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A mostrar mensagens de dezembro, 2020

2020 revisto num só fôlego

2020 num post é coisa difícil mas vou tentar escrever tudo seguido sem pausas, ao sabor do teclado. Quando vejo as imagens do mundo parado em março e abril, emociono-me porque me lembro do medo que senti. Não senti receio da doença em si mas das consequências que poderiam brotar da doença: desemprego, vandalismo, criminalidade, violência, enfim, tudo cenários apocalípticos... Acho que o tempo foi acalmando o medo, assim como o facto de estarmos sempre os 4 juntos. Houve momentos aborrecidos, em que já não nos podíamos ver à frente, em que me cansei de ser mãe do Pedro e do Tiago e esposa do pai cá de casa (e vice-versa) mas, no global, os laços familiares ficaram fortalecidos. Tivemos sorte com o momento de confinamento e a idade deles: nem muito pequenos nem demasiados adolescentes. Foi o ponto certo. O calor suave da primavera levou-nos a desconfinar fora de Lisboa e das paredes do apartamento. Foi um bálsamo e um luxo. Entre a Serra da Lousã e depois a Fonte da Telha, onde estivemos

Mensagem natalícia

Caros leitores,   Que haja muitos sorrisos hoje à noite e amanhã ao almoço, que haja aquele quentinho cá dentro de sabermos que estamos com os nossos e que haja vinho bom.  Bom Natal.

Livro 38 - 2020

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"Os livros que devoraram o meu pai" - Afonso Cruz. A amiga "especial" do meu mais velho ofereceu-lhe este livro (que faz parte do PNL para o 7°ano) no Natal mas eu resolvi ler antes dele. (Ainda está a ler o livro que ela lhe ofereceu nos anos: um do Dan Brown. Quem nunca, certo?) É um livro que fala dos livros e da literatura. Elias, jovem narrador, perde-se nas leituras dos romances, fala com as personagens, cruza mundos literários, chega a atravessar a Sibéria num clássico russo, e isso tudo para encontrar o seu pai que se perdeu na leitura.  "Os livros encostados uns aos outros,  numa prateleira, são universos paralelos!".  O livro vem reafirmar aquilo que já sabemos: é uma porta aberta para qualquer outra realidade, outro mundo construído pelo autor e interpretado individualmente pelo leitor. O livro tem toques de  humor, mas também o seu quê de triste. É o livro perfeito para sonhar. [O Afonso Cruz escreve tão bem. Que delicioso!] 4 estrelas

O blog internacionalizou-se

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Nas últimas 24 horas, chegaram aqui pessoas de todo o lado, ou quase, vá.  Olhem, eu, que tinha tido 4200 pessoas no mês de abril a passarem por cá por causa do confinamento e do meu pseudo diário, fico super coiso a pensar que há pessoas em vários locais do mundo que continuam a passar por cá.  Na minha cabeça, a pergunta mantém-se: o que leva as pessoas a lerem um blog que diz pouco e que interessa ainda menos? De qualquer maneira, obrigada. 

Livro 37 - 2020

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"Quem é Amado Nunca Morre" - Victória Hislop. O livro foi-me oferecido pela sua tradutora. Acho que nunca o teria lido se assim não fosse porque 1) nunca tinha ouvido falar da autora (grega); 2) a capa remete para um livro "ligeiro"  e 3) o título é do mais foleiro possível e remete mais uma vez para algo demasiado light. É eu sou muito preconceituosa com a literatura dita Light. Tenho a mania...enfim, cada um com os seus defeitos.* O livro conta-nos a história de uma jovem ateniense - Themis - e das suas aventuras ao longo de 7 décadas.  Paralelamente, acompanhamos a História da Grécia, desde a ocupação nazi até à última crise económica de 2010. Eu não sabia nada sobre a Grécia moderna e descobri que houve uma guerra civil entre os colaboracionistas nazis e os comunistas, uma perseguição feroz a estes últimos, campos de concentração em ilhas-prisão com torturas inenarráveis para o exército comunista e ditadura dos "coronéis"  nos anos 60 e 70. Vivemos de

Dia 11

Hoje foi daqueles dias que passam e nada acrescentam. Quer dizer, a tarde é que foi assim, pois o sol da manhã de inverno foi bom. À tarde, completamente fechada na sala sombria como se estivesse num bunker ou numa gruta. Não levantei o rabo do sofá, até  ficou com cova. Talvez me tenha babado. Uma apatia que benzadeus. Estes dias confinados, às vezes, fazem-nos ter pena de nós próprios.

