Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2021

Livro 4

Imagem
"Emigrantes" - Ferreira de Castro  Conheci este autor há talvez 20 anos, com a obra "A Selva". Voltei novamente a ele com este livro absolutamente notável. Há autores portugueses pouco lidos e poucos reconhecidos e é uma pena. "Emigrantes" conta -nos a história de Manuel da Bouça, homem pobre, analfabeto do inicio do século XX, que acredita, como todos, que se tornará rico se for trabalhar 4 ou 5 anos para o Brasil. Ele, que nunca fora a Lisboa, que se sentia sempre amedrontada em falar com os senhores da vila, decide ir para o outro lado do Atlântico aos 40 anos.  No Brasil, rapidamente percebe que um pobre é e será sempre pobre em qualquer canto do mundo.  O livro acompanha a partida da sua terra até ao Brasil e mostra-nos os seus medos, as agustias da partida e da chegada, a sua ingenuidade, as suas derrotas, as suas decisões, as suas aventuras e as dores da saudade.  O livro é simplesmente genial, apesar de muito triste.  Em tempos tão sombrios,  em qu

Dia 9

As aul.... A consolidação das aprendizagens está a correr bem.  Voltei a correr esta semana. Fiz 24 km. Tenho um plano que consiste em correr dia sim, dia não.  Vamos ver se cumpro, que já sabem que de boas intenções está este blog cheio.  Aderi ao jejum intermitente durante a manhã.  Acordo sem fome, eu que salivava quando pensava em papás de aveia com banana ou figos, torrada com mel e canela, requeijão com tostas logo pela manhã. Como somente uma tosta com queijo fresco às 10h30/11h. Neste confinamento, andamos a ver "How to get away with a murderer" em família.  O Pedro já disse que quer ser advogado mais tarde.  Ando a ler o melhor livro de 2021. "Eh Tella, menos, menos". Vá, têm razão. Já sabem que sou uma exagerada. Estou a ler um grande grande livro.  Estivemos, os miúdos e eu, a cavar batatas doces. Nunca tinha agarrado numa enxada à sério. Achei difícil e tenho os braços doridos. Fiquei espantada pela força do meu mais velho, que lhe deu bem e da persistên

Livro 3

Imagem
  "Terra Alta" de Javier Cercas. Trata-se de um romance policial onde um polícia catalão investiga um triplo homicídio brutal.  A personagem principal - o inspetor Melchior - é uma personagem que cativa porque sai do estereótipo do agente da autoridade. Tem uma adolescência conturbada e uma obsessão pelos "Miseráveis". A sua história, desde a infância até à sua chegada à Terra Alta, intercala com a investigação criminal.  Há, ao longo do livro, vários paralelismos entre as personagens da obra-prima de Victor Hugo e a evolução da personagem Melchior. Gostei muito dessa parte.  Gostei do romance. Dá-nos vontade de o ler de rompante, houvesse tempo para isso.  Dei-lhe 4 estrelas e mais uns quantos pauzinhos. (Embora conheça  a história através do cinema, também me deu vontade de ler "Os Miseráveis ". Será o meu desafio literário de 2021.)

Dia 6

 Convenci-os a ver um documentário chamado Woman  do Yann Arthus Bertrand (realizador de Human e Home ) disponível durante uns dias na RtpPlay (ide ver rápido!). O Pedro viu 20 minutos e fartou-se. O Tiago viu 40/50 minutos e depois, apareceram corpos nus de mulheres, o rapaz, envergonhado, desviou os olhos para o ecrã e ficou por aí. Foi vendo, no entanto, um ou outro depoimento e não percebeu muito bem o que é a mutilação genital... Eu chorei em grande parte do documentário, mas também sorri.  Vi também um documentário sobre ursos polares com o Tiago. O momento mais alto  foi com uma foca. Eu na vida sou assim, desvio-me das coisas centrais. Passo a explicar rapidamente. Uma mamã foca não consegui fazer uma "caverna" na neve, tendo como solo o gelo de um lago. A camada de gelo era demasiada fina e partia, consequência do aquecimento global. A mamã foca teve então de parir a sua cria ali, no meio da neve inóspita e à mercê de predadores. Ao fim de algumas horas, uns pássaro

Dia 4

Então, cá estamos nós novamente fechadinhos em casa, juntinhos para o bem e para o mal. É só impressão minha ou 2021 mal começou e já deu 15 a 0 a 2020?  A nossa escola vai ter apoios, consolidação de aprendizagens, de algumas disciplinas. A mãe que há em mim agradece as rotinas. Como eles são autónomos, não há stress com o ensino à distância.   Vim confinar para a margem Sul, para a casa dos meus sogros, que estão na aldeia. Abençoada casa, com espaço exterior, no meio dos pinheiros, onde nem nos sentimos enclausurados.    Aguentem pessoas e já sabem, num momento de desespero, ponham a vida em perspetiva. Com um copo de vinho na mão, ajuda ainda mais.   Eu sei, é mais do mesmo, mas pronto, é assim, vá, força. Este confinamento também é mais do mesmo. 

