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A mostrar mensagens de abril, 2020

Dia 46

Hoje há pouca coisa para dizer. Quer dizer, podia aqui relatar as coisas do dia mas não tem graça. Mas já que passaram por cá, tentemos. Uma aluna, a despedir-se da aula, disse-me "gosto de si stôra". Fofa. Também gosto dela mas não lhe disse. Cliquei no botão "encerrar reunião ". Não me interpretem mal, que até sou uma prof de afetos. Foi tudo uma questão de timing . Eu sou assim na vida: raramente faço um match de forma correta. "Vira à esquerda" e eu viro à direita. Telefonam, quero mesmo atender mas deslizo o botão "desligar". "D o you want to save this doc ?". Eu clico "no" e são uns nervos, ai senhores, que nem vos digo nada. Imagino-me no Tinder e era um caso perdido. Era fazer match com aqueles que dizem "andei na universidade da vida" quando queria mesmo aquele naco todo fit de olhos azuis e 10/15 anos mais novo. Quer dizer, acho que é assim que funciona a aplicação: tens de fazer match com outros, p

Dia 45

Ainda não falei do pai cá de casa nestes dias de isolamento. Estando em lay-off pré-desemprego, tem tido tempo para fazer tudo. Eu ajudo-o quando dá. Tornou-se o arquétipo da dona de casa dos anos 50-60-70. Ao almoço, já só pensa no que vai fazer ao jantar e ao jantar, já esta inquieto com a refeição do dia seguinte. Já fez um pouco de tudo: do pão à sobremesa, da pizza ao prato vegetariano, do peixe assado ao lombo com molhos xpto. Enfim, enche-nos de calorias saborosas.  Neste confinamento, à semelhança de uma matrioska, vive confinado na cozinha, com poucos horizontes, facto que o aborrece. Por isso, tem alargado perspetivas e tem saído até ao corredor onde tem estado a betumar o chão. Prepara-se para nos tempos mortos, fazer uma parede de bladur no nosso quarto. A casa está sempre um mimo com ele mas enfim, aquele chão... Por enquanto, benzadeus , não se vislumbra emancipação. É que há uma família e uma casa para cuidar.

Dia 44

Pergunta: até quando é que vou manter este diário?  Acabo no fim do Estado de emergência? Acabo quando regressar presencialmente ao trabalho, lá para julho, por causa dos exames nacionais? Acabo quando regressarmos à normalidade, lá para as calendas?  Acaba quando for à rua todos os dias?  Acabo quando me faltar a inspiração? Acabo quando escreverem nos comentários - sim, eles também existem nos blogues - " oh Tella, se quiséssemos diários, íamos ler o da Anne Frank " ? Acabo quando tiver informação suficiente para ver a minha evolução enquanto ser num contexto excecional como este?  Acabo quando estiver farta? Acabo quando escrever muitas vezes seguidas "mais do mesmo, um dia encalhado entre o ontem e o amanhã" .  Acabo quando?  Em calhando, dir-me-ão vocês, acabo quando quero. Também pode ser, que isto não é nenhuma obrigação estipulada pelo psicólogo cujo nome desconheço e cuja experiência nunca tinha ouvido falar e que, sinceramente, duvido bastante. 

Livro 14 - Pedro

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A  vontade de ler Lucky Luke continua. Preferia que ele mudasse de género mas não me imponho.

Livro 7 - Tiago

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"O início do livro é confuso e estava um pouco perdido porque não apareceu logo o James. Mas depois percebe-se e é muito fixe."  Os livros da Cherub nunca falham, nem a Wook a entregar livros em 24 horas. Hoje chegam  mais dois. 

Dia 43

1. Há dias em que acho que nada faz sentido, que detesto dar aulas online, que não estou a ensinar nada, que não estou a aprender nada também, que sou má mãe e má esposa, que não ligo a ninguém, que já chega de isolamento social, que me quero rir com os meus colegas, que aquela reunião de amigos às 18h, às sextas no zoom e com um copo na mão não basta, que está tudo desarrumado e que aquele chão pá, filho da mãe, está sempre sujo.  "Deixa-me beber para esquecer" é o leme desses dias de neura. 2. Há dias em que acho que olha, é a vida, o que havemos de fazer? Estamos aqui e aqui temos de estar e bola baixa que tenho é muita sorte, um emprego com ordenado certo, em tempo de Covid quase que parece um privilégio. Basta olhar para o pai cá de casa e nem me estou a queixar disso que temos é muita sorte. O pior é o chão sujo verdade seja dita, mas também é de ter em conta que somos 4 + 2 gatos.  "Haja vinho" é o leme desses dias de sujeição. 3. Há dias em que a

