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A mostrar mensagens de agosto, 2022

Livro 33- "A Breve Vida das Flores"

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 "A Breve Vida das Flores" - Valérie Perrin Comprei o livro naquela ida despropositada ao centro comercial. Tinha lido, há uns tempos, um artigo francês sobre um livro da autora, intitulado "Trois", mas que ainda não foi traduzido cá. De repente, oiço falar da autora por cá também. Parece que toda a gente tinha lido ou estava a ler "A Breve Vida ..." (cujo título em português nada tem a ver com o título francês "Changer l'eau des fleurs" - a saber Mudar a água das flores,  como quem diz manter a esperança e a vontade para que uma flor (ou pessoa) não morra. Quer dizer, interpretei assim a coisa depois de ler o livro, claro, e vale o que vale. ) O romance fala de Violette, uma mulher que trabalha num cemitério. Acompanhamos a vida dos mortos, dos vivos que visitam os mortos e a própria história da Violette. Mas todo livro fala sempre sobre a vida e o renascer. É uma ode à esperança, quase. A Violette é uma personagem que nos marca porque aguen

Livro 32 - "Os da Minha Rua"

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 "Os da Minha Rua" - Ondjaki Na minha primeira pausa de férias,  para além de uma ida despropositada a um centro comercial, fui trocar livros à biblioteca. Como tinha gostado muito do "Livro do Deslembramento ", resolvi trazer outro do mesmo autor. Este livro é um livro de contos. Quem me lê e presta atenção ao que escrevo, sabe que não gosto particularmente desse género literário. Aqui, no entanto, é diferente. O autor volta à sua infância,  às personagens que já conhecia do outro livro, à cidade de Luanda, às traquinices dos meninos da rua, que brincavam juntos. Nestes contos, eu emocionei-me bastante pela poesia que é dita em prosa. É um livro íntimo também. Emocionei-me no fim, chorando baba e ranho e relendo os últimos 5 parágrafos 3 vezes para captar tudo.  Quando um livro me sensibiliza tanto e me faz querer comprá-lo já depois de o ter lido, só pode ter 5 estrelas. 

Livro 31 - "Madalena"

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 "Madalena" - Isabel Rio Novo Trouxe este livro da biblioteca por causa deste , que me ficou na cabeça.  "Madalena" conta duas histórias: a da narradora, professora de história, a fazer sessões de quimio e radioterapia e a história da sua bisavó Madalena, personagem misteriosa e de fama duvidosa e do seu bisavô. As duas histórias estão entrelaçadas e na reta final, de alguma forma, convergem.  As passagens sobre a dor física e emocional de quem trava uma luta contra um cancro foram difíceis de ler e houve momentos em que parecia estar a ver a minha amiga Ana ou só agora perceber algumas coisas sobre o seu sofrimento final.  A história de amor, traição e drama dos bisavós, por ser contada a partir de cartas antigas e notas num caderno azul, prendeu-me de imediato. Que personagens! Hei de ler mais coisas desta autora, até porque tenho cada vez mais vontade de conhecer escritoras portuguesas.  Recomendo muito a leitura deste livro. Dei-lhe 4,5.

Outra pausa nas férias

Rumo ao terceiro e último spot das férias, com nova paragem em casa para tratar da roupa, mas, desta vez, sem passar pela balança, claro. 

Livro 30 - "Homens Bons"

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 "Homens Bons " - Arturo Pérez-Reverte  No ano passado ou há mais tempo, já nao sei, li um artigo no Observador sobre este livro e lembro-me de pensar que tinha de o ler. Nunca o trouxe da biblioteca porque é um calhamaço. Quando os livros ultrapassam as 500 páginas,  prefiro trazê-los para as férias. Assim o fiz. Este livro conta a história de dois homens, no século XVIII, membros da Real Academia Espanhola, que têm como missão trazer de Paris os 28 volumes da Encyclopédie de Diderot. Seguimos assim as aventuras deles, numa Paris pré-revolucionária e iluminista onde a Razão tenta derrubar ideias obscuras e ultrapassadas.  Gostei muito do livro, cheio de peripécias e de enquadramentos históricos e filosóficos sobre as Luzes. Para além disso, as personagens são deliciosas e foi fácil gostar delas.  Dei-lhe 4 estrelas e recomendo o livro, sobretudo para as férias. 