21 de janeiro

O Pedro fez 11 anos ontem. Vou saltar todos os clichés possíveis de mãe que ama incondicionalmente os seus filhos, apesar dos seus defeitos, cenas e feitios.  Encaminha-se solidamente para a pré adolescência. Na minha cabeça,  inconscientemrnte, deixou de ser um bebé ontem. Foi uma passagem simbólica suave.   Numa conversa que estávamos os dois a ter há semanas, explicava-lhe a importância de vermos um documentário sobre igualdade de género. Não queria ver. Devia querer ir jogar, com certeza. Eu mostrava-lhe as minhas razões e ele sacou do trunfo "Mãe,  mas nós já somos feministas. Não te preocupes ".

Sobre o diário de um confinamento ou semi-confinamento ou o catano

Imagem
Eu não sei às quantas ando no que diz respeito ao meu diário de confinamento ou semi confinamento. Compreendeis que não quero desiludir-vos, caros leitores, mas perdi-me. Eu, na vida, sou assim - não vos admirais - perco-me muito e nalguns momentos, vá lá,  consigo encontrar-me. ( Olhai para mim a perder o rumo ao post. Tendes reparado? Deixai-me retomar as rédeas à coisa enquanto tenho força .) Queria eu dizer que há pessoas confinadas e há pessoas como eu, que estão semi confinadas. Significa que estamos confinadas no trabalho, - e bem que pensar em aulas online e nos meus filhos a ficarem mais burros em frente a um PC dá-me uns tremeliques que nem sabem - e depois confinados em casa. Como fico nessa coisa de escrever um diário? Pois, estão a ver, não faz sentido. É isso, estou perdida.  Bem, mas já cá estou,  quero só deixar registado que hoje vou soltar a tuga que há em mim: beber um copo de vinho, ver o Fcp-Slb mas com muita classe, ou seja, com batom vermelho porque hoje, faz ain

Dia 16

Os domingos de frio que coincidem em tarde de confinamento são dias de preguiça. Fazem lembrar os tempos em que eles eram mais novos e não havia compromissos com o futsal, nem com ninguém. Ficávamos em casa porque queríamo respeitar as rotinas deles. Era tudo calmo e igual mas aconchegante. Gostava porque eles eram pequenos e era bom ter tempo em família, tranquilo e em sossego (qb com dois bebés pequenos.). Agora são inúteis. Não preenchem nada. Ficamos a jogar, a ver séries ou a ler (pouco, que nem sempre há vontade) mas é para passar o tempo e não porque sabe bem. Ficamos quase anestesiados e assim passa o tempo.  (Ainda não me consigo controlar com a comida quando estou fechada em casa. Ainda não fui correr este ano.)

Livro 2 - 2021

Imagem
A pedido do Pedro, li "A Floresta" da Sophia. Ele gostou muito e quis partilhar comigo a história.  O livro está muito bem escrito, cheio de detalhes e pormenores, mas com simplicidade. A história é para crianças e é deliciosa. Percebo por que razão o Pedro gostou tanto: há uma criança com 11 anos, um anão, um segredo, um tesouro enterrado, o valor da amizade e do dinheiro. A Sophia escreveu para os miúdos com respeito porque a sua escrita nunca os infantiliza.  Dei 4 estrelas.

Dia 15

 Ai mulheres, que vem aí um novo confinamento mas acho - e espero - que as escolas continuem abertas. Pelo sim, pelo não,  já tenho um stock jeitoso de vinho.  Fiz um almoço digno de festas: bacalhau assada com broa e batatas a murro, acompanhado de um tinto que ui, meninas, bem bom. Depois disso, obviamente, tive de estar confinada no sofá a ler e a ver séries. Mas não estejam aí a pensar que "ah e tal, a Tella outra vez naquele estado!". Nada disso, caros leitores. (Por quem me tomeis?! ) Pelo meio do confinamento confinado, orientei o estudo do mais novo para o teste de português: conjugação verbal, recursos expressivos e o diabo a quatro. Tudo ali sabidinho, ou quase, vá,  com a minha  ajuda. Ah pois!  Vou agora continuar no meu sofá,  que já tem cova, a olhar para o quadrado. Vida simples a minha.

Livro 1 - 2021

Imagem
"Pão De Açúcar " - Afonso Reis Cabral. Comprei dois livros do autor depois de ver um dos episódio da série documental "Herdeiros de Saramago " na RTP.  Este livro conta o trágico assassinato de um transexual por crianças de uma instituição no Porto, em 2006. Pouco me lembrava do caso que abalou Portugal. Vou ao encontro das notas finais onde o autor escreve " O Caso Gisberta motivou uma espécie de levantamento nacional que acabou por morrer sem grandes consequências, como quase tudo o que é português". O livro é duro e triste. Tem uma linguagem crua.  As crianças são más porque são reféns de uma vida sem amor, de uma vida vazia. São crianças condenadas à partida. A frase mais bonita e triste que diz muito sobre os miúdos será talvez esta: "Contudo, o nojo persistia como as tareias que se apanham na infância e nos deixam o corpo dorido para a vida."  Dei-lhe 4 estrelas. 

