Dia 50

O meu quinquagésimo dia de isolamento coincide com o primeiro dia de desconfiamento. 50 é o número certo para abrir a porta à normalidade mas também para pôr um fim o meu diário. Este será o último* #diariodocovid. 

(Re)lendo os 50 diários mais uns quantos "coisas boas do isolamento social" e tendo em conta que o objetivo inicial era ver a minha evolução, percebo que chamar evolução ao que me aconteceu é capaz ser um exagero. Senão vejamos: 
1) a inconsistência é o meu nome do meio,
2) demorei um certo tempo a relativizar as questões do trabalho/ensino à distância;
3) panico em demasia; 
4) se não fui ao hospital por causa do Covid, ainda posso lá bater com os costados por causa de uma cirrose;
5) passei de "isso não há de ser nada" para "isso é o fim do mundo" num ápice (o tal panicanço); 
6) continuo sem respostas para o mistério que envolve o meu chão constantemente sujo; 
7) olhei mais para dentro de mim e descobri que tenho várias Tellas;
8) serei umas das primeiras a cair em combate, em tempo de guerra real e cruel;
9) redescobri um certo prazer em dar aulas apesar da loucura inicial;
10) gosto de andar com as maminhas ao léu;
11) gosto de escrever coisas que me fazem rir porque rir será sempre uma coisa maravilhosa;
12) aguentamos sempre mais um pouco ou como diz o Stromae "quand il n'y a plus, b'en il y en a encore".
13) sou péssima jogadora da sueca. 

 Diverti-me bastante a escrever estes posts, uns mais do que outros. Escrever ajudou-me a panicar menos também e, cá entre nós que ninguém nos ouve, comecei também a pensar que  escrever parvoíces atrás de parvoíce podia ajudar quem está do outro lado do ecran a panicar menos. Durante o mês de Abril, passaram por cá 4200 pessoas. Eu, Tella Marie, fico assim tipo emocionada a olhar para estes números. Devem significar que foi tão bom para vocês como foi para mim. Ou não e é na boa! 

* Continuará a haver updates destes tempos mas não serão diários e haverá outros post para além do Covid. 

Comentários

Carolina disse…
Muito bom!
A malta gosta disto, não quer saber daqueles blogs com publicidades a marcas disto e daquilo, mais a promoção aqui e acolá. Continuas a essência inicial da era dos blogues (quando ainda eram blogs) e isso é que dá autenticidade e sentido a ter um blogue.