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Livro 43 - " O Acontecimento"

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 "O Acontecimento" - Annie  Ernaux Annie Ernaux conta-nos um acontecimento que a marcou para sempre: o aborto que fez em 1963, numa época em que o aborto ainda era ilegal.  É uma escrita intimista e feminina, sem grandes rodeios. "Pode acontecer que uma tal narrativa provoque irritação, ou mesmo repulsa, seja qualifacda de mau gosto. Ter vivido determinada coisa, seja ela o que for, dá-nos o direito imprescindível de a passar a escrito. Não existem verdades inferiores.  E se não levar até ao fim a relação com essa experiência, estou a contribuir para ocultar a realidade das mulheres e a colocar-me ao lado da dominação masculina do mundo)." Gostei muito. Dei-lhe 5 estrelas.  Como me dizia uma pessoa do meu entourage , "quase todas as mulheres da minha geração fez um aborto. Ninguém o admite, mas fizemos. Eu não morri por sorte. " (Recebi um Kobo no Natal. Este é o meu primeiro livro lido no aparelho.)

Livro 42 - "A vida do Homem que perseguia Poemas"

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 "A Vida do Homem que Perseguia Poemas" - Joana M. Lopes Ouvi falar da autora num artigo do Público aquando da polémica nomeação de um livro do Pedro Chagas Freitas para representar, na Europa, os novos escritores portugueses. Nesse artigo , o autor criticava a escolha, sugerindo outros escritores, muito mais credíveis e promissores no panorama literário nacional. Um deles foi a Joana M. Lopes. Assim cheguei a este livro.  Este livro conta a história de um homem que nasceu com a alma de um poeta, mas que nunca foi capaz de escrever um poema.  Gostei muito do livro, sobretudo quando conhecemos a infância deste homem, num meio rural, com os avós. É escrito de uma forma muito bonita, com delicadeza e ritmo. A segunda parte do livro, que coincide com a sua partida para a cidade, já não me entusiasmou tanto.  Dei-lhe 4 estrelas, que são 4,5. Recomendo. 

2022

Já tentei escrever este resumo várias vezes, mas nada me ocorre. 2022 passou e parece-me que não foi inteiramente vivido. Estão a ver quando somos arrastados por uma onda mais forte, quando a maré está a subir? Estamos no mar, a rebolar, sem ter noção de espaço e do nosso corpo, para lá e para cá, ao sabor da força da águas. Sabemos que vai passar e que nos vamos conseguir levantar, mas até lá, a coisa é complicada e estamos aflitos.  2022 foi muito assim. Em retrospectiva, tenho muito presente a minha ida assustada para Madrid, a Ana à minha espera e a sua morte nas horas seguintes. Eu que tenho tendência em esquecer-me das coisas más que me acontecem, como se fossem umas reminiscências de um sonho, tenho estes dias bem gravados. A viagem de regresso e o choro descontrolado ao aterrar numa Lisboa chuvosa. Não chovia em Lisboa desde o início do ano. Creio, mas pode não ter sido assim, que não houve mais chuva nesse inverno. Foi tudo demasiado triste. Não soube lidar. Depois disso, nada

Livro 41 - "Ratos e Homens"

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 "Ratos e Homens" - John Steinbeck     Ouvi falar do livro neste blog de livros . Como "A s Vinhas da Ira " do mesmo autor me marcou muito, resolvi ir buscá-lo à biblioteca. É um livro de 100 páginas que conta a história de dois homens, dois amigos, que andam de quinta em quinta a trabalharem como jornaleiros durante o tempo da Depressão, nos E.U.A. e em busca do American Dream . Um dos homens é retardado, mas dotado de uma força gigantesca, e está completamente dependente do seu parceiro, homem bondoso. (Faz lembrar um pouco a personagem de Tom Joad das Vinhas da Ira.) O autor cria um ambiente opressivo, carregado de maus presságios. Sentimos durante toda a leitura que algo vai acontecer: há sinais, dados por outras personagens e até por um cão, que a coisa não vai ser fácil. Não estava à espera, ainda assim, daquele final. O Steinbeck voltou a surpreender-me com este final. Acabei de ler o livro ontem e pensei que ia dar-lhe 4 estrelas. Entretanto, hoje de manhã,

