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A mostrar mensagens de junho, 2020

Desistência de 2020 - livro 2

"Missa in Albis" - Maria Velho da Costa. Achei que ia gostar mas à semelhança do último  que li dela, não gostei.  Dizem que é uma obra upa-upa da literatura portuguesa, mas eu cansei-me por volta da pagina 30. Não me apeteceu forçar a coisa. Cada um nasce para o que é, no meu caso, a Maria Velho da Costa não é a minha onda. 

Livro 19 - 2020

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"A Noite e a Madrugada" de Fernando Namora. Nunca tinha lido nada deste autor. Há uns tempos, um escritor e crítico literário tinha escrito um texto sobre autores portugueses esquecidos que as novas gerações não liam. Fernando Namora era um deles.  Encontrei o livro (em muito mau estado) numa estante da casa dos sogros. O livro conta a história de uma comunidade miserável de camponeses e contrabandistas da Beira, focando-se sobretudo na família Parra.  Gostei muito do livro, da história, das personagens e das suas vidas pobres, resignadas e infelizes. Gostei ainda mais da forma como está escrito, com cuidado, com propriedade vocabular, com mestria.  Tenciono ler mais coisas deste autor, sem dúvida.  4 estrelas e recomendo.

Pergunta que merece estar aqui para recordar mais tarde

Fomos à praia. Para evitar ajuntamentos, fomos para o fundo da praia aqui perto de casa. Resultado: poucas pessoas e quase todas nudistas. Pergunta o Pedro "mãe,  isso é que é pornografia?" 

Historia(s)

Estou a ler um livro cuja ação se desenrola num meio rural e pobre, com gente do campo, iletrada, acanhada, violenta e submissa a um Visconde qualquer, um Doutor vindo de Lisboa. Estou ainda no início mas este é o género de livro que me enche as medidas. Bastou ler a frase "...quando os azedos da vida precisavam ser desafogados, surrava a mulher ..." para recordar as histórias sobre a minha família. Do meu bisavô, soube desde sempre que tinha sido um dos melhores carpinteiro da zona e que era "terrível", de acordo com o meu pai.  Era um dos homens mais temidos da aldeia. Baile onde chegava acabava sempre em briga feia.Tinha uma espécie de gangue, que rivalizava com outros de outras povoações.  Violento, espancava a minha bisavó, chegando-lhe a partir um braço. Mais velha, corria abrigar-se na casa dos filhos se o marido chegasse da taberna bêbado ou com vontade de deitar fora as amarguras da vida pobre. Reza a história que filhos e noras lhe diziam que tin

A vida pós covid

Entre confinamentos, idas à terra e aulas à distância, a minha roupa "da escola", da vida dita normal, foi ficando esquecida no roupeiro. Acontece que fui ontem à escola resolver uns assuntos e precisei da roupa dita normal.  Ó senhores, abateu-se sobre mim um desgosto profundo, pois as minhas calças não me servem. Experimentei 3 e tive de levar as calcas largas, de verão, com a cinta elástica, compradas no chinês. Foi o melhor que consegui. Claro que fui correr 5km depois mas o pai cá de casa fez pizza ao jantar e pronto, estava demasiado deliciosa para lhe virar as costas ou fechar a boca. Que chatice. Vivo num dilema que é ter vontade de fechar a boca e mexer-me mas ter vontade também de comer e não fazer nenhum. Entre les deux, mon coeur balance. Rotinas, preciso urgentemente das minhas velhas rotinas. 

Livro 18 - 2020

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"Lendas e Narrativas" - Alexandre Herculano. Ah, os clássicos!  Ah, o Herculano e a sua linguagem quase hermética, sombria, austera e difícil! Ah, o Herculano que me obrigou a consultar o priberam demasiadas vezes para perceber alguns parágrafos importantes. Ah, o Herculano e aquele rigor histórico, onde a mulher é vista como um ser diabólico e a rainha Lenonor sempre aquela adúltera espanhola... Ah Herculano, toma lá duas estrelas que não gostei nem um pouco de te ler.  (e não foi só uma estrela porque pronto, sempre é um clássico e o respeitinho é muito bonito.)

Livro 17 - 2020

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"História da Bela-Fria" - Teresa Veiga. Encontrei este livro cá por casa, na aldeia. Gostei do título e resolvi ler, até porque nunca tinha ouvido falar da autora (que ao que parece ganhou prémios com este livro e outros...) São contos, alguns divertidos, outros banais, que abordam episódios ocorridos na província. São contos onde se aprende o amor, as separações e os encontros. Nem aquece nem arrefece. Não acrescenta nada (mas eu sempre embirrei com contos). 2,5 estrelas. 

Ainda sobre o diário...

Estão recordados do meu diário do Covid? N o dia 31 , falei dos memes e pronto, chegou a minha vez. Soube pelo meu filho, que não foi poupado por causa da sua rica mãe, que também já tenho um e que não sendo dos piores também não é muito simpático. Diz ele que já o apagou (e vou fingir que sim para resistir a tentação de ir vasculhar o telemóvel dele) e nada mais disse sobre o assunto. Não me revelou o autor, nem sob ameaça nem sob chantagem emocional digna de um Óscar. Sacana(s).

A minha Aida

A minha avó Aida foi para o lar da nossa aldeia. Estava em lista de espera há uns tempos e foi chamada no início de Abril.  Poderia entrar depois do fim do estado de emergência e depois de fazer um teste ao Covid. Entrou há uma semana. Desde que soube que ela iria em breve sair da casa dos meus pais, quis que ela se deitasse e não acordasse mais. Numa atitude pueril, acreditei piamente que isso fosse acontecer mas claro, não aconteceu. Então quis crer que ela estava à espera que fossemos lá para lhe dar um abraço. Uma despedida, vá.  E ela acordou no dia seguinte, claro. Pensei então que só estava à espera que o seu filho mais velho - o meu pai - fizesse 70 anos. Obviamente que nada disso sucedeu: a vida não segue nenhum dos meus desígnios. Não a quero ver no lar, na antecâmara da morte. Teria sido uma velhice sempre junto dos dela e seria bonito. Detesto imaginá-la lá. Detesto.  Vou vê-la apenas durante 10 minutos através da porta de vidro, entreaberta o suficiente para algum som pass