Dia 42

O meu avô materno foi o homem que me iniciou nas cartas. Com ele aprendi  a jogar à bisca, às orelhas e à batalha. Falou-me da sueca mas nunca jogávamos porque éramos só 3.  Já o disse há uns tempos, raramente estava em casa mas quando estava, jogávamos durante horas às cartas. Ele era batoteiro e ria-se sempre muito quando o fazia. Era das poucas vezes em que a minha avó também se ria com ele. A minha avó esquecia tudo quando éramos os 3  a jogar e a rir, no meio de muitos palavrões da minha avó, típica mulher do Norte. "Ó foda-se" ou " Filho da punha" como ela dizia. Puta era só para a outra. Ele fazia mil truques de magia com as cartas. Ficava fascinada com aquilo e quis sempre que ele me dissesse como o fazia. Nunca o fez. Enganava-me com contas que eu nem entendia e fazia-me crer que era uma coisa de números e de magia. Ria-se da minha ingenuidade. Eu ria-me também mas às vezes ficava aborrecida por não entender como. Hoje e somente hoje é que me lembre

Livro 13 - Pedro

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"Este é mesmo giro".

Dia 41

Há pessoas para quem o dia mais importante do ano é  o dia de anos, o dia do nascimento de um filho ou o dia de Natal. Para mim, é hoje: 25 de Abril. O dia que nos deu a possibilidade de abraçar o mundo da forma que quisermos será sempre para mim um dia luminoso. Este é o dia em que me emociono com o Zeca, com os poemas do Manuel Alegre, com as imagens do povo a gritar "Vitória, Vitória ", com o Salgueiro Maia, o meu herói para todo o sempre, com as imagens a preto e branco do arquivo da RTP, com as frases que fizeram a nossa revolução, com quem diz "25 de Abril sempre " com a voz embargada. Hoje é o dia 1 de todos os outros dias.  Hoje, no dia mais importante do isolamento, compraram-se 4 cravos, aplaudiram-se alguns discursos da AR, vaiaram-se outros, cantou-se o Grândola à janela com duas colunas a acompanhar, viu-se um documentário sobre o nosso super-herói, fez-se um almoço especial com vinho ainda mais especial, cantaram-se músicas de intervenção com o

Dia 40

Cheguei ao meu quadragésimo dia de isolamento social.  No dia 1, acreditei que iríamos retomar as nossas vidas dentro de 15 dias, que estaria a iniciar o terceiro período na escola e a perspetiva de ficar uns dias em casa era encarada como positivo. Pensei que ia correr todos os dias, que ia dar uma volta às coisas cá de casa, que ia ler mais, que ia ver mais filmes e que íamos estar sempre felizes e contentes.  Não podia estar mais enganada. Percebe-se que os oráculos não são uma ciência que domino. Errei em todas as frentes. O tempo passou rápido ou devagar? Não sei. A sucessão de dias quase todos iguais dificulta a resposta. Arrependo-me não ter ido para a aldeia antes do estado de emergência. Teria sido mais saudável para todos, pois há uma eira, uma horta, um páteo. Fechados num apartamento sem varanda, tornamo-nos mais cinzentos e aborrecemo-nos mais rapidamente connosco e com os outros. Estou quase a acabar o isolamento, por decreto próprio de mim para mim. A partir de a

Dia 39

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A Fifi morreu há precisamente um ano.  Há quem diga que não há amor como o primeiro. No caso dos gatos, quase que posso assegurar que é verdade. A Fifi foi (é) a gata do meu coração. Os outros de quem cuido e de quem eu gosto não são nem nunca serão a Fifi. Falta-nos qualquer coisa. Ela quase que me obrigava a deitar na cama quando chegava à casa para me dar beijos. Era assim tipo um melaço pegado.  Tínhamos uma ligação que achava impossível entre um humano e um felino.  Foi uma gata única. Como o Zorbas , gata boa, gata nobre.   Em tempo de isolamento, constatei que o Pedro se abraça mais ao James do que a nós. Têm uma ligação que também achava impossível entre uma criança e um gato. O meu mais novo não gosta de abraçar pessoas ou de ser abraçado durante muito tempo mas não o larga. Até se torna aborrecido, o moço. Ele faz gato sapato do bicho. Abraça o James minutos seguidos, de olhos fechados;  fala com ele; dá-lhe colo, faz-lhe festinhas a toda a hora; transporta-o para to