Faites vos jeux. Rien ne va plus - parte 2

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 O Mundial acabou. Depois da eliminação de Portugal (por quem nunca tive grandes esperanças, mas queria estar completamente errada nesse capítulo),  torci pela França. Queria que ganhasse porque achava que podiam impedir o Messi de ser campeão e porque a França e eu, enfim, temos uma relação longa. Ah, também queria ganhar o meu placard de apostas cá de casa com regras simples: cada jogo ganho receberia 1 ponto e o vencedor da final receberia 2. Antes da final, o Pedro estava com 10 pontos e eu com 9. Se a França ganhasse, eu também ganharia, colocando-me à frente do meu mais novo. Não aconteceu. Que pena para mim e para a França.  (O pai cá de casa, nitidamente, o grande looser cá de casa. Parecia a Alemenha. )
Em julho, fui fazer uns exames de rotina. Quando os recebi, percebi que havia ali umas cenas no fígado que não estavam bem. No ano anterior, recordai-vos, tinha descoberto que estava lá alojado um quisto. Paniquei. Ainda por cima, de acordo com o Dr. Google, era um cancro.  Fui a uma médica no dia 1 de serembro, que disse que não era muito grave, possivelmente fígado gordo. Dieta a sério e zero álcool. Nos anos anteriores, recordai-vos, bebi muito vinho. Paniquei. Ainda por cima, de acordo com o Dr. Google, podia ser também uma cirrose. Dois meses depois, com 4 kg a menos e sem as alegrias que o pão, vinho e queijo  me proporcionam, voltei a fazer exames. Os valores tinham subido ainda mais. Nesse mesmo dia, com muita sorte e insistência da médica, faço uma ecografia ao fígado e outros exames.  10 dias depois, com menos 5 kg agora (e de repente, fico a pensar que na minha idade perder tanto peso assim pode ser uma má notícia), os valores estão ainda mais altos e sou encaminhada para um

Caderneta completa - update

Perguntei numa turma do 8° ano quem tinha o cromo WAL1. Ninguém o tinha repetido, mas disseram-me que o iam arranjar e que mo entregariam no intervalo. Assim fizeram.  Já tinha acontecido algo parecido há uns anos... 

Livro 40 - " Até nos Vermos lá em Cima"

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"Até Nos Vermos lá em Cima " - Pierre Lemaitre. Comprei o livro porque estava com 50% de desconto, porque o romance aborda a temática da 1a Guerra Mundial, porque sou muito permeável a coisas como " Prémio Goncourt" e porque tudo o que meta França,  eu alinho... É a história de dois soldados franceses, que poucos dias antes do Armistício, numa batalha, vêem as suas vidas ligadas para sempre. Ambos perderam tudo. Depois da guerra sentem-se abandonados por uma Pátria que se envergonha dos aleijados de guerra e onde uns quantos querem enriquecer à conta da Guerra. Estes soldados estão excluídos e voltar ao ativo parece ser mais difícil do que estar nas trincheiras. Um é " gueule cassée " ( 'tromba partida' ) e o outro, um pobre homem modesto. Levam, no entanto, a cabo uma burla que envolve estátuas e monumentos em honra dos soldados mortos como forma de vingança... É um livro que se lê muito bem e que prende com a sua linguagem simples. Não requer mui

Quando é que sabes que tens filhos crescidos?

 - A M. está a tentar combinar a passagem de ano na casa dela. Ainda não é certo, mas se for, posso ir? Oi? 

