Muito ou pouco

AVISO: Post a roçar a paneleirice e sem grande interesse.

Há perguntas às quais ninguém foge. Quem nunca teve de responder à pergunta "gostas mais da mamã ou do papá?"* que levante o braço! E num determinado momento da nossa vida, olhámos para os nossos pais e quisemos saber toda a verdade: afinal de contas, gostam mais de mim ou do mano?
Há pouco, o Tiago perguntou-me se gostava dele.
- Muito ou pouco?
- Muito, filho.
- E do Pedro, gostas?
- Gosto.
- Muito ou pouco?
- Muito.

Voltou à carga.
- Do Tiago, gostas muito?
- Gosto. Gosto muito. E do Pedro também gosto muito.
Pronto. Ficou satisfeito e calou-se.

Eu permaneci calada mas a pensar. Amo os meus filhos com a mesma intensidade mas de maneiras diferentes. Amo o Tiago de uma maneira ávida, que chega a doer e que não é muito saudável, emocionalmente saudável. Amo o Pedro de uma maneira mais tranquila, mais pura e mais saudável. Não consigo explicar melhor. É mais uma coisa que se sente do que se (d)escreve. Ou talvez não, mas eu não tenho grande jeito com as palavras.
Amo um pela sua meiguice. Amo outro pela sua força. Amo um pela sua perseverança. Amo outro pela sua ingenuidade. Amo um por ser crescido. Amo outro por ser bebé. Amo um por dizer "quero o teu sinal". Amo outro por encostar a cabeça ao meu ombro and so on...
[Eu avisei-vos que este post era de uma paneleirice pegada...]
Desta forma, constato que a minha mãe (como quase todas as mães) não me disse toda a verdade quando a confrontei com a minha pergunta. "Gosto de ti da mesma forma que o teu mano" é politicamente correcto mas não corresponde à verdade. Quando chegar a minha vez? Hei-de dizer exactamente a mesma coisa e acrescentar mais qualquer coisa como "tenho um coração grande onde cabem os dois". Gosto de paneleirices e floreado... . Si, hei-de dizer uma coisa dessas, sem detalhes, pormenores e afins. Complicam demasiado os relacionamentos.

* A gralha sabe a resposta e ousou dizer aquilo que muitos pensam!

Comentários

mãe pimpolha disse…
Eu aqui abstenho-me, ainda só tenho um não posso falar.
Beijocas
E.M disse…
Pois é... estou sem palavras. O meu amor pelo Gui transcende qualquer explicação... compreendo-te muito bem. O que importa mesmo é que eles sintam que são os nossos maiores amores e que estaremos sempre lá para eles... aconteça o que acontecer.
Já passei pelo "abismo" (tu sabes) duas vezes e não se concretizou. Agora, neste momento, sinto que não tenho coragem para tentar outra vez... é demasiado intenso. Tenho medo de não conseguir dar tudo de mim duas vezes!
Deus manda... de qualquer forma.
Boas férias ;-)
beijos
Madame Pirulitos disse…
Não acho nada que este seja um post a roçar a paneleirice.

Deve ser como a menopausa: todos sabem que existe mas ninguém quer falar nela.

Sim, há muita culpabilidade por não se sentir a mesma coisa, da mesmíssima maneira por todos os filhos.
Maria João disse…
E quando estavas grávida do 2º filho não tiveste medo de não o conseguir amar como amas o 1º???
Tella disse…
Sim. Até senti peso na consciência por não sentir a mesma euforia que senti pela primeira gravidez.
Tella disse…
Tens toda a razão, há muita culpa por não sentir da mesma maneira...
Patrícia disse…
Como eu te compreendo!
Tão verdade nas tuas palavras!!!

Bjs