De 2015

2015 foi o ano em que corri 292 km (e sim, hei de chegar aos 300 km ainda este ano). Foi o ano em que vi que posso sempre ultrapassar os meus limites, que me viu fazer a minha primeira prova de 12 km e me inscrever para uma de 21 km. Foi o ano em que ensinei aos meus filhos que tudo se consegue, através da corrida também "e que não se desiste, não é mamã?". Foi o ano em que deixei de fumar, rumo a uma vida mais saudável. Em 2015, li apenas 9 livros e meio. Apenas 9 livros porque pareceu-me que houve sempre coisas mais importantes a fazer: correr à noite, ver séries com o pai cá de casa, ler blog's e, claro, as redes sociais, que ocuparam demasiado tempo em 2015. Foi um ano cheio em personagens de séries, com as do Breaking Bad a liderarem a preferência. Foi em 2015 que fizemos um seguro de saúde porque os 40 aproximam-se e mais vale prevenir que remediar. Em 2015, tive 15 dias maravilhosos de praia com as pessoas de sempre. Foram também dias de grande sofrimento para o meu corpo, com uma PT que me obrigou a dar muito de mim. Estou-lhe grata por isso. Foram dias que passaram demasiado rápidos, ao contrário dos outros anos. Em 2015, o meu Tiago foi para o 3º ano, para uma professora mais exigente (mas não menos competente do que a anterior). Tendo em conta que o 3º ano, dizem, é o mais complexo, vi, com uma certa surpresa e orgulho, o meu filho tornar-se um bom aluno e ter notas muito boas. Mas 2015 é também o ano em que lutei em vão para que ele soubesse a tabuada e... nada. 2015 foi o ano em que percebi que o meu Pedro gosta de trabalhos manuais, de desenhar e de aprender chinês. É também o ano em que percebo que está cada vez mais perspicaz mas também mais relegado para segundo plano. Em 2015, percebi que o irmão o abafa e que a família não lhe dá tanta atenção como ao irmão. Percebi que muita gente olhava para ele sem ver a maravilha que é. Se no início me custava ver isso, agora vejo que ficam todos a perder em não o VER verdadeiramente. Ele não se importa. Como sempre, prefere o mundo dele, onde nos deixa entrar, ao nosso mundo, onde nem sempre quer entrar.
Em 2015, numa tarde de sol, olhei para o meu marido, que tocava e cantava em conjunto com a prima, e o meu coração voltou a acelerar. Olhei para os seus olhos, sempre tão serenos e gentis, e voltei a cair na cantiga dele. Sim, em 2015, voltei a apaixonar-me pelo pai cá de casa.  
Em 2015, tornei-me numa pessoa que liga muitos aos gatos. A MJ diz que me tornei uma cat lady. Que seja. Foi, por isso, o ano em que o gato James entrou na nossa casa. Tornei-me também numa pessoa que liga cada vez mais à família: ao mano , sobrinha e cunhada, aos pais, aos sogros, mas também aos tios e primos e filhos de primos, etc. Percebi que estou bem quando estão mas sobretudo que fico inquieta quando alguma coisa fora de normal acontece com eles. Percebi o que é ser 100% fiel a um amigo com um episódio da Anatomia de Grey, quando a Meredith pergunta ao amigo dela "o X fez-te mal. Não quero saber o que é. Diz-me só: é para não gostar?". Um amigo é isso. Está ali, no matter what.
Mais uma vez, este ano não modificou a minha postura com o trabalho. Gosto do que faço mas não sei lidar com as pessoas que me rodeiam. Vivo demasiado as tricas de pessoas que nem sempre são corretas e muitas vezes envolvo-me em coisas que não devia. Continuo demasiadamente ingénua. 
Sinto que 2015 foi o início da minha maior radicalização quanto à comida. Em 2015, comecei a pensar em deixar também de comer peixe. Mas não passei da ideia. 
Coisas más? Houve. Claro que houve! Por exemplo, ando com cada vez mais dificuldade em falar corretamente, isto é, ando a trocar as palavras todas. Digo cozinha quando na verdade quero dizer sala OU digo sapatos quando quer dizer calças ou ainda anda quando quero dizer deita-te. Estou cada vez pior. No outro dia, até soltei um "caral**, que não consigo falar!", cheio de raiva. E sim, para mim, isso preocupa-me porque as pessoas nem sempre me percebem e porque noto que estou a piorar. A minha mãe é assim também. Diz alhos quando quer dizer bugalhos e ninguém consegue perceber inteiramente um diálogo com ela. O que vale é que fala pouco. Houve muitas coisas más mas, como disse uma amiga minha, foco-me nas coisas boas e esqueço-me das más. Em 2015, fiz isso também e as más estão meias esquecidas. 
Em 2015, lembrei-me sempre da minha Joana, com quem falo, por vezes: quando ponho base (porque numa casa de banho da escola, estivemos a pôr base mal e porcamente, com as mãos  como as pitas), quando compro umas botas ou quando visto o meu casaco vermelho. É das poucas pessoas da minha vida que partiu mas que continua cá estar. Ah! E sempre que vejo uma pulseira daquelas das mães de nossa senhora do bonfim (?), sorrio.
Por último, em 2015, escrevi, creio, o meu maior post. Este!    

Comentários

carolina disse…
brutal, Cristele! Chorei, ri, sorri, e adorei ao ler este post!, as sensações que um bom livro provoca!
Isa disse…
E eu li-o todo!!

Foi um ano bom, de muitas decisões importantes, de muitas conquistas... Continuas a provar que és uma pessoa forte e de coragem! Esquece os teus receios e incertezas! Tu podes tudo! Basta quereres!
Tens uma família linda e maravilhosa da qual tens bem motivo de te orgulhares!
Não te conheço pessoalmente... mas gosto de ti porra!!
Que 2016 seja um ano ainda melhor!!
Beijo enorme
Raquel Ribeiro disse…
Um ano pleno! Sem duvida! Mais um ano em que te acompanhei aqui... E em 2016 cá vou continuar!
Beijinhos
Mariah disse…
Tão bom!!! Gosto tanto de ti Tella :) Bom ano.