Ainda sobre 2020 - parte 2

O Pedro leu 17 livros em 2020.  Começou com uma sugestao minha, uma imposição, quer dizer, uma ordem.  Leu contrariado, até chegou a chorar, mas aos poucos, passou a fazer parte da rotina. Lia com gosto e emoção.  Pensei que os livros estavam no comando, enraizados, e desliguei um pouco. Foi quanto bastou para deixar de ler ou ler uma página por semana. O último lido foi em Setembro.  Já retomei as rédeas da coisa e voltou a obrigatoriedade da leitura. Desta vez, sem moleza. O Tiago leu 10 livros. Leu dois livros de leitura obrigatória que lhe tiraram anos de vida, segundo diz. Os outros foram todos da coleção da Cherub. Também ele passou pelas mesmas fases que o irmão e está novamente sujeito às novas medidas.  (Para ajudar à promoção da leitura,  instalamos uma cena de controlo parental que lhes bloqueia o tik tok ao fim de 25 minutos de vídeos por dia... Ya,  a Tella dos 20 anos ficaria chocada com as medidas repressivas impostas cá em casa...)

Livro 1 do Pedro - 2021

Imagem
"A Floresta" - Sophia de Mello Breyner Andresen Tinha de ler um livro do PLN durante as férias de Natal. Dos livros que tínhamos em casa da dita lista, optou pelo que tinha menos páginas. É um critério como outro qualquer, sem dúvida.  Gostou muito do livro. Gostou tanto que me pediu para o ler também. Não sou fã da Sophia mas é daquelas coisas que não se pode recusar. Começo amanhã. 

Ainda de 2020

Se há coisas que me deixam assim tipo super convencidona , com o ego upa upa, são sapatos de salto alto, é verdade, mas também e muito este número: 31 364.  E o que significa este número? Hein?  Número da taluda? Era preciso que jogasse - diz a outra. Valor de uma herança recebida de uma tia-avó desconhecida? Querias... Litros de vinho ingeridos em 2020? Ó Tella, não vás por aí que és capaz de...vá...segue, segue!  Não vou prolongar o suspense, que podem não gostar do género e porque ...vá...vou ser sincera, estou sem ideias! Quem dá o que tem, a mais não é obrigado, certo? 31364 é o número de pessoas que passaram por cá em 2020. Nada mau! Já o disse (muitas vezes) ao longo do ano anterior e volto a repetir: fico mesmo admirada com o número e sabe mesmo bem.  (Não quero aqui sugerir nada, mas eu, se trabalhasse em marketing e cenas assim, não desdenhava de blogs pequenos que nada dizem como este... Just saying...)

Dia 14

Pfff, estive o dia todo confinada. Saímos da cama às 13h30 e já sem poder sair de casa. Que neura. Passei o resto do dia a  pensar que amanhã terei de acordar às 6h35. Outra neura.

Dia 13

Arrumar as nossas coisas e a casa, onde viemos somente os 4 passar 10 dias, e regressar à nossa, tendo desafiado o recolher obrigatório e a circulação entre concelhos. Aí mulheres, os nervos que apanhei por estar a transgredir, a prevaricar. Estava tão nervosa que embirrei com todos mil vezes. Felizmente eles gostam de mim e limitam-se também eles a acenar e sorrir. 

Dia 12

Ando perdida nessa coisa de confinamento. Na verdade, tal como a MaryQA  dizia, é difícil saber se hoje fechamo-nos às 13h, às 15h ou até se é dia de soltura. Adiante, não estão cá para ler coisas sobre isso.  Hoje, dia 1 de janeiro, acordei sem ressaca, por isso tratei de mim e vesti-me. Por regra, no primeiro dia do ano,  não dispo o pijama, não almoço e fico a dormitar no sofá o dia todo. Triste, eu sei.  Hoje, dizia eu, acordei muitas horas antes dos outros. Bebi café no jardim, a receber  raios de sol, e lá fiquei até sentir as primeiras gotas de chuva no rosto. Fui limpar os vestígios da nossa passagem de ano, a pensar que 2021 trazia também um mau augúrio: a morte do Carlos do Carmo. O que querem, a cena pessimista de 2020 não desaparece de um dia para o outro.  Depois, ó meus caros leitores, o dia 1, com ou sem ressaca, com ou sem recolher obrigatório, será sempre um momento de preguiça absoluta: quatro lontras a devorar filmes uns atrás dos outros.