Ver ou não ver

O meu mais velho começou a queixar-se que não via bem depois do 1º confinamento. Ele diz que já no sexto ano se queixava. Não me lembro, mas talvez tenha razão.

Nunca dei importância porque o rapaz é exagerado, drama queen mesmo. Uma dor de cabeça é, para ele,  uma coisa insuportável, "doí-me taaaaaanto a cabeça" e toda eu reviro olhos por causa dos exageros e da incapacidade de aguentar a dor. (Jamais seria médica ou enfermeira. Adiante.)

"Não vejo para o quadro", "pedi à stôra para mudar a planta da sala porque não vejo bem" etc. Houve mil dicas mas eu, nada; completamente cegueta. Na semana passada, caiu-me finalmente a ficha quando o rapaz perguntou ao meu pai quanto tempo faltava num jogo do Liverpool versus não sei quem. Não conseguia ver o tempo no écran da televisão. 

Marquei consulta. Tem miopia e astigmatismo. Pumba, mãe, embrulha. Há dois anos que o miúdo não via bem, que se queixava e eu, do alto da minha sabedoria de mãe, não acreditava nele. Hoje, no carro,  maravilhado com os óculos, dizia-me, "era mesmo pitosga!".

Desde quando me tornei num misto de mãe que desacredita nos filhos, que deixa andar as coisas e que se está meio a borrifar para o que importa? Ya, deixo a pergunta sem resposta...

[ai, eu que cheguei a pensar que o difícil da maternidade era dar mama...pffff... o difícil foi, é e será sempre, para mim, o sentimento de culpa.]

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