Dia 38

Hoje foi o dia em que larguei os chinelos. Duas amigas já tinham mencionado o problema, mas achei que eram princesas como aquela da ervilha. (Peço um minuto de silêncio pelas crianças que têm ainda de levar com este conto e os seus estereótipos de género na escola...)  "Chinelos a magoarem os pés? P'lamor de deus!" - pensei eu. Pois, mas lá está, tive também de os largar porque estavam a magoar-me horrivelmente a sola dos pés. Ando de ténis (lavados) em casa. Não bate certo, eu sei, mas o que bate certo neste momento? Já que o tópico de hoje está centrado nas zonas do corpo, vou aproveitar para dizer que tenho tido uma pontada nas costas quando acordo, dando a antever que me falta pouco para sair da cama a coxear e claro, com uma mão no rim /anca, tal como vejo na tevê.  Mas há mais. Os ouvidos estão muito aquém da sua eficiência. "O quê? Disseste onde está o Jeremias?" - perguntava hoje a um aluno. Do outro lado do ecran, oiço "

Livro 12 - Pedro

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"Uma BD por dia nem sabe o bem que lhe fazia."

Dia 37

Um, dois, som. Som, som, experiência. Estão a ouvir-me? Ótimo.  Não quero interferências  no que vou dizer. Estou saturada, cansada, enjoADA, FARTA DISTO TUDO! Ele é aulas online das 8h10 ou 8h55 às 16h00; ele é corrigir trabalhos e mais trabalhos, ele é criar materiais que pensas que vão resultar online para depois perceber que não resultam, ele é os emails deste e daquele e aos quais tens de responder; ele é a net que falha quando estás a dar aulas; ele é a sensação que não estás a ensinar nada; ele é o rabo sentado horas seguidas em frente ao PC; ele é a falta de liberdade e ele é o chão sempre sujo, embora diariamente limpo. Será este, quiçá, o grande mistério do isolamento social quanto a mim: como e por que razão se suja tanto o nosso chão?  É caso para dizer, hoje mais do que nunca (e ainda não chegamos às 18h): haja vinho!

Dia 36

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Em tempo de Covid, há uma moda à qual este blog se junta: mostrar gráficos. Embora o meu seja fútil e inócuo, ao contrário dos outros, vou partilhar o meu gráfico  para verem que tive numa semana, entre dia 14 e hoje, trigésimo sexto dia de isolamento ,  795 pessoas a passar por cá. Uau, há pelo menos 100 pessoas por dia a lerem-me.  Cresci enquanto blog.  Fico pasmada e na verdade não percebo bem o porquê desse aumento, que isso, enfim, é só um espaço onde sou bastante eu e esse eu  nem sempre tem coisas notáveis para relatar ou refletir. Como o que escrevo não tem assim tanto interesse e tendo em conta que não ofereço giveaways , chego à conclusão que em tempo de  Covi d, quereis   ocupar o tempo com coisas que vos fazem pensar pouco. Este blog é ótimo nesse aspeto: não se leva a sério, não aborda temáticas fraturantes como se o Parlamento deve ou não celebrar o 25 de Abril, e vá, ajuda a passar o tempo.  Obrigada caros leitores por estarem aí. Prometo continuar a escrever sem diz

Livro 11 - Pedro

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(E conta-me pormenores sobre as personagens. Tédioooooo, que não gosto muito do Lucky Luke.)

Dia 35

A consistência não é nenhuma virtude, sobretudo em tempos de isolamento.  Ora vejam. Ponho em causa o que disse há 1 dia ou há uma hora, renegando as minhas ideias que até há pouco eram geniais. Tomo decisões irrevogáveis que nos minutos seguintes são esquecidas. Digo uma coisa e o seu oposto na mesma frase, quase, já sem saber se sim ou se não ou se sopas. Faço desporto até quase não ter forças e como bolachas de chocolate e fatias de panetone em abril. Penso que tenho de reduzir o consumo de álcool mas encomendo 12 garrafas de vinho. Tenho cartas para ganhar uma volta na sueca (ou lá como se diz, que sou pouco de termos técnicos) mas sem me aperceber faço renúncia e dou 4 pontos de mão beijada aos adversários, velhacos.  A sério, será que a inconsistência é o sinal que me mostra todo o meu verdadeiro eu: uma pessoa que não joga com o baralho todo (metafórica e literalmente falando)?  Dia 35 foi sobretudo isso.

Livro 6 - Tiago

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"Acho injusto. O stôr de português disse-me que tinha de fazer uma apresentação de um livro mas não aceita os da Cherub."

