Do futsal

 O rapaz foi convocado uma segunda vez para mais um treino de observação dos sub13. Disse-me que tinha corrido bem. Quis ter uma rede social para partilhar com o mundo a sua convocatória.  Fiz-lhe a vontade. A professora de CN já sabia das datas dos treinos e do torneio. Ele comentou que a turma ia ao teatro com a professora de português no dia em que ele não estaria na escola, mas ao serviço da seleção. Já se via lá,  a jogar. 

Pára tudo, pensei. 

Percebi que tinha as expetativas demasiadas elevadas. Já tinha a certeza que ia passar as fases todas. Relembrei-lhe que os adversários dele eram do Benfica e Sporting,  supostamente os melhores. Ui, o que fui fazer. Zangou-se muito. "Pára de dizer que não vou conseguir. Irritas-me!". Lembrei-me das palavras da Carolina e pedi desculpas. Expliquei-me, mas a irritação dele era visível. 

Entretanto, não foi convocado. Quando o pai cá de casa o informou,  foi para o quarto atirar coisas à parede, a chorar. Não falou com mais ninguém. Fechou-se na sua bolha. Não quis abraços, não quis falar. Nada. À noite, deitou-se ao meu lado e, parva, mencionei que não era importante, que já tinha conseguido muito e que para mim, ele era o melhor. Ui, virou bicho. Saiu da cama a dizer "Podes parar. É que não percebes nada!"

Talvez tenha razão, mas o que percebo é que esse meu filho anda muito nos limites nas suas emoções e não sabe lidar com a frustração. Essa parte é, a mim, a que me preocupa mais. 


Comentários

Carolina disse…
Só me ocorre uma palavra: empatia, para com a frustração do Pedro. Terá muito a aprender nas lides com a frustração. Quem não? Até nós, os adultos… deu o melhor de si e abriu uma porta… não sabemos se os outros são melhores ou se apenas representam um « negócio » desportivo…
Mary QA disse…
Um abraço para ti, e outro para ele.
Onde foi que ficou o manual de instruções da parentalidade, mesmo??