Faites vos jeux. Rien ne va plus

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Na última semana, a TV da sala esteve ligada, sempre sintonizada na Sport TV. Já não ligo à bola, dá-me sono, mas o Mundial é outra coisa. Gosto muito da festa em redor do futebol, das seleções, de fazer a caderneta (falta-nos 1 cromo*) e de colar os cromos. Vibrei com o Uruguai ontem ou hoje com os Camarões.  (Fui a única a pensar na explicação del professor da Casa de Papel sobre a galvanização das pessoas num Brasil×"Camarones'?).  Todos vibram com o Mundial apesar de tudo o que rodeia este Mundial. Vai daí, fizemos a nossa aposta. Quem tiver mais pontos, recebe um prémio. Falta ainda decidir qual.  * Se quiserem fazer-me feliz, é o WAL 1

Livro 39 - " A China fica ao lado".

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 "A China fica ao lado" - Maria Ondina Braga Ouvi falar da escritora num artigo duvidoso  chamado "Descubra que livro foi editado quando nasceu". Em maio de 1978, a Maria Ondina Braga publicou "A Personagem". Procurei o livro no Goodreads e marquei-o para ler um dia. Acontece que fiquei com alguns livros da minha amiga Ana. No lote que me calhou, trouxe este "A China fica ao lado" da autora. Não sabia se o ia ler. Acontece que o meu mais novo partiu a cabeça a brincar com um balão, no quarto, com o irmão. [suspiros] Levei-o ao Estefânia, para levar uns pontos, mas antes de sair agarrei num livro qualquer. Uma pessoa já é batida nas urgência dos hospitais públicos e sabe que as horas passam lá lentamente. Fui então prevenida. São contos sobre personagens chinesas que habitam Macau. São personagens femininas, de pés atrofiados, que representam ideias tradicionais ou personagens novas e o seu estatuto familiar e social da época.  Enfim, não gostei. 

Livro 38 - "O Tempo e o Vento: O Retrato, vols I e II"

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  "O Tempo e o Vento: O Retrato (parte 2)" - Erico Verissimo Li o primeiro volume no verão . É o livro que conta a saga familiar do Terra Cambará no Sul do Brasil durante mais de 100 anos. Apaixonei-me pelas mulheres fortes e até pelas mulheres subjugadas, pelos homens cheios de vícios e virtudes, pela terra vermelha, pelas expressões do povo, pelas emoções recalcadas, pelas paixões, por tudo, na verdade. Comecei a ler o segundo volume, com muita vontade de reencontrar os Terra Cambará, mas fiquei desiludida. Durante mais de 500 páginas,  acompanhamos apenas o bisneto do capitão Rodrigo do 1° volume ( que me fez suspirar apesar dos mil defeitos). Tudo gira em torno dele, da sua figura controversa e egocêntrica, e isso cansou-me um pouco. São páginas a mais.  É um livro muito bom, mas nada como o primeiro volume que é do outro mundo. Dei-lhe 4,5 estrelas. 

Das redes sociais ou da adolescência

O meu mais velho tem Instagram, mas raramente publica coisas. Acreditam?  Eu acreditei até ontem.  Deixem-me explicar. Dizia-me ele que o Francisco B., colega que saiu do colégio no ano passado, lhe tinha enviado um whatapp a dar os parabéns. Perguntei como é que o Francisco sabia dos anos dele. " Pelas stories". A voyeuse que há em mim foi logo cuscar.  Sabem o que eu vi?  Nada! Não vi nada! Perguntei-lhe se me tinha bloqueado. "Bloquear, não. Estás numa zona cinzenta onde nao vês quase nada porque não estás na minha lista de amigos chegados". Somos vários a não ter acesso à conta dele: o pai cá de casa, os avós, os tios , a Carolina, os meus amigos da terra, os professores de história e de cn e os meus primos direitos. Os velhos, portanto.  Ainda estou a digerir a coisa, que achei foleira até porque sou uma mãe cool, que jamais escreveria numa publicação dele "rico filho, és tão fofinho. A mamã ama-te. [emoji das mãozinhas a agradecer]." (E se mais algué

