Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2022

Sobre o arranque do ano letivo

Conversa com o filho mais velho . -   Como correu o primeiro dia no 10° ano? Gostaste da turma? E os professores? Conta-me tudo. - Então foi assim... E falou do lugar onde está sentado, dos colegas que estão ao lado dele, dos nomes dos colegas novos, "e o coiso foi teu aluno, não foi? É um pouco parvo, não?", julgou pessoas, reproduziu as piadas dos professores, esmiuçou as características todas dos professores, elegeu o melhor professor do dia, falou dos sonetos que tinha de ler, do programa da disciplina de economia e continuou a falar de outros assuntos, mas tudo demasiado pormenorizado. Conversa com o filho mais novo.   -Como correu o primeiro dia no 7°ano? Gostaste da turma? E os professores? Conta-me tudo.  - Foi fixe. Marquei dois golos no intervalo.  - Só isso? Não há mais nada a dizer?  - Não. É tudo igual e não interessa.  

Livro 35 - "Vinte anos e um dia"

Imagem
 "Vinte anos e um dia" - Jorge Semprún Trouxe este livro da biblioteca porque tinha gostado muito do autor e de " A Longa Viagem ". Neste romance, uma família tradicional espanhola, ainda sob didatura franquista, decide realizar, pela última vez, a cerimónia em que se reproduze a execução do irmão mais novo às mãos dos camponeses revoltados durante a guerra civil.  Através das várias personagens da herdade e dos convidados, ouvimos as várias versões da história trágica que deu origem à cerimónia. Nestas revelações, está subjacente um ambiente erótico, violento e uma luta clandestina contra o  Generalíssimo . Não gostei muito do livro. Há momentos até confusos e menos interessantes sobre a luta clandestina comunista espanhola. Dei-lhe 2,5.

Livro 2 - Tiago

Imagem
 "Jogo Macabro" - Agatha Christie Obriguei-o também a ler um livro nas férias. Optou primeiro por um do Manuel Alegre, um livro de crónicas sobre o Europeu de 2004, mas ao fim de 20 páginas,  abandonou-o.  Aconselhei-o a ler este da Agatha Christie, que tinha sido prenda de anos dele. Gostou, mas achou algumas partes aborrecidas e até  confusas.  [Nestes adolescentes, os tik-toks e as partidas de FIFA serão talvez das poucas coisas que não os aborrecem e que fazem sem ser obrigados...]

Livro 5 do Pedro

Imagem
 A Odisseia de Homero - adaptação de Frederico Lourenço  Tinha de ler pelo menos um livro nas férias. Optou pelo livro de leitura obrigatória no 7°ano. Nunca tinha lido um livro tão extenso e, diz ele, "tão chato". Começou a ler em meados de Julho e acabou antes do regresso às aulas, ou seja, ontem.  O irmão disse quase a mesma coisa . 

20 anos

Tornei-me professora em Setembro de 2002, há 20 anos.  Comecei numa escola pública, no ano de estágio, com a Carolina e a Magda. Foi desafiante e lembro-me de querer desistir, mas de não poder fazê-lo porque tinha contas para pagar - quem nunca, certo? - e porque era preciso coragem para assumir que desistia logo à primeira.  No final do ano letivo, já percebendo que não ia ser colocada no ano seguinte - havia excesso de professores então - enviei centenas de CV para escolas privadas de Lisboa e Setúbal. Fui aos correios e paguei 4 contos  em selos (ainda pensava em escudos e foi essa a lembrança que me ficou). Apenas uma escola me contactou para ir à entrevista. Dois dias depois, na véspera do arranque letivo, fui contratada. Ainda estou nessa escola. Aprendi lá a ser professora, a gostar muito do que faço, a assentar a prática pedagógica nos afetos , a criar laços com os meus alunos, que me reconhecem e se lembram do meu nome quase 15 anos depois. Ainda este ano, em pleno noite de Sa

Quando é que sabes que não vais para nova?

Na reunião geral de professores, a nova colega de português, que se senta ao meu lado, é uma antiga aluna.  Numa esplanada, no spot 2 das férias, um antigo aluno reconhece-me, aproxima-se para me cumprimentar e tem um recém-nascido num sling. 