Dia 34

Já não consigo estar em casa, mas remédio, tenho de aguentar. Tenho a ideia, errada de certeza, que anda tudo na rua menos nós.  Não fazemos passeios higiénicos. Cada um sabe de si. Cada um faz o que acha que deve fazer.  Aos fins de semana, não há nada para fazer, nem o livro , nem a TV, nem a sueca, que perdemos invariavelmente, malandros, me despertam atenção. Que vazio. O que faço? Durmo o dia todo. Sinto-me um urso a querer hibernar e a querer acordar, já numa primavera normal.  Quando se passa o dia a dormir, mesmo que seja depois do trabalho, parece que o tempo passa mais rápido. As horas passaram e não as vimos. Parece que elas foram subtraídas ao tempo de isolamento, faltando assim já pouco tempo para o dia seguinte e para o outro e ainda para o outro, até se chegar ao fim. [suspiros] Estou fartinha desta vida suspensa, sem sentido.  Vamos ficar assim quanto tempo?  Já chega, não? [Há dias assim, onde nem o vinho alegra.]

Dia 33

Foi o dia em que ouvi o meu filho mais velho dizer ao meu filho mais novo "Que seca, estás sempre a ler agora!". Foi também o dia em que tive um intruso numa sala de aula e não gostei nem um pouco. Foram 30 segundos que me lixaram. Como é que conseguiu  entrar?  Foi ainda o dia em que uma colega veio cá à casa buscar uma coisa que precisava e que eu tinha e ficámos na rua a falar uma com a outra, respeitando a distância mas sempre a dar ora um passo em frente ora um passo para trás. 

Livro 10 -Pedro

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Diz que gostou de conhecer o Lucky Luke criança. 

Dia 32

Morreu o Luís Sepúlveda. Acabei de ler um livro dele ontem e hoje morre. Que estranho. Foi torturado e sobreviveu e veio a merda de um vírus e não sobreviveu.  [Se ouvir alguém a dizer mais uma vez  "que vamos todos ficar bem" ou que "estamos todos juntos" e o c*r*lho a quatro, fod@-se, juro que a mando dar uma volta ao bilhar grande. Já não se aguenta. Pardon my french. ] O  Sepúlveda foi iniciático para os meus filhos, mas sobretudo para com o Pedro. Começou a gostar de ler com este escritor. S empre valorizei as pessoas que fizeram bem aos meus filhos. "Quem meu filho beija, minha boca adoça". Ele foi um deles. Alargou-lhe o mundo e mostrou-lhe  que se podia sentir emoções através das palavras. Escritor bom. Escritor nobre. Como o Zorbas. O dia 32 foi sobretudo isso e uma festa de anos no Zoom com muito riso. 

Livro 9 - Pedro

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Mais uma BD de Lucky Luke. Parece-me que descobriu algo mais interessante do que os écrans. Há uma luz no fundo do túnel. (As aulas dele acabaram ao meio-dia e ele foi agarrar mais uma BD).

Dia 31

De acordo com o meu filho mais velho, que estuda na mesma escola onde leciono, ainda não utilizaram a minha imagem/foto das aulas online para me transformar num meme. Tenho algumas considerações:  1) A sério, fazem coisas dessas com  os professores? Não entendo esta geração. Está perdida.  2) O rapaz pode estar a mentir para proteger a sua rica mãe; 3) Sentindo um certo pudor, os colegas deles podem ter criado um grupo de whatsapp chamado "grupo sem lápis azul" ou se calhar uma coisa mais simples, tipo "aki metesse todos os stores "  para partilharem memes meus, enganando o meu rico filho e a sua rica mãe; 4) Não sei se é bom ou se é mau não ter nenhum meme. Se existe uma galeria de memes da minha escola, quero lá estar.  Ou será que não? 5)  Pensando bem, não sei muito bem o que é um meme e nem sei por que razão lhe dedico quase um post. Quer dizer, é falta do que escrever e sabem que eu tenho de manter este registo diário se quero ver a minha evolução

Livro 13 - 2020

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"O Velho que lia Romances de Amor" - Luís Sepúlveda.  O Pedro começou a ler este livro mas disse logo que era um livro para adultos. Entregou-mo como quem diz "não o vou ler mas vais tu".  É uma fábula sobre a natureza, uma verdadeira ode à Amazonia. Graças à descrição, vemos a vegetação densa, sentimos a humanidade da floresta  e ouvimos a força da chuva a cair.   É também uma ode ao velho que lia romances de amor para se abstrair da estupidez humana que não sabe viver com a natureza. 