15 anos

Cumpriu-se a tradição: - o pai cá de casa acordou mais cedo para fazer panquecas ao pequeno-almoço; - acordámos, nós os 3, o aniversariante cantando-lhe os parabéns; - as refeições foram escolhidas por ele: sushi com o pai ao almoço e lasanha e cheesecake ao jantar. O meu mais velho faz 15 anos e olho para ele, tão alto, tão simpático, tão meigo, tão sempre no limite na alegria, no aborrecimento ou na zanga, tão adolescente e ja tão pouco meu, por vezes, que me custa.  Mas é assim, nada a fazer.  Este ano, como sempre, ele repetiu mil vezes que adora fazer anos. Eu não consegui partilhar da mesma euforia. Não sei bem lidar com o que nos está a acontecer: ele a crescer e voar para onde não quero que vá, sabendo, no entanto, que o voo é dele e que só tenho de aparar a queda, se ela suceder. Apesar de saber que deve ser assim, tenho dificuldade em aceitá-lo.  O meu mais velho já faz 15 anos e continuo a olhar para ele e pensar que tenho muita sorte por tê-lo na minha vida. 

Em estado de choque

Aquele momento em que um dos meus filhos recebe, pela primeira vez, uma nota negativa. (Uma semana depois de fazer uma cena dos diabos quando o alertei do pouco tempo que o via a estudar.) Acionei imediatamente as medidas, a saber: - a proibição de jogar PS durante os períodos de avaliações; - encurtar ainda mais o tempo em frente ao telemóvel; - deixar a mãe louca no comando durante um tempo indeterminado.

Nem uma lágrima.

 Aqui. No limite, mas muito lá no limite, um ligeiro e breve sorriso, vá. (Quer isso dizer que já fui muito mais nhônhô do que sou.  Querem ver que há uma esperança para a nhônhônice à Tella ? )

A propósito do post anterior

Ando com TANTA vontade de comprar um kobo ou um kindle. Se não tivesse já gasto os 125 euros do Costa no Lidl da rua, arranjava um!

Livro 37 - "La Place"

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 "La Place" - Annie Ernaux Li este livro há 22 ou 23 anos. Foi-nos sugerido pela professora de francês na faculdade. Há 15 dias, quando soubemos que a Annie Ernaux tinha ganho o Nobel da Literatura, apeteceu-me relê-lo. Procurei pelo livro,mas deve estar na casa da aldeia. Muitos dos meus livros foram para lá por falta de espaço cá. Encontrei-o na net, num ficheiro Epub, e reli-o neste fim de semana, pondo em stand by o meu outro livro.  Depois da morte do pai, a narradora num livro simples, sem adjetivos ou sentimentos,  relata a vida do pai e a sua relação com ele. (Neste livro , também aflorou essa relação.) Ele nasceu nos finais do século XIX, teve uma vida difícil,  viveu sempre a fazer sacrifícios, sem luxos, a querer parecer bem e digno, mas tendo sempre ar de provinciano, de gente "simples". Ela  aburguesou-se, teve nalguns momentos vergonha dele e  foi afastando-se aos poucos. Escreveu, porém, este livro que o homenageia e não renegando as suas origens humi

Nada de muito importante a dizer

Às  vezes, ou quase sempre, pareço-me com os homens. Passo a explicar: os homens têm dificuldade em fazer duas coisas ao mesmo tempo. Eu consigo fazer duas coisas simultaneamente (ou mais, n'est-ce pas, meninas?), mas não consigo estar completamente focada em duas coisas ao mesmo tempo. E aí acaba a minha quase semelhança com os homens. Se calhar, não devia ter começado assim este post, mas olha, vou manter. Passo a explicar novamente este post: ou leio muito ou faço muito exercício ou vejo muitas séries ou estou muito focada na minha alimentação. Não consigo abarcar todas essas coisas com a mesma intensidade ao mesmo tempo e é uma pena.  Li muito durante 10 meses, mas não corri nem tive cuidado com a comida. Vi muitas séries, mas não lia nem tinha tempo para mais nada. Comia religiosamente alimentos saudáveis e corria, mas não lia mais do que meia página e adormecia ainda no decorrer do genérico da série. Neste momento, estou na fase "desporto e alimentação", mas não ava

Guilty pleasures

 Ir ao cinema sozinha só para ver aquela comediazinha romântica com a Júlia Roberts e o George Clooney.  (E até me emocionei com as pasteladas previsíveis, mas já me conhecem, sou uma nhónhó!)

