No meu local de trabalho, gostava de ser uma pessoa com uma resposta pronta na ponta da língua. Quando me dizem umas coisas que considero injustas, desfasadas da minha realidade ou simplesmente idiotas, gostaria de conseguir dizer algo que mostrasse o meu ponto de vista, que me defendesse e que conseguisse rebater o argumento contrário. Sou incapaz de ter destreza mental para isso. Balbucio coisas superficiais que não dão a entender ao outro a minha visão e/ou que não gosto do tom ou do conteúdo com que se dirigem a mim. Não é um "ouvir e calar", é mais um "ouvir e dizer pouco".
(Há uns anos, antes de fazer psicoterapia, seria um "ouvir e chorar", um clássico da minha vida de outrora em momentos de confrontos.)
Depos desse "ouvir e dizer pouco", fico atormentada. Fico a remoer durante horas o que foi dito e o que deveria ter dito. E fantasio diálogos imaginários em que sou a maior a defender-me.
- Isso, Tella - penso eu - assim é que se fala!
Vou resolvendo (ou fingindo resolver) as situações com uma realidade alternativa. Ensaio uma Tella mais confiante, na esperança de um dia as palavras certas chegarem no momento certo ou na esperança de avançar e deixar merdas coisinhas sem importância para trás (ou debaixo do tapete...)
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