Pausa entre as férias

Regressámos ontem todos muito contrariados do Algarve. Na verdade, estávamos também irritados. Foram 15 dias que passaram rapidamente, apesar do nosso Algarve ser sem pressas e confusões. Não bastava isso para me irritar, não. Ainda há mais.  Quis pesar-me porque  tinha quase a certeza que tinha perdido um quilo ou mais. Afinal de contas, uma pessoa só andou a pé numa média de 10-12 km por dia, não comeu nenhuma bola de Berlim e ainda correu 32 km em 15 dias. Só que uma pessoa também comeu muito folar de Olhão e bebeu muitas caipirinhas, é verdade, mas, ainda assim...  E pumba, o raio da balança disse-me que tinha ganho um quilo e meio.  Não bastavam estas duas coisas para me irritar, não. Ainda há mais. Os 3 outros cá de casa, que não correram nem um quilómetro e que comeram bolos, perderam peso. Que injustiça! Esperem, que há mais. Fui desfazer malas do Algarve para voltar a fazê-las para outro destino, onde as noites podem ser frias e onde há necessidade de roupa mais quente. Mas es

Livro 29 - "O Livro do Deslembramento"

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 "O Livro do Deslembramento"  - Ondjaki Há muito tempo que queria ler este autor angolano,mas nunca me lembrei até agora de o requisitar. (Na biblioteca do bairro, os autores africanos e brasileiros estão afastados dos portugueses e dos outros todos...). É um livro que nos leva a Luanda, nos anos 90. É a voz de uma criança que nos conduz pelas ruas de capital angolana, pelos encontros familiares, pela rotina da casa e pela escola. É um olhar aparentemente ingénuo e muito ternurento, mas que consegue perceber as diferentes camadas das pessoas e da vida. Tudo é contado com um ritmo oral, com palavras inventadas, acho eu. Está escrito como se fala. As observações da criança são genuínas e muito cómicas. Dei várias gargalhadas, coisa rara quando leio. Na maior parte das vezes, esboço um sorriso. Aqui nao, é delicioso e mesmo muito divertido. Mas as observações da criança também são bonitas e encantadoras. O livro acaba com o início,  novamente, da guerra civil e até esse momento

Livro 28-"Retrato a Sépia"

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 "Retrato a Sépia " - Isabel Allende Trouxe este livro porque é sempre bom contar com uma escritora como a Allende nas férias: escreve histórias que prendem, com mulheres fortes e paisagens chilenas que me apaixonam sempre. E são livros que se lêem rapidamente porque exigem pouco de nós, leitores. Este segue a linha. Não me falhou.  Quando comecei a ler este livro, reconheci as personagens e até achei por momentos que já o tinha lido. Não sabia que este era uma espécie de continuação da " Filha da Fortuna ", uma vez que a protagonista é neta da personagem principal deste último. Fiquei depois a saber que a " Casa dos Espíritos " é o terceiro volume da saga familiar (embora os 3 possam ser lidos individualmente).  Dei-lhe 4 estrelas porque estive completamente entretida com a trama e fui sonhando, através do livro, numa viagem ao Chile...

Livro 27 - "Samarcanda"

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 "Samarcanda" - Amin Maalouf Este livro pertencia à minha amiga Ana e por isso o trouxe para as férias.  Este livro fala de um manuscrito com poemas de um grande poeta persa do século X e XI. Na primeira parte, descobrimos a vida deste poeta, junto dos vizires, dos xás, da sua amada e afins em várias cidades do Oriente. Fui incapaz de me localizar no espaço, pois não conheço grande coisa por aquelas bandas. Samarcanda é uma cidade que fica no Uzbequistão e onde o poeta escreveu esse tal manuscrito.  Na segunda parte, estamos no início do século XX. O Ocidente descobre o Oriente e esse poeta em particular. Seguimos então uma personagem - encantadora, diga-se - pelo Oriente e pelas mil cidades para mim quase todas desconhecidas, à procura do livro. Pelo meio, temos conhecimento da evolução política e social da Pérsia, que é dominada pelos vários Impérios europeus. Tédio! Achei tudo aborrecido. Não gosto particularmente da cultura das arábias, talvez por não a conhecer. Daí o es