Do desporto

Já sabem que sou fã dos feitos desportivos do meu mais novo, certo? Como tal, deixem-me registar que:  - fez os tempos necessários para representar a escola nos regionais de Lisboa, no corta-mato, no âmbito do desporto escolar; - recebeu o prémio de melhor guarda-redes num torneio de 3 dias onde disputavam também o SLB e SCP.  [ Ele próprio já diz que será professor de educação física porque não se imagina sem desporto. ]

Livro 36 - "Retalhos da Vida de um Médico "

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 "Retalhos da Vida de um Médico " - Fernando Namora Este livro era da Ana. Fiquei com ele depois da sua morte. A Ana tinha recebido este livro depois da morte da sua mãe. Foi lido pela primeira vez em Julho de 1977, ainda nem tinha nascido. É uma edição antiga, com folhas amareladas e aquele pó característico dos livros antigos que engrossam os dedos. Quis ficar com os livros do Namora porque gosto muito da sua escrita. (a qui e aqui ) e porque a Ana também gostava muito.  Este livro é o relato de diversos episódios vividos pelo autor quando era médico numa aldeia em Monsanto, nas Beiras, e no Alentejo nos anos 40 do seculo XX. São pequenas histórias que mostram o carácter de um povo "granítico", desconfiado de um médico imberbe e cheios de superstições e crendices. Nestas histórias, vemos o retrato de uma sociedade rural, miserável, ignorante e supersticiosa, onde não falta o bruxo, o endireita, a velha carregada de preto, as mulheres e os seus partos doridos e o

Voltei ao ginásio e passei a ter nova companhia...

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 ...na mesa de cabeceira.

Sobre o arranque do ano letivo

Conversa com o filho mais velho . -   Como correu o primeiro dia no 10° ano? Gostaste da turma? E os professores? Conta-me tudo. - Então foi assim... E falou do lugar onde está sentado, dos colegas que estão ao lado dele, dos nomes dos colegas novos, "e o coiso foi teu aluno, não foi? É um pouco parvo, não?", julgou pessoas, reproduziu as piadas dos professores, esmiuçou as características todas dos professores, elegeu o melhor professor do dia, falou dos sonetos que tinha de ler, do programa da disciplina de economia e continuou a falar de outros assuntos, mas tudo demasiado pormenorizado. Conversa com o filho mais novo.   -Como correu o primeiro dia no 7°ano? Gostaste da turma? E os professores? Conta-me tudo.  - Foi fixe. Marquei dois golos no intervalo.  - Só isso? Não há mais nada a dizer?  - Não. É tudo igual e não interessa.  

Livro 35 - "Vinte anos e um dia"

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 "Vinte anos e um dia" - Jorge Semprún Trouxe este livro da biblioteca porque tinha gostado muito do autor e de " A Longa Viagem ". Neste romance, uma família tradicional espanhola, ainda sob didatura franquista, decide realizar, pela última vez, a cerimónia em que se reproduze a execução do irmão mais novo às mãos dos camponeses revoltados durante a guerra civil.  Através das várias personagens da herdade e dos convidados, ouvimos as várias versões da história trágica que deu origem à cerimónia. Nestas revelações, está subjacente um ambiente erótico, violento e uma luta clandestina contra o  Generalíssimo . Não gostei muito do livro. Há momentos até confusos e menos interessantes sobre a luta clandestina comunista espanhola. Dei-lhe 2,5.