Dia 30

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O 3° período começou.   Às 8h10, o Tiago estava a marcar presença numa aula de Português. Às 9h00, começou o Pedro e eu às 8h55. Tive muitas vezes uma infiltrada nas aulas via Zoom. Vide foto em anexo. Vimos a série "Unorthodox " e recomendo vivamente mas ainda não vi aquele filme turco da cela 7. Parece que sou a única pessoa que ainda não o viu e que ainda não escreveu numa rede social "tingo tingo" ou "lingo lingo", seja lá o que isso for. Mais nada a reportar. Até amanhã.  (Eu sei que querem mais mas não puxem por mim ou terei de falar de um dos tópicos não cumpridos do dia 29 que me deixa envergonhada mas saciada, verdade seja dita, e não me apetece nada porque escolhi uma má altura para pensar que ia cumprir tal coisa, porque chegaram hoje, logo hoje, duas grandes encomendas de produtos de uma vinha alentejana e uma mulher não é de ferro, bolas, é de carne e...raios, não puxem por mim que eu começo a desbobinar e não me calo. Pensem q

Dia 29

A véspera do regresso às aulas, numa situação como esta, raia a loucura. Estava a ver que não aguentava as reuniões, os emails e os telefonemas. Estou de dieta e vou tentar não ingerir pão, queijo e vinho. Não sei se aguento. Estive uma hora e tal na elíptica. Dei tudo e aguentei até ao fim as coxas em sofrimento.  Bem, tirando isso, que mais há a dizer? É a vidinha a passar e nós vemo-la passar, sem sorrir ou acenar desta vez e sem conseguir mergulhar nela. Enfim, nada que não aguentemos, certo?

Dia 28

Hoje é dia de Páscoa.  Quis que fosse um dia especial. Fiz um almoço diferente: uma mariscada, muitíssimo bem regada e com direito a sobremesa. Não podia ser igual aos últimos 27 dias.  Estamos a ouvir música à janela e a dançar na cozinha há 3 horas. Celebremos o quer que seja! Eu não sou católica. Não creio em nada, sem ser nas pessoas e até esta fé começa a fraquejar. Hoje, estranhamente, acredito que o dia de amanhã seja melhor. Dizem que alguém, há quase 2000 anos, morreu por nós.  Digo: "Não pode ter sido em vão".  A música do Martim da Vila tocou há pouco e  dizia "Canta, canta minha gente / deixa a tristeza para lá / canta alto e forte / a vida vai melhorar / a vida vai melhorar". Chorei.

Livro 8 - Pedro

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Ando há anos a fazer com que eles leiam o Astérix. Não consegui até agora. O pai cá de casa disse-lhe apenas uma vez "Experimenta a coleção do Lucky Luke. Vais gostar".  Experimentou e gostou.  Deu-lhe 4 estrelas. 

Dia 27

Hoje, alguém perguntava, neste blogue , qual a primeira coisa que vais fazer depois desta coisa que estamos a viver, deste isolamento que nos moí a cabeça e rebenta com o fígado? Não foi muito difícil encontrar a resposta: marcar jantares com aquelas pessoas com quem temos estado a adiar jantares porque " neste sábado, não dá; para o outro, o Zé Carlos não pode; então depois combinamos ". E já sabemos que na maior parte das vezes esses jantares são deixados para as calendas gregas. Não. Hei de marcar uma data e o Zé Carlos e a Maria Albertina estarão presentes.  Adiei tantos jantares, ou seja tanta conversa boa, tanta partilha, tantos risos, tantas memórias. É sobretudo disso que tenho saudades: de estar com a família e amigos, à mesa.  Tirando esta questão que me ocupou grande parte do tempo, pelas saudades que provocaram, fui gerindo o dia de hoje  encalhado também ele entre o ontem e amanhã , e com um copo de vinho tinto na mão que é mais chique e menos doloroso

Dia 26

Já percebi que criei uma nova Tella, uma Tella dos dias de isolameto, diferente da Tella dos dias normais. Já tenho umas espécies de rotinas, mas são só para mim. Eles fazem mais ou menos o que querem, desde que realizem as suas tarefas e que tenham um tempo dedicado à leitura. Não me apetece gritar ou aborrecer-me, ser a mãe chata nestes dias em que estamos sempre juntos, com regras. Ando a escolher as minhas batalhas e na verdade, optei por ter agora um tempo de tréguas. Não querem fazer desporto comigo? Tudo bem. Querem jogar PS durante horas? Força. Não querem comer fruta nesta refeição? Menos trabalho para mim a descascá-la. Querem hibernar no quarto a ver Netflix no telemóvel? Acho bem que vou fazer a mesma coisa. Querem jogar online Minecraft com os colegas da escola?  Claro, é tão bom ter amiguinhos, não é? Tudo isso inquieta a Tella normal mas a Tella do isolamento não quer saber. Acordo, vou responder a uns emails, preparo mais umas coisas para as minhas aulas, que ser