Livro 26 - "Fahrenheit 451"

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 "Fahrenheit 451" - Ray Bradbury Ouvi falar deste livro quando li este romance do Afonso Cruz. Algum tempo depois, a irmã da Mary escreveu uma ótima review, que me despertou a curiosidade.  É um romance distópico escrito em 1953, onde os bombeiros não apagam incêndios. Em vez disso, queimam livros porque são proibidos. Os leitores sao mortos. Um dos bombeiros - Guy Montag - começa a questionar a sua vivência e a sociedade onde está, cheia de tecnologia, com um ritmo acelerado onde não há espaço para ler, logo não há tempo para questionar, saber, ponderar ou refletir. Os ecrãs estão em todo o lado, com imagens rápidas, sons repetitivos e de forma a que todos estejam felizes ( ao jeito das redes sociais.). Mas a personagem principal perceberá que os livros e o conhecimento abrirão portas e mundos novos.  É um livro que foi escrito em 1953 e parece-me que está mais atual agora. Não que haja uma coisa assim, de queimar livros. Parece que não se dá valor ao que um livro nos mostr

Das férias

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Tiveram um comportamento pessimo logo à chegada. Desataram à pancada um ao outro, coisa séria e feia. Ficaram sem telemóvel até sábado. Foi a melhor coisa que aconteceu. Voltaram aos livros e às cartas.

Livro 25 - "As Pessoas Invisíveis "

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 "As palavras invisíveis " - José Carlos Barros Comprei o livro porque recebeu o prémio Leya e porque apareceu naquelas listas "livros para ler nas férias". O livro está muito bem escrito. Nada a dizer nesta parte.  A história é uma desilusão, embora não possa dizer que não tenha gostado, até porque acordei hoje de manhã a pensar no livro.  O livro começa por falar-nos de um jovem, Xavier Sarmiento, que tem o dom de curar as pessoas através de plantas. Ou pensa que tem.  Cura sobretudo pessoas sós,  invisiveis aos outros. Às tantas, consegue mover com a mente objetos e levitar. E as primeiras 100 páginas ou mais são sobre isso. Percebemos no entanto que ele se fascina com o Poder que o dom lhe dá, mas nada do outro mundo. De repente, reviravolta e ele vai para São Tomé e deixa de aparecer. Ou seja, aparece aqui e ali, mas não é o centro da narrativa Tornou-se numa pessoa diferente, de má índole, participando num massacre de um grande número de nativos africanos. Mas

Livro 24 - "O Tempo e o Vento: O Continente" - volume 1 e 2

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"O Tempo e o Vento: O Continente - Parte 1" de Erico Verissimo. Foi uma sugestão de uma colega, aquela que me sugeriu há um ano "As Vinhas da Ira ". Dizia ela que este romance, que tem 3 partes, é um dos livros que toda a gente devia ler. Desvendo já a  coisa,  dizendo-vos que estou de acordo com ela.  Nesta primeira parte da trilogia, descobrimos o nascimento do estado de Rio Grande do Sul através da história de uma família ao longo quase 150 anos, de 1745 até 1895. É uma saga muito bem construída e com personagens que me marcam.  Senti intensamente aquela gente, aquele cheiro, aquela terra vermelha, aquele falar das pessoas do Sul e as vivências daqueles homens e mulheres. Já há muito tempo que não era arrebatada assim por um livro e que me apaixonava pelas personagens. Não consigo dizer qual a minha preferida, mas tenho um fraquinho pelo médico alemão e um maior ainda pelo capitão Rodrigo Cambará.  O romance prendeu-me tanto que o quero na minha estante  para lá