Livro 30

"A Peste" - Albert Camus

Há mais de 20 anos, quando entrei na faculdade, uma colega acabada de conhecer começou a citar-me, em francês, o primeiro parágrafo do livro "L'étranger" de Camus. Achei a capacidade de recitar parágrafos uma coisa incrível, assim como o facto de alguém tão jovem já ter lido Camus. Li-o pouco tempo depois, só para não me sentir tão ignorante. Hoje recordo-me apenas da primeira frase "Maman est morte" e de não ter gostado do livro. Demasiado filosófico. Too much para a Tella de 20 anos. 
Li agora "A Peste " porque falei deste episódio à Carolina nas férias e com a conversa, veio a vontade de dar mais uma oportunidade a Camus.

"A Peste" fala de uma cidade, na Argélia Francesa, nos anos 40, onde começam a aparecer milhares de ratos mortos. De seguida, há pessoas mortas, vítimas de Peste. A cidade é fechada ao mundo. As cartas são proibidas para evitar contágios. As medidas profiláticas nem sempre são aceites pelos habitantes. Há quarentena para quem contactou com doentes. Há médicos fatigados. Há números semanais sobre as vítimas da peste. Há preços inflacionados. Há quem tente o contrabando. Há o medo.  Há os rostos crispados. Mas não  há mulheres, sem ser duas mães. Todas as outras estão ausentes. Deve dizer alguma coisa, mas não sei qual. Não cheguei lá.
O livro fez lembrar estes dois últimos anos...

É um livro filosófico também sobre a procura da paz, da felicidade, da morte e de deus. É sobretudo um livro monótono.
Apesar da pandemia, é um livro que acaba com esperança: 
"...O que se aprende no meio dos flagelos: que há nos homens mais coisas a admirar do que a desprezar."
Opiniões. 

Dito isso, dei-lhe 3 estrelas, aquele 50 % puxadinho, quase para não me sentir ignorante perante uma obra incontornável, dizem, da literatura contemporânea.

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