Livro 2 - Tiago

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 "Jogo Macabro" - Agatha Christie Obriguei-o também a ler um livro nas férias. Optou primeiro por um do Manuel Alegre, um livro de crónicas sobre o Europeu de 2004, mas ao fim de 20 páginas,  abandonou-o.  Aconselhei-o a ler este da Agatha Christie, que tinha sido prenda de anos dele. Gostou, mas achou algumas partes aborrecidas e até  confusas.  [Nestes adolescentes, os tik-toks e as partidas de FIFA serão talvez das poucas coisas que não os aborrecem e que fazem sem ser obrigados...]

Livro 5 do Pedro

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 A Odisseia de Homero - adaptação de Frederico Lourenço  Tinha de ler pelo menos um livro nas férias. Optou pelo livro de leitura obrigatória no 7°ano. Nunca tinha lido um livro tão extenso e, diz ele, "tão chato". Começou a ler em meados de Julho e acabou antes do regresso às aulas, ou seja, ontem.  O irmão disse quase a mesma coisa . 

20 anos

Tornei-me professora em Setembro de 2002, há 20 anos.  Comecei numa escola pública, no ano de estágio, com a Carolina e a Magda. Foi desafiante e lembro-me de querer desistir, mas de não poder fazê-lo porque tinha contas para pagar - quem nunca, certo? - e porque era preciso coragem para assumir que desistia logo à primeira.  No final do ano letivo, já percebendo que não ia ser colocada no ano seguinte - havia excesso de professores então - enviei centenas de CV para escolas privadas de Lisboa e Setúbal. Fui aos correios e paguei 4 contos  em selos (ainda pensava em escudos e foi essa a lembrança que me ficou). Apenas uma escola me contactou para ir à entrevista. Dois dias depois, na véspera do arranque letivo, fui contratada. Ainda estou nessa escola. Aprendi lá a ser professora, a gostar muito do que faço, a assentar a prática pedagógica nos afetos , a criar laços com os meus alunos, que me reconhecem e se lembram do meu nome quase 15 anos depois. Ainda este ano, em pleno noite de Sa

Quando é que sabes que não vais para nova?

Na reunião geral de professores, a nova colega de português, que se senta ao meu lado, é uma antiga aluna.  Numa esplanada, no spot 2 das férias, um antigo aluno reconhece-me, aproxima-se para me cumprimentar e tem um recém-nascido num sling. 

Este post pode ter varios títulos*

 Fomos correr, os miúdos e eu, no spot 3 das férias, num sitio bastante desconhecido, mas percebendo logo de imediato que seria sempre a subir. Eles começaram a correr com tudo e eu avisei que não era nenhuma competição e que não teriam depois forças para tudo. "Ya, ya, mãe,  fala p'ra aí que não te ligo". Não o disseram,  aí deles, mas pensaram-no. Continuaram assim feito loucos e eu a ficar cada vez mais para trás. Às tantas, voltam ter comigo, como fazia a Carolina quando comecei a correr, e puxam por mim. Que nervos! Voltei a avisar, mas eles estavam a querer correr tudo. Estavam, na verdade, a competir um com o outro. É sempre uma questão de tamanho de pila, com os homens. Que chatos! Correr nos trilhos, onde estávamos,  é apreciar a paisagem, mas eles não viram nem o mar do nosso lado direito a contrastar com o azul do céu, nem a serra ali presente. Interessava sempre ir à frente.  Verdade seja dita, correram muito e aguentaram o ritmo.  O Pedro, quando percebeu que

Livro 34 - " Uma Educação "

