Mensagens

A mostrar mensagens de maio, 2025

Ainda sobre a marcha

Saí ontem com o pai cá de casa com a intenção de ir beber uma imperial ao arraial da Mouraria. Nada disso aconteceu. Não bebi cerveja, não jantei e só consegui comer uma torrada em casa à uma da manhã, bastante cansada. Querem saber? Acabei a noite a carregar arcos da Marcha em cima de uma carrinha da Junta, a descarregar os ditos arcos no Meo Arena, a assistir a Marcha no pavilhão, a carregar novamente os arcos na carrinha, mas já com a ajuda dos aguadeiros e finalmente a descarregar aquilo tudo na sede do clube. Que cansaço! Não perguntem como nem porquê... Houve um problema, o pai cá de casa teve de o resolver e eu achei que o devia ajudar. Estive por trás do palco, com não sei quantas marchas, num frenesim doido, cheio de cores e a carregar arcos!  Foi giro ver, mas meto-me em cada uma... Confirmo: as marchas são chatas, mas a minha marcha é linda. Estiveram muito bem, embora os marchantes estivessem super desmotivados depois da prestação deles. Como foi a primeira vez que vi a...
Hoje o meu mais novo teve o último jogo oficial com as cores do clube dele. Acabou o campeonato. No fim do jogo, vão sempre dar o grito final com a bancada. O  mister  resolveu dizer coisas bonitas e simpáticas, de certeza, mas eu não estava em condições de o ouvir por causa da comoção que tomou conta de mim. O Pedro chorava baba e ranho. Todo ele tremia. Como capitão, ele dá sempre o grito. Pensei que não o fosse fazer, por causa das lágrimas que lhe caíam copiosamente pela cara abaixo. Fê-lo, porque foi o seu último grito oficial. Capitão até ao fim.  Custou-me muito ver a tristeza do Pedro. O CDG é uma das suas paixões, mas é hora de partir... Veremos se consegue aguentar o ritmo da 1a divisão nacional. Quero acreditar que sim, mas não sei... (já me conhecem, sou mãe de baixas expetativas...) .  Custa-me também deixar aquele escalão. São pais com quem estou há 8 anos. Não são amigos, porque eu sou pouco de ter amigos, mas são pessoas que estimo, com quem já me div...

Rien de rien (um título que relembra a Piaf, mas que nada tem a ver com a Piaf)

 Abro esta página para escrever qualquer coisa e...nada. Um vazio.  Ocorre-me apenas que o nada não está somente aqui, no blog, e na minha cabeça. Está um pouco em todo o lado: na minha conta bancária quando o mês está a chegar ao fim, no olhar perdido de alguns alunos, nas respostas sistemáticas dos filhos quando lhes pergunto " Algo novo? Está a pensar em quê? Que cenas fixes fizeste hoje?" ou  "podes repetir o que disseste?" já num tom mais seco. Nesta última, o nada vem acompanhado de outro nada. Às vezes, anda a par, como se fosse um eco... Que estranho! E pronto, nada acrescento ao vosso dia com este post. Queria apenas partilhar convosco que entre o barulho louco do mundo, que engole quase tudo, e este nada que me assola, mon coeur balance.     A inconsistência continua a ser o meu nome do meio... Aqui e aqui . 

O mundo

Há ruído por todo o lado. Os discursos são muito musculdos. Berra-se demasiado. É uma barulheira insurcedora, um chinfrim dos diabos.  Fica-se por vezes sem discernimento.   Há que ler mais, olhar, ver e reparar nas coisas que importam, contrariar a tendência, rir com quem nos faz bem, recuperar o silêncio necessário para contemplar e relembrar o Manuel Alegre " mesmo na noite mais escura / em tempo de servidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não " Sempre .

Sabem onde estou?

Imagem
 No ensaio da marcha. ... ... ... Ai Tella, nunca digas nunca!
46 ou 47? Já tenho de fazer contas para saber quantos anos faço. E como sou de Letras, fico na dúvida se não terei errado. Sem ninguém ver, conto pelos dedos, como quem faz a prova dos sete.  São 47, sim senhor. 

"Vai fazer uma coisa útil para a sociedade!"

Imagem
Na semana dos Santos Populares, o pai cá de casa estará no estrangeiro. Regressará no dia 13.  Fiquei logo aborrecida (mas não tanto como ele...) porque não terei date nesses dias. Os filhos já avisaram, claro, que não irão nenhum dia comigo... E não vou ficar em casa na noite do dia 12... Vai daí que pensei que podia ser útil. A Marcha do clube dos meus filhos descerá, como sempre, a avenida da Liberdade nessa noite e precisam de ajuda.  ( Nota : não acho piada nenhuma à marcha e até acho parolo, mas acho ainda menos piada a ficar em casa nesses dias. Há uns anos, precisavam de mulheres e convidaram-me. Declinei, dizendo que não achava piada à coisa e que nunca...blá blá blá). Precisam de um aguadeiro, mas desisti dessa ideia. O aguadeiro não tem apenas de dar águas, mas segurar nos arcos em determinados momentos e isso obriga a que vá aos ensaios (diários das 19h às 22h) e a fazer o pavilhão também. Ui, que seca! Nem pensar! Precisam de pessoas que saibam costurar para os a...

Livro 11 / 2025

Imagem
 "Pés de Barro"- Nuno Duarte Este livro, vencedor do prémio Leya, prendeu-me logo no início.  Mergulhei num Portugal bolorento dos anos 60, com a miséria,  o analafabetismo, a guerra, deus pátria e família,  durante a construção da Ponte sobre o Tejo. Desde a linguagem, à forma como os discursos surgem, às personagens, sobretudo à personagem feminina, que pisca o olho de forme leve à Blimunda, à história,  a uma especie de neo-realismo, tudo tudo me agradou. Mentira, não apreciei muito o desenlace, mas não faz mal porque este é um livro MUITO BOM.  (Já vi, por causa do livro, um documentário dos anos 90 sobre a construção da ponte, de tão fascinada que ando com este livro...) Vale a pena ler. Muito. "...mas o Victor olhou e não viu nada, a sua vida nao tinha nada que valesse a pena ver, era mais um, só mais um, as vidas que passam a correr à frente dos olhos são as extraordinárias, as dos operários nada têm de extraordinário, não passam à frente dos olhos n...

Dia da mãe...

Vieram acordar-me às 8h40 para me pedir boleia. Iam ter com os miúdos que treinam para um jogo qualquer. Como chove muito, acharam por bem pedirem boleia em vez de irem a pé.  Levantei-me e arranjei-me em minutos. Tinham de lá estar às 9h. Saímos. Já no carro, levo com uma reposta super mega torta de um deles.  Porra. Nem no dia da mãe. Chamadas de atenção,  suspiros, revirar de olhos e pedido de desculpa.  Nem sempre é fixe ter filhos. Nem sempre é fixe ser mãe.  E apesar disso tudo, continuamos a amá-los incondicionalmente.  Ser mãe é do caraças. 

Dia do trabalhador

Foi depois de ler  Germinal de Emile Zola que dei verdadeiramente importância a este dia. ..  E foi só depois de ter lido o livro que passei a ir à manifestação organizada pela CGTP porque me apercebi, parafraseando José Mário Branco, o  que nós andamos para aqui chegar... Decidi que devia celebrar na rua os direitos que hoje temos graças à luta de muitos trabalhadores. Não tem valor político para mim, é o reconhecimento de um combate que se travou (e que se trava).  O livro é uma coisa espantosa. E se ainda não leram  Germinal , aconselho vivamente a fazê-lo.