Dia 25

Enquanto fazia uma sopa de couves como aquelas da nossa aldeia, ouvi-me dizer, para nenhuma pessoa porque estava sozinha, "a sopa mete cobiça". Percebi  que estava a cozinhar alguma coisa boa e com prazer , pela primeira vez, em 25 dias,  Treinei muito, durante uma hora e meia. Senti, pela primeira vez em 25 dias, aquela coça quase parecida às minhas aulas de Treino Militar. Soube bem. O Tiago treinou bastante também. Senti, pela primeira vez em 25 dias, que tinha esgotado a sua energia. Esteve ligeiramente mais contido.  Abri o frigorífico e reparei que estava outra vez vazio. Percebi, pela primeira vez em 25 dias, que mais vale sustentar um burro a pão-de-ló durante o isolamento social do que estar com um (pré-)adolescente em casa. Os miúdos estiveram outra vez muito tempo ligados aos ecrãs. Percebi, pela primeira vez em 25 dias, que não se vão fartar deles em nenhum momento do isolamento. Tive novamente uma reunião de trabalho e foi aborrecida.  Nada

Coisas boas* do isolamento social - XIII

Não teremos que suportar as festas de encerramento do ano letivo nas escolas dos nossos filhos.  [*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 24

Não tenho corrido grande coisa embora até me apeteça. Podia calçar os meus ténis e ir mas não me parece correto fazê-lo. Não me cruzo com ninguém, é certo mas se dizem que é para ficar em casa, tenho de ficar em casa. Depois das poucas corridas feitas nestes últimos 24 dias, senti sempre um certo peso na consciência por ter ido, que era ainda maior se o Guedes de Carvalho apresentasse o telejornal. Por isso decidi comprar um equipamento desportivo (que ocupa imenso espaço cá em casa). Chegou hoje a bicicleta elíptica e foi o auge do meu dia. Podia agora falar sobre a necessidade do desporto para me manter mais ou menos equilibrada para justificar uma compra relativamente fútil em tempos de incertezas. Mas não o vou fazer para não estragar o ambiente e para evitar eventualmente alguns revirares de olhos da vossa parte. (Estão proibidos de escrever comentário tipo "eu também tenho uma no sótão e só a usei uma vez"! Ainda estou na fase de encanto. )

Livro 12 - 2020

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"O Gesto que Fazemos para proteger a Cabeça" - Ana Margarida de Carvalho. Foi-me oferecido no Natal e quis guardá-lo para ler na Ilha porque sei de antemão que a autora -  dona de um estilo próprio de quem domina com mestria a língua portuguesa - escreve romances que requerem tempo, esforço e concentração. É livro da Ilha.  Quis porém as circunstâncias atuais que o lesse agora. Fiz mal. Mas pronto, não se chora em leite derramado.  Este livro, que tem apenas uma frase por capitulo, é difícil de ler e senti nalguns momentos que perdia o fio à meada. O livro vive muito da escrita da autora, da estética, da escolha das palavras, das imagens e figuras de estilos, das frases que são só uma, dos pensamentos contínuos, quase febris, sem início ou fim, dos diálogos das mulheres em que não vês rostos mas vozes sem saber quem fala ou quem responde, das histórias de várias personagens que vivem num Alentejo ventoso e outras num Alentejo húmido na década de 30. Pelo meio ou para

Coisas boas* do isolamento social - XII

Ando a escrever muito mais e a (re)descobrir que gosto bastante de escrever.  Nestes dias de introspeção, em que tudo nos passa pela cabeça, passou pela minha a ideia de fazer um curso de escrita criativa, assim só para ver como é. ( Acho que nunca contei que por volta de 1991 / 92, comecei a escrever um livro num caderno A4 verde. Fiquei-me por  5 ou 10 parágrafos - não me recordo da extensão -  porque percebi que não era esse o caminho a seguir. De todo. Mas há vontades de criança que ficam cá para sempre, nem que seja para sorrir quando nos lembramos delas. Este blogue, onde se escreve coisas pouco interessantes e nem sempre notáveis, é uma réstia desse sonho.) [ *...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 23

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Ainda este dia era uma criança e já estava a ser merdoso. Encalhada entre um dia e outro, resolvi ontem, na loucura, beber um xícara de café Mokambo, às 22h30.  Estava à espera de quê, huum? Que a cafeína não fizesse efeito, quando a publicidade é bastante explícita, tipo "Diga bom dia com Mokambo..." ?  Percebi por que razão a música não diz "Diga boa noite com Mokambo..." Isso mesmo, não consegui pregar olho. Eram 3 da manhã e eu acordada. Mas não foi uma assonia qualquer. Foi uma insónia de isolamento social, daquelas do demo, que nos leva por caminhos enviesados, como bem sabeis. Parecia a Joana D'Arc a ouvir vozes na cabeça.  Levantei-me então abruptamente, por volta das 3h30, e fui molhar 2 bolachas duplas com recheio de chocolate numa outra xícara de leite de soja. Sem culpas nem nada. Parecia o CR7 com o seu "quesefoda". De manhã, as coisas não melhoraram. A casa, mais uma vez, estava cheia de pêlos, cabelo e cotão. Varri, aspirei e l

