A culpa

O sentimento de culpa que se apoderou de mim desde que fui mãe e que se intensificou com a chegada do meu mais novo nunca me deixou. Está sempre cá, a relembrar que o Pedro é magro porque se calhar insisti quando não devia no leite materno, porque não fui à procura de uma outra solução para ele, quando ele ficava cada vez mais para trás na curva dos percentis. Ainda hoje, olho para ele e pergunto-me onde é que perdi o discernimento com ele. 

Há uns tempos que desconfiava que ele não estava a ouvir bem. Repetia muitas vezes "o quê?". Algumas pessoas diziam-me que era teimosia dele, que só ouvia quando queria e o que queria. Fizemos alguns testes caseiros, como por exemplo dizer "vou-te comprar uma prenda!" em meio tom e a verdade é que ele ouvia. Estás a ver? Ele ouve. Ele só ouve o que lhe interessa. Eu ficava sempre naquela...talvez, pois, não sei...e ele fala sempre tão alto mas sim, deve ser do hábito da escola, para se fazer ouvir e só ouve o que quer. De tanto dizer "o quê?", já me diziam que o rapaz estava viciado na expressão, como quem diz tipo ou , 50 mil vezes numa frase.  
Ontem, foi fazer uns exames. Realmente, o meu rapaz não ouve do ouvido esquerdo, quer dizer, ouve muito pouco. Vai ser operado. É uma coisa simples e vai ficar bem depois disso. 

E o sentimento de culpa por não o ter ouvido a ele e a mim. Ui...

Comentários

sofia disse…
Não fiques assim...
Quando ora ouvem ora não, aquilo que se pensa é efectivamente que só ligam ao que lhes interessa
E vai correr tudo bem