Tenho uma história com Mandela

Devia ter os meus 12/13 anos e estávamos a desenvolver a competência da escrita. O professor mandou-nos fazer uma biografia sobre uma pessoa que fosse muito importante para nós. 
Nessa altura, Mandela tinha acabado de sair da prisão e não se falava de outra coisa na televisão e em casa. A minha mãe era fã dele e a França, pais onde cresci, tinha feito um boicote comercial à África do Sul. Não sabia o que era. A minha mãe explicou-me tudo. Também me disse o que era o apartheid e como eram tratados os negros. Lembro-me que no início, nem queria muito acreditar naquilo que ela me dizia. Era mesmo possível sentir tanto ódio por alguém baseado na cor da pele?
O Mandela era um herói lá em casa.
Por causa disso, quando o professor nos pediu para escrever sobre alguém importante, não hesitei. Fiz um trabalho sobre ele. Deu-me muito trabalho porque não havia Internet e os livros em casa eram nulos...Mas fiz com muito orgulho e muitas vezes com as lágrimas nos olhos.
No dia da entrega do trabalho, percebi que o professor tinha pedido uma biografia sobre uma familiar importante. Ups, essa parte do familiar tinha-me escapado (por vezes, eu também desligava das aulas...). Entreguei na mesma a biografia ao professor que a aceitou alegando que o Mandela era o pai da Humanidade!
Wow, os outros tinham feito um trabalho sobre o pai ou a mãe e eu tinha o Pai da Humanidade. Estava radiante!

Ontem, quando soube que tinha morrido, voltei a verter umas lágrimas, afinal de contas o meu pai da humanidade tinha partido. 

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