Este post pode ter varios títulos*

 Fomos correr, os miúdos e eu, no spot 3 das férias, num sitio bastante desconhecido, mas percebendo logo de imediato que seria sempre a subir. Eles começaram a correr com tudo e eu avisei que não era nenhuma competição e que não teriam depois forças para tudo. "Ya, ya, mãe,  fala p'ra aí que não te ligo". Não o disseram,  aí deles, mas pensaram-no. Continuaram assim feito loucos e eu a ficar cada vez mais para trás. Às tantas, voltam ter comigo, como fazia a Carolina quando comecei a correr, e puxam por mim. Que nervos! Voltei a avisar, mas eles estavam a querer correr tudo. Estavam, na verdade, a competir um com o outro. É sempre uma questão de tamanho de pila, com os homens. Que chatos! Correr nos trilhos, onde estávamos,  é apreciar a paisagem, mas eles não viram nem o mar do nosso lado direito a contrastar com o azul do céu, nem a serra ali presente. Interessava sempre ir à frente.  Verdade seja dita, correram muito e aguentaram o ritmo.  O Pedro, quando percebeu que

Livro 34 - " Uma Educação "

Imagem
 "Uma Educação " - Tara Westover Lemos, neste livro, as memórias da autora, Tara Westover. É uma mulher que cresceu numa família mórmon e disfuncional, nos EUA, que entrou numa sala de aula pela primeira vez aos 17 anos e que teve depois disso um percurso académico brilhante. É uma história pautada por radicalismo religioso, violência e loucura. Há porém um renascimento no meio disso tudo. Tara tornar-se-á numa nova pessoa, mas como muitos partos, este também foi difícil para ela.  " Podíamos chamar muitas coisas a esta nova identidade. Transformação. Metamorfose. Falsidade. Traição.  Eu chamo-lhe Educação. " Fico agora a pensar se o livro merece 4 ou 5 estrelas. Há coisas contadas que parecem mentiras ou surreais, como as cenas dos acidentes, por exemplo. Terá sido mesmo assim? Nunca foram ao hospital, mesmo naquelas condições, e sobreviveram? Ah, e ela aprende matematica sozinha? E consegue? A naba dos números que há em mim acha estranho e desconfia... Depois,  ch
Foi dia de ecografia mamária e mamografia. Detesto, todas nós detestamos, mas tem de ser.  Enquanto estou deitada à espera da médica,  não receio nada. Aguardo que ela chegue. Vou pensando em várias coisas. Quando faço esse géneros de exames, a minha cabeça divaga.  Começa. Por causa do gel e da sonda, os meus mamilos endurecem tanto que chegam a doer. "Será assim com todas as mulheres?". Olho para o pequeno ecran e vejo tudo cinzento e branco. "Serão as glândulas mamárias?". Penso na fase em que amamentei os meus filhos. Para mim, a amamentação será sempre recordada com ternura e saudade. Um elo. Nada me preocupa. Estou a fazer exames de rotina. Tento perceber o olhar da médica. Foco-me apenas nos olhos, até porque a máscara esconde o resto. Não a conheço,  logo não tenho como a interpretar. Tento perceber a sua idade, mas rapidamente me farto. Olho novamente para o ecran. Tira medidas às coisas que vê e pergunta-me se tenho familiares com cancro da mama. Nego. Uma

Meu querido mês de Agosto

Este Agosto foi ilha, praia, pele morena e manchada no rosto (mas que se lixe, que nada me dá tanto prazer do que mergulhar no mar e ficar a secar ao sol), pôr-do-sol, pele salgada, voleibol mal jogado, risos, leituras, silêncios interrompidos pelo Tiago ao fim de 5 segundos, conversas, sardinhas, melão e melancia, fechar a praia, não ter horários,  caipirinhas e mojitos, bolo de Olhão, conquilha, festa da aldeia, família,  tradições, poço corga, amor (a encaixar com vários  verbos), imperiais, os meus filhos, o pai cá de casa e a Carolina, sempre presente. Que privilégio poder ter um mês assim, só para nós.  (Conseguem ler o título sem trautear a música do Dino Meira? Eu não sou capaz..)