Dia 10

Saí de manhã para dar um jeito ao cabelo e a cabeleireira faz aquele reparo "ôcê quê arranjá a sobrancelha pa ficar bonitinho?". Aí meninas, onde é que me fui meter! Foi com linha, m'lheres, com linha! Descobri o limite da dor porque a menina aqui nunca tinha feito nada com linha, sem ser coser um ou outro botão ou nem isso se calhar.  Porra pá, que dor. [  Uma gaja mete-se em cada uma em nome de merdas estéticas, que demostram claramamente que andamos mazé todas doidas . ] O resto do confinamento foi uma antítese, porque foi a trabalhar a tarde toda em regime presencial, das 15h às 20h. Eu confino desconfinando. Acho que a ideia (ou piada) não resulta mas vou deixá-la aqui na mesma porque sim. Reforça a palavra antítese. [ Pas mal, hein?]  À caminho de casa, já tarde, fui encostada, salvo seja que nem feticho com fardas, por um polícia só para saber por que razão estava a circular na via. "Ah, senhor guarda, vou agora isolar-me, que hoje foi claramente um dia em que

O supostamente dia 10

Vim ontem à tarde para a aldeia, que fica num concelho de risco moderado,  ou seja, onde não há recolher obrigatório, os restaurantes fecham às 23h e o comércio às 20h. Uau, parece que estamos numa dimensão paralela, free covid, mas eu, obviamente, estava na cama às 23h00 para manter a tradição e ser solidária com os meus amigos e colegas que ficaram em Lisboa.  Lamentavelmente não haverá report a fazer sobre um semi-confinamento porque ele não vai existir. Eu sei, estão tristes, mas vá, aguentem, há coisas também relativamente engraçadas na net. Se continuam por cá é porque os vossos níveis não são assim upa upa, não me venham com coisas agora do género "Tella, Tella, como aguentar o confinamento sem as tuas reflexões e os teus relatos que nada dizem, pouco interessem e que nos fazem ver que afinal estamos juntas nessa vidinha que passa é que se vai vivendo ao sabor dos dias?".  São fortes e aguentem. Eu acredito. Volto para a semana se estiver  num semi-confinamento. Vá,  d

Livro 36

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"Um Castelo em Ipanema" - Martha Batalha  O meu livro 35 também foi desta autora, que descobri somente agora e de quem fiquei rendida.  O romance começa com Estela, deitada na cama a chorar e conta-nos por que razão está assim. A narradora vai atrás no tempo e no espaço e começa a contar-nos a história da família há 100 anos em Estocolmo. É uma saga familiar muito bem contada, divertida e com as palavras bem escolhidas, carregadas do ritmo brasileiro, que torna tudo delicioso. Transportou-me para Ipanema, para o Rio dos anos 60 que não conheço mas que senti cheio de ritmo e vida. Recomendo bastante. 4,5. 

Dia 9

Ó meninas, achava eu, ontem, que hoje não estaria confinada e que não teria de atualizar o diário de um semi confinamento. De duas, uma: ou o modo chalupa está ativado ou então...  - Com que sonhas tu, porco? - Com a bolota! Vá, em modo rápido que amanhã acordo cedo e temos todas coisas mais importantes e urgentes a fazer. É. Isso mesmo. Acordei, corrigi testes, fiz a segunda chamada dos testes do 7, 8 e 9°anos, corri,  comi, bebi (Também sentem que há sempre muito álcool nos meus post em confinamento ? Haverá aqui um padrão qualquer que poderá indicar qualquer coisa? Não nego nem confirmo. Deixo a coisa em aberto.) ajudei os miúdos a pendurarem os postais nas portas dos vizinhos, fiz perguntas para o teste de português, joguei Apalavrados e vi televisão. Grosso modo, foi isso. Nada de especial.  Embora farta de confinar, porque parece que os dias se repetem e que estamos presos no mesmo dia, como aquele filme cujo título desconheço, neste momento pensar em voltar amanhã para o trabalh