Coisas boas* do isolamento social - XI

Com a pandemia, vemo-nos recolhidos em casa mas também dentro de nós. Somos obrigados a olhar para nós e a encarar quem somos.  Há uns anos, a Carolina disse que ninguém conhece ninguém, nem a si próprio. É verdade mas acho que agora, conseguimos conhecer melhor quem somos. O isolamento social ajuda a desmascarar aquela estranha que, afinal, ainda habita em nós. Isso é bom, a não ser que haja um psicopata aí algures escondido, claro.  (Acho piada porque leio vários blogues onde a conversa é muito idêntica: " pensava que era assim e afinal sou assada "; " sou uma pessoa aqui e outra acolá" ; "nem me reconheço ";  " pensava que era muito cool e afinal sou rígida"; "era muito picuinhas e afinal estou -me a borrifar para tudo", etc.)  No meu caso, pensava que era e seria uma sobrevivente e afinal percebi que sou e serei das primeiras a morrer em combate.   (*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.)

Livro 7 - Pedro

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Deu-lhe 2/3 estrelas. Não gostou porque "não tem piada". 

Dia 22

Quando sentes que estás entalada entre  a véspera e o dia seguinte e que é tudo mais do mesmo.

Coisas boas* do isolamento social - X

Beber um copo a mais ao almoço e poder dormitar no sofá logo de seguida. Ou seja, curti-la.  *[...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 21

Ando a acordar tarde porque me deito tarde também. Não gosto de fugir às minhas rotinas mas não consigo alterar as coisas para poder voltar a elas. Os miúdos também estão desorientados.  No início dessa coisa, estabeleci coisas. Escrevi numa folha 5 ou 6 regras básicas, tipo acordar antes das 10h, fazer exercício antes do almoço, ler 30 minutos por dia, etc. Sabem o que respeitamos? Nada.  E assim se vai gerindo o dia. 

Coisas boas* do isolamento social- IX

Temos tempo para ficar esticados no sofá sem fazer absolutamente nada e não pensar nas coisas que deveríamos estar a fazer em vez disso. Ou seja, sem remorsos ou culpa.  *[...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 20

Quando estamos todos na nossa bolha, aproveito o tempo para pensar, tecer enredos, divagar. Não estou a conseguir ler muito. O meu pensamento divaga para fora da prosa e cria a sua própria prosa. Antes dessa coisa, o que queríamos? Melhor, o que queria? Queria mudar de vida, mudar de profissão, mudar de escola, mudar de roupas, mudar de atitudes, mudar de casa, mudar de cidade e até mudar de país, se tivesse de acarretar mais uma crise por causa da banca.  Queria mudar o meu corpo: menos gordura, mais músculos.  Queria mudar de feitio: mais tolerante e menos bruta; mais racional e menos emotiva.  Queria mudar os outros também: o meu pai, que come muito e escreve disparates nas redes sociais; o Pedro, que vive numa bolha e quero mais presente; o pai cá de casa, que lê pouco e fuma. E agora, o que quero? As minhas respostas devem ser muito parecidas com as vossas. Andamos todos no mesmo mar, certo? Percebi que não quero nada disso. Nada mesmo. Quero

Coisas boas* do isolamento social - VIII

Conseguir controlar o cesto da roupa suja, mantendo-o sempre num nível baixo. [*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 19

Acordei e fiquei à janela a apanhar sol, de olhos fechados, tentando esquecer que estava num apartamento sem varanda. Cheguei a ouvir um pássaro e foi isso que me deu vontade de ir correr. Não tenho ido correr porque tenho levado à letra o #ficaemcasa.  No dia 19, achei que podia ir, que devia ir. Combinei com o meu mais velho e fomos correr à volta do quarteirão em frente à nossa casa. Cada volta tem 650 metros. Fiz contas rápidas: 10 voltas, 6,5 km. Siga. O Tiago fez 1.200 km e que não conseguia mais, que lhe doía o peito, que estava a sentir uma coisa no pé, que não conseguia respirar e mais o diabo a quatro. Foi para casa. Que menino! Continuei, dei mais uma volta e senti-me um rato preso numa gaiola a fazer voltas absurdas numa roda. Desci em direção ao Tejo então. Vi o sol a bater no rio e ganhei ânimo. Soube bem, muito bem mas atrofiou-me. Fui recordando outras corridas, com a Carolina ao meu lado. Daquela necessidade de contar a nossa semana uma a outra, para deixar as coisas m

Livro 5 - Tiago

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" O Sonâmbulo" - Robert Muchamore, da coleção Cherub. Deu-lhe 4 estrelas. (E já encomendei os 2 próximos volumes da Wook).

