que nos faz. Pena estar ainda de baixa (desportivamente falando) por causa do ouvido... 3 estrelas. 

Leituras de 2024 /2

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 "Contos da Montanha" - Miguel Torga Quando a RTP estreou a adaptação dos episódios de "Contos da Montanha ", decidi ver. Gostei, mas só vi o primeiro: "A Maria Lionça" (A ver se me lembro de ver os restantes.) Quando acabou, fui imediatamente ler o texto do Torga para comparar. Gostei ainda mais, claro. Que escrita! E eu que nao sou grande fã de contos, fiquei com vontade de ler mais. Estou desde Outubro ou Novembro de 2023 a ler os 23 contos que compõem o livro. São muito bons. Retratam as ações dos homens e mulheres num Portugal rural e pobre. Uns são tristes, outros trágicos e uns cómicos. Gostei bastante.  4 estrelas, que são 4,5.  Deixo aqui esta passagem que remete, no meu imaginário,  para a vida difícil dos meus antepassados nascidos em Trás-os-Montes: " "Quatro meses de invernia, sem uma aberta, sem uma réstia de sol, nevões, e, agora, aquele dilúvio seguido! O gado a morrer de fome nas lojas, a povoação sem um graveto de lenha para se

Leituras de 2024 /1

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1° livro: "Olá, Linda" de Ana Napolitano. Nunca teria lido o livro se não fosse a Pipoca Mais Doce e uma conhecida a falarem dele nas suas redes sociais. O Goodreads dá-lhe uma boa classificação e eu, ingénua (que os anos passam, mas eu não mudo!), confiei nisso tudo.  O livro é mau, uma verdadeira pastelada de 4 irmãs muito unidas, mas que afinal não o são e de uma mãe (parva, frustrada ou desistente?) cujas ações nunca chegamos a perceber ou a subentender. Não chega a entreter porque é enfadonho e pouco credível. Estive para desistir no início, mas depois a coisa melhorou um pouco e continuei. Esteve sempre, no entanto, na parte negativa.  2 estrelas.