Fazer amigos

Temos saído nesta época festiva lisboeta com várias pessoas. Encontramo-nos na praça, junto à barraca do clube de futsal do miúdo mais novo. 

Não temos muitos amigos por minha causa. Sou uma pessoa anti-social e introvertida por natureza. Para além disso, às vezes, as pessoas aborrecem-me e eu também acho que aborreço os demais. Mas, de repente,  gosto de estar com alguns daqueles pais, cujos filhos andam no futsal com o Pedro, em tudo diferente de nós, mas todos com sentido de humor. Vejamos:

Há a família conservadora e católica, profundamente generosa e interessante. E quase queque também. Sou fã deles. 

Há a família liberal, super instruída e positiva, com gostos semelhantes aos meus no que diz respeito à leitura.

Há a família comunista, militante a séria,  que nos perguntou já se tínhamos comprado a nossa EP e que consegue encaixar a palavra "coletivo" ou "coletividade" em várias ocasiões. 

Há a família tipicamente lisboeta, nascida e criada nos bairros típicos de Lisboa, que marcha. Com eles, aprendi a dizer "A Marcha é linda" sem ar de gozo. 

Há a família do bairro, que conhece toda a gente, como se Lisboa e os seus bairros não fossem mais do que a aldeia onde os meus pais nasceram. "O Dias, que casou com a filha da Celeste da Sé, que mora no Castelo, tem um filho que anda na Voz". Assim, tal é qual. 

De repente, sinto-me quase com 20 e a ficar stressada por conhecer pessoas novas. Ter de fazer amizades e criar redes de contatos nem sempre é fácil para mim. Sou mesmo bicho e não me apetece tentar mostrar quem sou. Ou fingir que sou quem não sou. Os meus pouquíssimos amigos de longa data já me conhecem e aceitam-me, sem máscaras. É complicado, simplesmente, vá. Ando eu assim há semanas neste dilema de querer conhecer mais detalhadamente aquelas pessoas e não os querer conhecer, quando somos convidados para ir jantar na véspera de Santo António uma sardinhada no pátio de um deles, num arraial improvisado. Fico sempre espantada quando alguém da nossa idade dá o primeiro passo para nos conhecer. Somos tão normais e eu tão bicho, que me espanta. Olha, vamos ver se me aguento com pessoas novas...



Comentários

Carolina disse…
Ah, como te entendo! Faz-se amigos ou tem-se um grupo de pessoas para socializar? Qual a fronteira? Há fronteira?...