Leituras de Setembro

No outro dia, entrei numa livraria e senti saudades do livro físico. Não me apetece agarrar no meu kobo neste momento. Não estou a ler nada agora porque não me apetece.

Livro 35 /2024: "Uma rapariga judia em Paris" de Melanie Levensohn. No outro dia, há meses, nos CTT, enquanto esperava pela minha vez, folheei o livro. Prendeu-me logo porque dizia, na badana, que a personagem retratada existiu, desapareceu durante a segunda guerra mundial e que a família fez uma investigação para a encontrar, sem sucesso. A partir dos documentos,  a autora retrata o que lhe aconteceu.  Gostei do livro e dei-lhe 4 estrelas. 

Livro 36/2024 : "Le jeune homme" de Annie Ernaux. Sem pudor, a autora descreve a relação amorosa que teve com um homem 30 anos mais novo do que ela. Annie, sempre genial. 5 estrelas. 

Livro 37/2024: "A Canção do Rio" de Eleanor Shearer. É a história de uma escrava que foge da plantação onde trabalha, numa ilha do Caribe, e decide ir à procura dos filhos. Não me cativou nada. As personagens são muito lineares. Nunca consegui sentir empatia por elas. 3 estrelas. 

Livro 38/2024: "Triste Tigre" de Neige Sinno. É um testemunho comovente e muito duro, com linguagem chocante e imagens cruas sobre o abuso sexual que a autora sofreu durante a sua infância e adolescência.  É paralelamente uma reflexão pertinente sobre a pedofilia e os abusos sexuais. 4 estrelas. 

Livro 39/2024: "Lenços pretos, chapéus de palha e brincos de ouro" de Susana Moreira Marques.

Comprei o livro na primeira semana de agosto, mas o processo para descarregar o epub no meu kobo foi complicado. Os livreiros da Bertrand foram super atenciosos e prestáveis para ajudar a Dona Clotide cá de casa, que comprou primeiro o ficheiro errado,  depois que não sabia que tinha de instalar um software específico, nem mexer nele e mais o diabo a sete. Pfff... Abençoada FNAC que envia o ficheiro por email ou abençoado livro que compras e só tens de abri-lo a ler! 

Este livro é um ensaio ou uma reflexão (pertinente e poética) sobre as mulheres retratadas em "As mulheres do meu país" de Maria Lama (1947-1949) e as mulheres de hoje em dia. Quem foram elas? O que faziam? Que palavras diziam sempre? ("Escrava" é uma delas...). O que carregavam nas mãos? (Filhos, cestas, fardos...). 

Eu, que fui ver a exposição sobre "As mulheres do meu país" para encontrar o rosto das minhas antepassadas naquelas fotografias, encontrei-as neste livro. 5 estrelas.

"É um ensaio sobre os textos que as mulheres nao escreveram e as vidas que elas nao viveram, e que poderiam ter mudado a visão da História."

Comentários

Anónimo disse…
Eu também tenho saudades dos livros físicos. De andar para trás e para a frente. De ter o todo num só olhar. Até o ritual na ilha de escolher o livro dos poucos que foram escolhidos para serem lidos na ilha. De os envolver naquele papel pardo que os protegia de tudo. Foi com nostalgia que acolho aquele comentário do Tiago nestas férias sobre esse meu ritual. O que poderá ter para o riso também poderá ter para o saudosismo. 😃
Anónimo disse…
Bom, isto saiu anónimo mas sabes que sou eu! Lol