Hoarders

 Não sou uma acumuladora.

Em casa, não vive nenhum acumulador, mas o pai cá de casa tem um pouco essa tendência. Não se desfaz das coisas ora porque são lembranças ora porque podem fazer falta daqui a 20 anos! Não chega obviamente a ter nenhum transtorno nem a minha casa é uma pocilga!

(As nossas zangas já passaram muito pelo prego ou a revista da Exame Informático de 1999 que quer guardar, just in case! Se ele lesse o blog, escreveria nos comentários qualquer coisa como "Mas quando a mãe cá de casa quer que eu arranje/pinte/resolva/faça não sei o quê, não compro nada, reaproveito o que tenho...")

Por causa da ideia que tudo nos pode fazer falta no futuro, os meus filhos seguem as pisadas do pai. Há muitos anos, com 6 ou 7 anos, o Tiago passou em frente a uma caixote de lixo, na Ilha de Armona, e trouxe para casa uma base para fazer tarte, dizendo qualquer coisa como "está como nova. Podemos fazer uma tarte!" Percebi, nesse dia, que tinha perdido os meus filhos no que ao desprendimento às coisas diz respeito.

Já eu, senhoras, deito tudo fora. Não guardo nada! Ele é a prenda do dia de mãe que acabou invariavelmente no lixo no final do dia em que a recebi, os desenhos das crias, os botões que se saltam, as tralhas que não uso, etc. Não dou valor aos objetos.

Há, no entanto, uma coisa que acumulo: ficheiros. Guardo mil fotos idênticas nas minhas drives, notas de alunos do ano letivo 2004/2005, testes, fichas super ultrapassadas, listas online, etc. Tenho pen's e drives com documentos para os quais não olho há anos, coisas que nem sei que tenho, na verdade. Isto tudo para vos dizer que agora alarguei a minha pancada com livros. Descarrego livros como se não houvesse amanhã só porque estão disponíveis*. Em 15 dias, arranjei 72 livros. Há uns que já li, que até tenho em livro físico, mas parece-me mal não os ter na minha biblioteca virtual! Há outros que descarreguei quase sabendo de antemão que não os irei ler.  Que loucura! 

Passo horas a organizá-los no Calibre, horas essas em que podia ler, efetivamente.

O conceito de hoarders virtuais já existe? 

(* eticamente reprovável, eu sei, mas eu já não compro livro há muito tempo. Era uma leitora de biblioteca! )

 

 


Comentários

Mary QA disse…
Ri-me com este post.
Filomena disse…
revejo-me no que escreveste (filhos e marido acumuladores, eu mais desprendida mas com tendência a acumular centenas de ficheiros de livros).

Isso do calibre funciona?
Tella disse…
Funciona. Eu sou uma pessoa que gosta de listas. Como sou muito desorganizada, ajudam-me. O calibre é uma ferramenta que me ajuda a controlar a desorganização.
Unknown disse…
Mas quando a mãe cá de casa quer que eu arranje/pinte/resolva/faça não sei o quê, não compro nada, reaproveito o que tenho...