Dia 8

Apesar do confinamento e do encerramento das atividades letivas, abri o email oficial do trabalho. "Ai Tella, estar fechada em casa só te dá para fazer coisas parvas" diz a outra Tella que há em mim, mais sábia e mais cautelosa, mas que feliz ou infelizmente não tem as rédeas de mim. Ela só analisa e acena a cabeça como quem diz "ah, se eu mandasse, ela andava por melhores caminhos". Dizia eu, a Tella que tão bem conheceis, que abri o e-mail e foi o horror, toneladas de e-mails. Coisa sem grande importância mas que mereciam respostas. No entanto, houve um que me deixou preocupada e um pouco ansiosa (sim, ó meninas, se soubessem o stress que tenho a conta do trabalho! A outra Tella, a sabichona, diria que eu stresso com tudo e que tenho de aceitar que não posso resolver todos os problemas e que a culpa não é minha mas eu não lhe ligo...). Consegui contaminar o ambiente com uma certa carga negativa. O almoço foi pesado porque estive sempre meia sombria, meia cabisbaixa, a pensar na melhor forma de resolver o problema. O trabalho consegue ser mesmo tóxico. Quando verbalizei o meu estado de espírito aos meus partenaires de isolamento, parece que fiquei mais leve. E sim, já me conhecem caros leitores, o vinho também aligeirou o ambiente: nada melhor que o vinho para pôr a vida em perspetiva. "O Sócrates, o político, também dizia isso e olha, vê o que lhe  sucedeu" diz a Tella espertinha e cautelosa. Ya, men, ela chega a ser uma seca, eu sei, vivo com ela.

Ai, se eu também pudesse decretar recolheres obrigatórios, confinamentos e isolamentos, decretaria que as burocracias iam de viela durante 40 dias. Não poderiam sair do sítio delas sem nenhum pretexto. Acrescentaria mais uma alínea ou outra onde se poderia ler que os EE que não lessem as informações enviadas até ao fim estariam também elas fechadas em casa e sem acesso aos emails e telefones e que os colegas que não conseguissem tratar dos problemas criados, tinham de ficar longe de mim e dos outros, para refletirem sobre as ***** que fazem. " Ai, és tão infantil. Deves pensar que os teus caros leitores te vão acompanhar muito mais tempo assim", diz a outra, mas eu deixo-a ali, no canto, e continuo com o meu diário de um semi confinamento com a mesma ligeireza de sempre. 

Os miúdos estão a cumprir a tarefa do Advento: fazer bolachas de Natal. Vai sobrar para mim, que devem ter a cozinha toda suja de farinha mas pronto, deixaram-me em paz e eu só quer paz e sossego. E uma empregada de limpeza, já agora. E comer muito sem engordar. Sim, sobretudo isso: it's the dream.

Então vá pessoas, ficamos por aqui. Não sei se o recolher obrigatório acabou ou se ainda há nos próximos fins de semana. Se houver, encontrar-me-ão aqui, neste registo ...  - não sei que adjetivo usar mas deixo ao vosso critério. Se não houver, mas duvido, o blog continuará ativo, como sempre, a fazer-me companhia, que eu nem imagino a minha vida sem ele.

Vá, cuidem-se e ponham a vida em perspetiva!

(...)

("A sério que acabas assim? Não tarda nada, há uma pessoa, quiçá um hater, que te diz qualquer coisa como "conheces os AA? Devias lá ir, não?" Ó Tella sabe-tudo e prudente , ´ta calada, porra! Desaparece e deixa-me em paz!)

 


Comentários

Carolina disse…
Hilariante!!! Estás em alta! O máximo, seja qual for a Tella a tomar conta de ti. Fica genial sempre!
Mary QA disse…
ahahaha tão bom!
Quase desejo que o confinamento não acabe para te continuar a ler assim!

(e a inveja de ter os putos a fazer bolachas sozinhos....ui ui!)