(Mais) um relato de futsal

 Como sabem, o meu mais novo está na Final Six (termo inventado por mim) da distrital de Lisboa. Os melhores querem ser campeão de Lisboa. 

Sábado, tive mais uma conversa com o Pedro para baixar as expetativas. Ia jogar contra o Benfica, na Luz. Estipulamos um número : 15, ou seja, a partir do 16º golo sofrido, seriámos efetivamente derrotados. Sei que sou profissional a baixar as expetativas, mas da última vez, sofremos 8 ou 9 golos do Benfica e doeu muito. Percebi que não íamos repetir o empate.

Fomos tranquilos, certos da derrota.

 Num pavilhão com cerca de 120 pessoas - sendo que a nossa claque, composta por mães e pais, não chegava aos 20 -  a Luz sentiu um verdadeiro inferno devido às nossas vozes que não se calaram um segundo. Nem um segundo! O Pedro disse-me depois que só conseguiram jogar tanto por causa das nossas vozes. 

Os nossos cânticos, que nunca ofenderam ninguém, começaram a enervar a claque encarnada. Começaram a não gostar da nossa alegria e do jogo dos nossos miúdos. Os ânimos exaltaram-se e até a polícia foi chamada, mas adiante, isso não interessa nada e não faz jus à festa que deve ser o desporto.

O meu filho, mais uma vez, fez um jogaço. Mais uma vez, falhamos um penálti, raios, e mais uma vez o meu filho, capitão, foi abraçar a colega. Ele gritou tanto com os colegas, mas tanto, mas no bom sentido, a incentivar quem estava à frente, que parecia outro. Até me parecia mais maduro. 

No fim do jogo, os vermelhos estavam zangados, frustrados e vieram cumprimentar os adeptos cabisbaixos. Os nossos estavam  felizes e sorridentes. Só gostava que vissem o vídeo da festa deles nos balneários, no pós-jogo. Só lhes faltou Champagne para se regarem uns aos outros.   Senti um enorme orgulho naqueles putos, que fizeram ver o que é a felicidade e a entrega, apesar da derrota.

Sim, perdemos por duas bolas a zero. Apenas. E foi uma verdadeiramente vitória para nós. Para os outros, uma vitória é quando humilhas o adversário, é quando deixas o outro KO e isso, eles não conseguiram.