Mais um post sobre a primária*

Depois de mais umas cenas dramáticas do meu filho mais velho, que desatou a chorar a bater à porta (de vidro) do gabinete e a dizer coisas como "quero ficar contigo, não quero estar na escola". (que momento triste para mim e para ele...enfim...) ou de querer sair do portão da escola, aos berros a gritar por mim e a dizer "quero ficar contigo mamã", fui falar com a professora. 
Mas antes de falar com a prof dele, encontro a professora de desenho que me diz, sem eu perguntar nada, que gosta muito do puto e que ele está super feliz na escola! Oi? Continuou dizendo que ele era inteligente, quer dizer, não era sobre-dotado, mas era inteligente, rápido no raciocínio, mas sempre a dizer que não conseguia realizar as tarefas propostas, alegando inclusivamente, que estava naquela escola há pouco tempo... Acha ela que não é manha, é um pouco inseguro. Disse ainda que era muito distraído, conversador e malandro, dizendo coisas com graças no meio do ateliê e outras sem graça nenhuma. Contei-lhe então das cenas dramáticas dele. Ela respondeu-me que devia ser chantagem emocional e que de facto ele é assim meio estouvado, mas que também é sensível... 
A professora dele disse-me que ele era muito distraído, que se distrai com tudo. Mudou-o de lugar, afastando-o da janela para não ter vista para o pátio onde uma folha a dançar com o vento era motivo suficiente para o levar para outro sítio. É lento a fazer os trabalhos mas que entende que tem o seu ritmo, até porque, dizia ela, "é uma pena ele ser tão distraído" porque ele tem uma boa cabeça, um rapaz que pensa bem. Para que ele se concentre e faça aquilo que é pedido, tem de estar na mesa da professora, como ontem ou hoje, em que fez tudo marabilhosamente (a prof é do Porto) bem. Ele é esperto, é inteligente, mas não pode ser tão brincalhão. "Tudo é brincadeira para ele!". Entretanto chega o Tiago e ela diz-lhe "Tiago, tu sabes que a primária é um comboio. Queres entrar, não queres?" E ele riu-se e ela acrescentou "se for preciso, dou-te uma galheta!" e os dois desataram a rir. Uma boa onda entre eles! 
Falei-lhe dos dramas dele. Ela confirmou-me que ele brinca com todos mas que tem necessidade que todos gostem dele. E por vezes, faz cenas tristes para ser aceite pelos outros. Os amigos dele estão em 50 mil atividades extra à hora de almoço e é aí que ela o sente mais sozinho, mas 5 minutos, se tanto porque ele vai para a biblioteca ou vai ter com os outros e infiltra-se.
Resumindo e concluído que este post já vai longo, o meu filho é um drama queen, qualquer coisa para ele é uma tempestade (raio da genética pá, que isto vem de mim). desmamar o puto da minha porta, fazê-lo ver que a escola é o meu local de trabalho e que ele não pode ir ter comigo com essas coisas.

Estou mais aliviada.

*eu não dizia, há um tempo, que a primária era um tema tão vasto como a amamentação!

Comentários

Mariah disse…
Mas é que é mesmo Tella, está ao nível da amamentação.
Isa disse…
Fico contente por não se passar nada de grave! Não te preocupes que essa reação do teu pequenote é muito comum! Há crianças que sentem a necessidade de saber que todos gostam delas e ficam frustradas quando se apercebem que a realidade não é bem assim. Com o tempo ele acaba por compreender e aceitar melhor essa situação e as birras atenuam!
Beijinhos
Gaivota disse…
No início do ano lectivo o meu filho vinha para casa a choramingar que os outros lhe chamavam nomes e lhe punham alcunhas por causa da altura e que não sei quem lhe tinha batido, etc... De início fiquei preocupada, mas em várias situações em que estive na escola observei o comportamento dele e percebi que aquilo era tudo um grande exagero e que ele gostava de contar as coisas para nos afligir, porque adorava a atenção que lhe dávamos a seguir.

Não é exactamente o caso do teu, mas tem aí umas pontas parecidas. Eles exageram sim, e nem todos os momentos são maus, mesmo quando há realmente momentos maus. O que eu fui percebendo é que ele não é nenhum santinho e que se leva, também dá e tenho tentado que ele aprenda a relacionar-se com os "mauzões" de outra forma e, acima de tudo, aprenda a relativizar. Nem sempre resulta, mas vamos tentando.

Também me dizia que o professor lhe dizia que ia chumbar porque se portava muito mal e afinal na reunião o professor disse "apenas" que ele e a colega do lado conversavam muito, e pouco mais, assim como comentou aspectos de todos os alunos, elogiando-os a todos e relativizando as poucas diferenças de desempenho e de aprendizagem, justificando com diferenças nas fases de desenvolvimento, fazendo mesmo um aviso de que não era saudável exigir demasiado ou compará-los entre si. Gostei do que ouvi. Até porque o ritmo de aprendizagem e a evolução dos miúdos tem sido muito grande.

Também me lembro da minha escola primária e da enorme dimensão que as coisas tinham num dia, para depois se transformarem em nada.

Ainda bem que ficaste mais aliviada. Estes miúdos dão-nos cabo da cabeça, mas suspeito que faz parte e que são todos um bocado parecidos ;)
sofia disse…
(ai o que me espera.....)
mas ainda bem que ficaste mais aliviada
eles são uns safados e afinal é só uma tempestade num copo de água :)