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Livro 31 - 2025

 "Os Lobos" - Tania Ganho Livro bem escrito que aborda temas difíceis,  como o cyberbulling, a pedofilia e a solidão. Fala de lobos também. Ficamos logo a gostar deles, sobretudo quando os comparamos a certos homens. Conseguem ser verdadeiros animais.    Não é um livro espetacular, mas conquista-nos através das personagens e das suas vivências e de pequenos pormenores: referências a vários escritores,  escrita meticulosa e uma coisa muito fixe que é a juncao da realidade à ficção. (  Uma das personagens tira fotografias ao que vê e publica as fotos numa conta do Instagram que existe  aqui . O máximo!) 4 estrelas. 

Quando é que sabes que não vais para nova?

Escrevo este post ainda em choque pela descoberta feita, hoje, numa aula do 5º ano... - Professora, a minha mãe disse-me que foi sua aluna de Francês.  - Deve estar a confundir com outra professora. Não terá sido com a professora J.? - Não. A minha diz que foi sua aluna. - Huuum, não pode ser... Que idade tem a mãe? - 33 anos. ( Entrei cá em 2003, com 23 anos. Ela tem 33 anos, quer dizer que X=Y elevado ao cubo +2x... A minha cabeça deu um nó com as contas. ) - Como se chama a mãe? - perguntei. Ela responde. De repente, olha para a miúda e vejo a mãe. Duas gotas. Foi minha aluna, sim senhora.  Já sou professora de crianças cujos pais foram também meus alunos. Já faço parte do património da escola? Sou uma velharia? Sou um clássico? Um choque,  n'est-ce pas?

Livro 30 - 2025

"O peso do pássaro morto" -Aline Bei Embora recomendado pela Sofia, e a Sofia só me recomenda livros bons, demorei a pegar no livro. Há mais de 6 meses que ela me vai dizendo: -  Lê, a sério, vais gostar muito! E eu, je ne sais pas pourquoi, não me apetecia... Mas hoje, sábado,  acordei às 5h, com uma urgência em começar o dia, em fazer coisas. -  Sossega o pipi, Tella! - disse de mim para mim. - Daqui a nada, não aguentas o dia e ficas ko.  Fiquei então na cama e lembrei-me da Aline Bei. Comecei a lê-la, pensando que ia adormecer, mas nada disso aconteceu. Que arrebatamento! É um livro que tem um ritmo certo, uma cadência que embala e que nos entristece. A prosa é linda, poética. Conta-nos a história de uma mulher dos 8 aos 55 anos e de como uma experiência traumatizante nos pode matar por dentro. Estou aqui com um vazio, com um nó na garganta. Pfff, que livro bom!

Livro 29 - 2025

 "O sonho do jaguar" - Miguel Bonnefoy É uma saga familiar venezuelana, com um início que nos prende logo : um recém-nascido é abandonado nas escadas de uma igreja, ao lado de uma pedinte. Seguimos a vida dessa criança e da sua família ao mesmo tempo que acompanhamos a história da Venezuela.  Gostei, mas achei que as personagens foram trabalhadas superficialmente e que havia muita coisa à la García Marquéz. Tanta coisa que estava sempre a comparar e achar pouco, do género "ele teria feito mais e melhor!", porque Gracía Marquéz só há um.  Dei-lhe 3,5. Não dei 4 talvez por ter arrastado a leitura durante um mês por causa do excesso de trabalho, da falta de tempo e dos videos estúpidos de gatinhos e afins do Instagram! (Quem nunca?) Mas vale a pena. 
 No meu local de trabalho, gostava de ser uma pessoa com uma resposta pronta na ponta da língua. Quando me dizem umas coisas que considero injustas,  desfasadas da minha realidade ou simplesmente idiotas,  gostaria de conseguir dizer algo que mostrasse o meu ponto de vista, que me defendesse e que conseguisse rebater o argumento contrário.  Sou incapaz de ter destreza mental para isso. Balbucio coisas superficiais que não dão a entender ao outro a minha visão e/ou que não gosto do tom ou do conteúdo com que se dirigem a mim. Não é um "ouvir e calar", é mais um "ouvir e dizer pouco".  ( Há uns anos, antes de fazer psicoterapia,  seria um "ouvir e chorar", um clássico da minha vida de outrora em momentos de confrontos .) Depos desse "ouvir e dizer pouco", fico atormentada. Fico a remoer durante horas o que foi dito e o que deveria ter dito. E fantasio diálogos imaginários em que sou a maior a defender-me.  - Isso, Tella - penso eu - assim é que  se...

O drama do chamado middle age*

 Ir trabalhar e deixar os óculos de ver ao perto em casa... (*Expressão usada pelo meu mais novo quando fala da nossa idade.)