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 "Uma Educação " - Tara Westover Lemos, neste livro, as memórias da autora, Tara Westover. É uma mulher que cresceu numa família mórmon e disfuncional, nos EUA, que entrou numa sala de aula pela primeira vez aos 17 anos e que teve depois disso um percurso académico brilhante. É uma história pautada por radicalismo religioso, violência e loucura. Há porém um renascimento no meio disso tudo. Tara tornar-se-á numa nova pessoa, mas como muitos partos, este também foi difícil para ela.  " Podíamos chamar muitas coisas a esta nova identidade. Transformação. Metamorfose. Falsidade. Traição.  Eu chamo-lhe Educação. " Fico agora a pensar se o livro merece 4 ou 5 estrelas. Há coisas contadas que parecem mentiras ou surreais, como as cenas dos acidentes, por exemplo. Terá sido mesmo assim? Nunca foram ao hospital, mesmo naquelas condições, e sobreviveram? Ah, e ela aprende matematica sozinha? E consegue? A naba dos números que há em mim acha estranho e desconfia... Depois,  ch
Foi dia de ecografia mamária e mamografia. Detesto, todas nós detestamos, mas tem de ser.  Enquanto estou deitada à espera da médica,  não receio nada. Aguardo que ela chegue. Vou pensando em várias coisas. Quando faço esse géneros de exames, a minha cabeça divaga.  Começa. Por causa do gel e da sonda, os meus mamilos endurecem tanto que chegam a doer. "Será assim com todas as mulheres?". Olho para o pequeno ecran e vejo tudo cinzento e branco. "Serão as glândulas mamárias?". Penso na fase em que amamentei os meus filhos. Para mim, a amamentação será sempre recordada com ternura e saudade. Um elo. Nada me preocupa. Estou a fazer exames de rotina. Tento perceber o olhar da médica. Foco-me apenas nos olhos, até porque a máscara esconde o resto. Não a conheço,  logo não tenho como a interpretar. Tento perceber a sua idade, mas rapidamente me farto. Olho novamente para o ecran. Tira medidas às coisas que vê e pergunta-me se tenho familiares com cancro da mama. Nego. Uma

Meu querido mês de Agosto

Este Agosto foi ilha, praia, pele morena e manchada no rosto (mas que se lixe, que nada me dá tanto prazer do que mergulhar no mar e ficar a secar ao sol), pôr-do-sol, pele salgada, voleibol mal jogado, risos, leituras, silêncios interrompidos pelo Tiago ao fim de 5 segundos, conversas, sardinhas, melão e melancia, fechar a praia, não ter horários,  caipirinhas e mojitos, bolo de Olhão, conquilha, festa da aldeia, família,  tradições, poço corga, amor (a encaixar com vários  verbos), imperiais, os meus filhos, o pai cá de casa e a Carolina, sempre presente. Que privilégio poder ter um mês assim, só para nós.  (Conseguem ler o título sem trautear a música do Dino Meira? Eu não sou capaz..)

Livro 33- "A Breve Vida das Flores"

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 "A Breve Vida das Flores" - Valérie Perrin Comprei o livro naquela ida despropositada ao centro comercial. Tinha lido, há uns tempos, um artigo francês sobre um livro da autora, intitulado "Trois", mas que ainda não foi traduzido cá. De repente, oiço falar da autora por cá também. Parece que toda a gente tinha lido ou estava a ler "A Breve Vida ..." (cujo título em português nada tem a ver com o título francês "Changer l'eau des fleurs" - a saber Mudar a água das flores,  como quem diz manter a esperança e a vontade para que uma flor (ou pessoa) não morra. Quer dizer, interpretei assim a coisa depois de ler o livro, claro, e vale o que vale. ) O romance fala de Violette, uma mulher que trabalha num cemitério. Acompanhamos a vida dos mortos, dos vivos que visitam os mortos e a própria história da Violette. Mas todo livro fala sempre sobre a vida e o renascer. É uma ode à esperança, quase. A Violette é uma personagem que nos marca porque aguen

Livro 32 - "Os da Minha Rua"

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 "Os da Minha Rua" - Ondjaki Na minha primeira pausa de férias,  para além de uma ida despropositada a um centro comercial, fui trocar livros à biblioteca. Como tinha gostado muito do "Livro do Deslembramento ", resolvi trazer outro do mesmo autor. Este livro é um livro de contos. Quem me lê e presta atenção ao que escrevo, sabe que não gosto particularmente desse género literário. Aqui, no entanto, é diferente. O autor volta à sua infância,  às personagens que já conhecia do outro livro, à cidade de Luanda, às traquinices dos meninos da rua, que brincavam juntos. Nestes contos, eu emocionei-me bastante pela poesia que é dita em prosa. É um livro íntimo também. Emocionei-me no fim, chorando baba e ranho e relendo os últimos 5 parágrafos 3 vezes para captar tudo.  Quando um livro me sensibiliza tanto e me faz querer comprá-lo já depois de o ter lido, só pode ter 5 estrelas. 

