De 2025 [editado]

Janeiro demorou a passar, deixando-me quase à beira da depressão. Alongou-se demasiado em 2025, mais do que nos anos anteriores. 
Por outro lado, os restantes meses passaram num ápice, mais do que os anos anteriores. O tempo é um fenómeno bizarro e só lhe dei  valor ou atenção a partir de uma certa idade. Em 2025, estive sempre atenta à sua passagem. Atenta e atropelada também.  Como já o referi nuns quantos posts,  fui muitas vezes atropelada pelo tempo. Envelheci?  Envelheci!  Eu e o pai cá de casa envelhecemos! Gosto de acreditar que mais ele do que eu, mas cá no fundo, sei que ambos, eu mais numas coisas e ele mais noutras. Estamos quase iguais, mas sente-se que estamos diferentes. Por fora, estamos com as rugas e os cabelos brancos de quem caminha para os 50. 
Sendo "o tempo uma roda que passa por todos" [frase da minha avó Aida], os meus filhos tambem cresceram, mas nem sempre o crescimento deles foi sinónimo de amadurecimento. 
O meu filho, já maior de idade que poderá votar nas próximas eleições, é um bebé ainda em muitas coisas. Um bebé super simpático, empático e com todos os valores certos. E responsável.  Não posso ser injusta com ele. Muito responsável. 
O meu adolescente de 15 anos continua irregular no seu crescimento.  Muito autónomo para umas coisas, pouco para outras. Nem sempre simpático, mas empático com quem deve, muito polarizado, embora com os valores certos, e muitas vezes duro. Até o cabelo rapado, penteado novo desde o mês de julho, lhe dá esse ar implacável, demasiado sério e fechado. E é justo, muito justo, doa a quem doer. 
Ambos saírem do ninho protetor.  O mais velho para a faculdade,  fora da redoma do Colégio. O mais novo para um clube de futsal da 1a divisão, fora da equipa-amiga e clube do coração onde ele era o maior. 2025 foi desafiante para eles. Lutaram e lutam por conseguirem. Hão de conseguir seja o que for, seja o que quiserem. Ou não.  Logo veremos. São miúdos a crescerem com todo o tempo do mundo pela frente. Ficamos a vê-los muito orgulhosos. 
2025 foi também muito trabalho, muito tempo gasto a ver testes,  a preparar aulas e a pensar se ia conseguir cumprir prazos. Consegui sempre, remédio, mas houve um grande esforço da minha parte para conseguir. 
Em 2025 vi o meu pai hopitalizado e vi a fragilidade dele e lembrei-me da minha avó Aida. Eles partilham esse lado frágil,  fruto de uma vida resignada e subserviente por causa de uma certa ignorância. A doença dele revelou-me isso, qual chapada na cara. Senti que os tempos tinham mudado. Eu a tratar dele, a tentar protegê-lo. Felizmente melhorou.
Em 2025, vendeu-se a casa da Aida. Não me fez grande confusão. Trago-a sempre comigo. Deve ser a pessoa que mais cito. Ela é, ela foi uma casa. 
Em 2025, enterrei o meu último avô, o avô que muitos disseram ser "tramado", "lixado" ou simplesmente "mau". Para mim, o avô que nos deu, a mim e ao meu mano, muito amor e que me fez ver coisas que mais ninguém me mostrou quando era miúda. O funeral foi um dia triste, como são todos, eu sei. O meu Pedro é aquele meu avô. Cada vez mais se parece com ele: o feitio, os jeitos, as irritações,  a dureza do discurso, a postura física,  os dedos finos, etc. Sarreiro ambos. 
Em 2025, o tempo chegou a parar durante os 15 dias da ilha. Um dos melhores tempos do ano. Um tempo para termos tempo para nós,  para aqueles que queremos muito. Somos uma família coesa de 5 ali. Nada nos bate ou para. Nem o tempo. Ou não, porque são 15 dias que passam também num abrir e fechar de olhos.
E houve Roma em 2025. Caminhámos juntos, rimos e cansámo-nos muito. Se algo der errado entre nós os 4, obrigar-me-ei a comprar bilhetes para todos para um local qualquer. Ir será sempre a melhor coisa. Ainda sobre Roma, sei que vai soar cliché,  mas a Basílica de São Pedro impressionou-me muito, pela grandeza, pelo silêncio, pela sensação de pequenez. Talvez ali o tempo também tenha abrandado. 
2025 teve livros, concertos, filmes, séries,  vinho, o Avante e a sensação de liberdade que nós dá, as pessoas, umas mais recentes do que as outras de sempre, mas que importam e que me fazem perceber que o tempo, com elas ao lado, é bem passado.

Edit: Em 2025, soltei o Ché que há em mim. Rio-me agora, mas no momento, pfff, que medo, que desafio e cheguei a ver uma estrela cadente no céu e pensar "não quero ir presa"! (Agora é tudo tão ridículo e risível!)





Comentários

Carolina disse…
Que maravilha de balanço! Dos melhores!
Carolina disse…
O teu edit “Preciously“