Dia 8

Apesar do confinamento e do encerramento das atividades letivas, abri o email oficial do trabalho. " Ai Tella, estar fechada em casa só te dá para fazer coisas parvas" diz a outra Tella que há em mim, mais sábia e mais cautelosa, mas que feliz ou infelizmente não tem as rédeas de mim. Ela só analisa e acena a cabeça como quem diz " ah, se eu mandasse, ela andava por melhores caminhos ". Dizia eu, a Tella que tão bem conheceis, que abri o e-mail e foi o horror, toneladas de e-mails. Coisa sem grande importância mas que mereciam respostas. No entanto, houve um que me deixou preocupada e um pouco ansiosa (sim, ó meninas, se soubessem o stress que tenho a conta do trabalho! A outra Tella, a sabichona, diria que eu stresso com tudo e que tenho de aceitar que não posso resolver todos os problemas e que a culpa não é minha mas eu não lhe ligo...). Consegui contaminar o ambiente com uma certa carga negativa. O almoço foi pesado porque estive sempre meia sombria, meia cabis

Dia 7

Mais uma voltinha, mais umas horas fechados em casa, não é? A gostar?  Aqui, olhem, cá vamos andando.  Há dias em que só me apetece ficar em casa e pronto, foi isso que sucedeu. Sei que não estou a dar nenhuma novidade mas há posts assim, simples e sem grande profundidade. Como continuam a andar por cá, suponho que não se importam, não é? Não andam aqui à procura de grandes vôos, já vos conheço meus caros leitores. [Amanhã poderá haver coisas mais interessantes mas vá, ide sem grandes expetativas, que andamos a viver num mundo sem certezas. Tá ?]

Dia 6

Acordei às 7h00 no sofá. Adormeci ontem antes das 23h, claro. Dizem, mas eu não acredito, que sou super antipática quando  me querem acordar para ir para cama. O Tiago disse que lhe dei uma estalada, o Pedro disse que sou má e o pai cá de casa revirou olhos dizendo "há anos que me deixei de te acordar!". Pelo vistos,  ninguém me agarra quando estou numa espécie de transe. Acordei com a boca seca. Nada a ver com o vinho de ontem, pensei, deve ser do AC. Acordei agarrada às cruzes, que custa dormir no sofá. Depois, agarrei-me aos (poucos) cabelos: "que horror: nem o telemóvel me carregaram, pá!". Por segundos, fiquei nervosa. O mundo a acontecer, mesmo confinados, e eu não o acompanho.  Quis agarrar-me aos ténis para ir correr mas o meu olhar cruzou-se com as 9 turmas para corrigir e agarrei-me estoicamente ao trabalho. Foi assim, certos e errados, até ao almoço.  À tarde, continuei a ver testes mas debaixo da mantinha e em frente da lareira: o sono agarrou-me e eu de

Dia 5

O confinamento do dia 5 é de apenas uma hora. A partir das 23h, casa! Ó senhores, deixem-me dizer-vos que esse xixi/cama a partir das 23h00 já  é prática corrente, cá em casa, às sextas desde ...puffff...desde há uma vida quase. Ai, não sei o que é pior: este confinamento de sexta ou as minhas sextas-feiras à noite, tour court.  

Calendário do Advento - edição 2020 - dia 1

Começou hoje com a atividade óbvia: montar a árvore de Natal. O Pedro perguntou-me se éramos nós a colocar os papéis no calendário.  Menti. "Pedro, é a magia do Natal". Ele sorriu sem saber se sim, se não ou se nada...

Dia 4

Irritei-me tanto com eles por causa da escola, do estudo, da dependência dos ecrãs que até eu já não me consigo ouvir. "Tiago, vai estudar", "não, não podes jogar PS2", "desliga o telemóvel ", "não mexes no telemóvel  sem a minha autorização ", "Meninos, no final do período é que acertamos contas", "Tiago, tens 3 testes em 3 dias. Vai ESTUDAR."  Ficaram cansados? Eu também. Eles mais ainda. Mas como se consegue estar confinado umas horas e estar desligado muito tempo dos tik tok e do fortnite? Em casa, desde o isolamento de março que os miúdos ficaram completamente viciados nisso e eu não consigo encontrar nada que os faça estar o mesmo número de horas agarrado a tudo isso e entusiasmados. Nem no estudo, obviamente.  Felizmente encontramos  uma série curtíssima que nos agarrou aos quatro e que limitou a ps, o telemóvel ou o PC: a série portuguesa "O atentado", disponível na RtpPlay. Conta a história do atentado ao Sa