Coisas boas* do isolamento social - VII

Perceber que a família que construímos, com muitas falhas, fragilidades e fraquezas - os nossos três Fs - é uma das coisas melhores que temos. Esta pausa serve também para olhar para dentro dos outros, no meu caso deles os três, e ver que as opções que foram questionadas em tempo fazem todo o sentido agora. Ou então constatar o contrário e perceber que é tempo de (re)construir outra coisa ou seguir em frente. [*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Coisas boas* do isolamento social -VI

Há muito mais sexo agora.  (Vá, não vamos desenvolver muito mais este post, não vá o pai, a mãe ou os sogros darem com isto). [...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 18

Que bom, passaram por cá embora tenha pouca coisa a dizer. Hoje tive reuniões a manhã e a tarde toda. Foi muito entediante, mais do mesmo. Há coisas que não mudam apesar do covid-19, o que é estranho.  O pai cá de casa acha que faço os diários destes dias de quarentena para vocês, caros leitores e leitoras. Para alimentar o meu público. Deixei-o viver na ilusão que a sua esposa é uma influencer da blogosfera durante mais uns segundos e lá lhe disse a verdade: não tenho mais do que 30 leitores diários, se tanto.  Na verdade escrevo porque, um, gosto de escrever; dois,  um psicólogo disse na televisão que era importante fazermos um registo destes dias, para podermos ver, posteriormente, o nosso crescimento interior nessa experiência bizarra e podermos também organizar ideias e pensamentos. Não percebi bem a coisa, até porque a tendência é fritar neurónios e não evoluir como ser mas pronto, vá, tentemos. 

Coisas boas* do isolamento social - V

A conta da água será decididamente mais baixa. Ando a criar dois rapazes giros...mas porcos. Os banhos escasseiam neste momento, levando a comentários muito simpáticos, tipo "Que cheiro pá. Vai JÁ tomar banho" ou "o teu cabelo está seboso."  *[...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Coisas boas* do isolamento social - IV

Estar longe daquelas pessoas que " blerg  não prestam", não lhes atender o telefone e poder dizer ao ecrã, numa clara demonstração de maturidade, "Pumba, incha catano" (e obviamente que eu nunca digo ou penso "catano" mas sim...isso mesmo. Já me conhecem tão bem! Que bom!) [*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 17

- E hoje Tella, como foi? - Igual ao de ontem e algo me diz que será muito parecido ao dia de amanhã. Mas veremos. Pelo sim, pelo não, passem por cá porque a quarentena, ou lá o que é isso, pode ser mais divertida assim. Ou não e está tudo bem. Tranquilo mesmo, como me disse um aluno referindo-se a um episódio ocorrido na casa de banho "professora, estava a fazer o meu cocozinho, tranquilo, quando ouvi o XXX a dizer que eu era...blábláblá".  Nota: Não consigo ler. A culpa não é do livro, que é bom e especial, ou da falta de tempo, que as aulas já acabaram, ou ainda do vinho que poderá turvar a vista durante algumas horas do dia. É do contexto. Não me consigo concentrar. Sentem isso também? 

Coisas boas do isolamento* social - III

Temos tempo de usar todos os cremes que vamos comprando ao longo do tempo mas que ficam escondidos atrás dos pensos higiênicos ou tampões. Ele é creme para os pés, esfoliante para o corpo e para a cara, creme anti-celulite de 2016, máscara de coiso de caracol, máscara para o cabelo e uma amostra para os cotovelos, que nem sabia que tinha. Ter os cotovelos hidratados é outro nível, a sério.  [*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.] (Nada a fazer! Não consigo tirar o fundo branco do texto.)

Coisas boas* do isolamento social - II

As nossas maminhas descobriram a liberdade e sem queimar soutiens como as nossas antepassadas. [*...porque é importante olhar para o copo e vê-lo meio cheio.]

Dia 16

Ando a deitar-me tarde por causa do "Corpo Dormente" no Instagram. É um momento diferente em que quase nos esquecemos do Covid e das suas consequências. Tem momentos absolutamente hilariantes. O pai cá de casa ia supostamente começar amanhã, dia 1, numa empresa nova, com melhores condições a todos os níveis. #sqn. Só que não. De repente, desemprego e lay-off fazem parte do dia a dia. Acreditei até ao fim, ou seja, até hoje, que sim, iam contratá-lo tal como estava estabelecido no pré-acordo. Mas não. Os unicórnios, Tella Marie, não existem, muito menos em tempos difíceis. Foi apanhado na curva. Fomos todos, certo?  Dizem que vai correr tudo bem mas não, não vai.  Nem estamos todos no mesmo barco. Li algures alguém a dizer que estávamos todos no mesmo mar mas em barcos diferentes. É isso.