[Mais uma pessoa a falar do] Apagão

Estava no intervalo das aulas quando a luz se foi abaixo. Disseram-nos para estar atentos ao relógio porque não haveria toque de entrada. Às 11h45, vá, 11h48,  fui dar aulas sem luz até as 13h15, sem saber de nada. 

(Na minha escola, os telemóveis são proibidos há pelo menos 23 anos...Verdade.)

Achei no entanto estranho sentir o meu relógio a vibrar tantas vezes seguidas com chamadas do pai cá de casa. Pensei que se calhar tinha acontecido algo ao meu pai. 

A aula acaba, regresso à sala de professores onde posso, aí, mexer no telemóvel e ligo para o pai cá de casa que me avisa da situação, mas sem saber grande coisa. Russos, chineses ou o c@&%@lho, como dizia a outra.  Dizia-me ele no fim "despeço-me de ti. Foi bom estarmos juntos!". Rimos.

 Logo de seguida, fico sem telemóvel até as 23h00. 

Suponho, e bem, que os miúdos estão a caminho de casa de autocarro. 

Dou aulas até às 15h15, com apenas 13 alunos. Os outros foram para casa. Um pai apareceu à porta da escola a gesticular, gritando que tinha visto três navios de guerra no Teja. As drogas, às vezes, pá,  são muito marradas...

Demoro 2h30 para chegar a casa. Vivo a 5 km do trabalho. Foi o caos. A rádio Antena 1 acompanhou-me durante o trajeto.

Em casa, o meu mais novo tinha lido um pouco o "Manifesto Conunista"  e estava a fazer uma maquete de uma casa com caixas de cartão.  Não fazia dessas coisas desde o 6°ano... Tenho um filho tão estranho diferente. O mais velho adormeceu e eu também.  Apaguei com o apagão até às 20h. Deduzo agora que foi a falta de café ao almoço. 

O pai cá de casa foi à garagem buscar o fogão do campismo que utilizávamos há 25 anos e que ainda funciona e fez um belo jantar. Bebi vinho nesse jantar. Bebo sempre vinho quando vivemos momentos de incertezas. (Lembrai-vos do confinamento e dos meus post onde havia sempre muito álcool....) Também tinha umas luzes LED com autonomia para 24 horas, que funcionam por Bluetooth e com íman. Dica para a sobrevivência: arranjar parceiro ou parceira que vos ajude a sobreviver em situações de crise e que vos permita dormir o tempo todo desscansada. 

Fomos desencantar jogos de tabuleiro e divertimo-nos até ao regresso da Internet. Aí,  foi vê-los abandonar "rapidemante e em força",  como dizia aquele velhaco, o jogo e ficarem hipnotizados com os ecrãs.  Eu também,  na verdade. 

Definitivamente, temos de arranjar um rádio a pilhas. Já sei que vou arrastar a ideia durante semanas até me esquecer, mas também sei, de certeza, que o pai cá de casa vai fazer aparecer um muito em breve. 

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