Livro 31 - "Madalena"

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 "Madalena" - Isabel Rio Novo Trouxe este livro da biblioteca por causa deste , que me ficou na cabeça.  "Madalena" conta duas histórias: a da narradora, professora de história, a fazer sessões de quimio e radioterapia e a história da sua bisavó Madalena, personagem misteriosa e de fama duvidosa e do seu bisavô. As duas histórias estão entrelaçadas e na reta final, de alguma forma, convergem.  As passagens sobre a dor física e emocional de quem trava uma luta contra um cancro foram difíceis de ler e houve momentos em que parecia estar a ver a minha amiga Ana ou só agora perceber algumas coisas sobre o seu sofrimento final.  A história de amor, traição e drama dos bisavós, por ser contada a partir de cartas antigas e notas num caderno azul, prendeu-me de imediato. Que personagens! Hei de ler mais coisas desta autora, até porque tenho cada vez mais vontade de conhecer escritoras portuguesas.  Recomendo muito a leitura deste livro. Dei-lhe 4,5.

Outra pausa nas férias

Rumo ao terceiro e último spot das férias, com nova paragem em casa para tratar da roupa, mas, desta vez, sem passar pela balança, claro. 

Livro 30 - "Homens Bons"

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 "Homens Bons " - Arturo Pérez-Reverte  No ano passado ou há mais tempo, já nao sei, li um artigo no Observador sobre este livro e lembro-me de pensar que tinha de o ler. Nunca o trouxe da biblioteca porque é um calhamaço. Quando os livros ultrapassam as 500 páginas,  prefiro trazê-los para as férias. Assim o fiz. Este livro conta a história de dois homens, no século XVIII, membros da Real Academia Espanhola, que têm como missão trazer de Paris os 28 volumes da Encyclopédie de Diderot. Seguimos assim as aventuras deles, numa Paris pré-revolucionária e iluminista onde a Razão tenta derrubar ideias obscuras e ultrapassadas.  Gostei muito do livro, cheio de peripécias e de enquadramentos históricos e filosóficos sobre as Luzes. Para além disso, as personagens são deliciosas e foi fácil gostar delas.  Dei-lhe 4 estrelas e recomendo o livro, sobretudo para as férias. 

Pausa entre as férias

Regressámos ontem todos muito contrariados do Algarve. Na verdade, estávamos também irritados. Foram 15 dias que passaram rapidamente, apesar do nosso Algarve ser sem pressas e confusões. Não bastava isso para me irritar, não. Ainda há mais.  Quis pesar-me porque  tinha quase a certeza que tinha perdido um quilo ou mais. Afinal de contas, uma pessoa só andou a pé numa média de 10-12 km por dia, não comeu nenhuma bola de Berlim e ainda correu 32 km em 15 dias. Só que uma pessoa também comeu muito folar de Olhão e bebeu muitas caipirinhas, é verdade, mas, ainda assim...  E pumba, o raio da balança disse-me que tinha ganho um quilo e meio.  Não bastavam estas duas coisas para me irritar, não. Ainda há mais. Os 3 outros cá de casa, que não correram nem um quilómetro e que comeram bolos, perderam peso. Que injustiça! Esperem, que há mais. Fui desfazer malas do Algarve para voltar a fazê-las para outro destino, onde as noites podem ser frias e onde há necessidade de roupa mais quente. Mas es

Livro 29 - "O Livro do Deslembramento"

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 "O Livro do Deslembramento"  - Ondjaki Há muito tempo que queria ler este autor angolano,mas nunca me lembrei até agora de o requisitar. (Na biblioteca do bairro, os autores africanos e brasileiros estão afastados dos portugueses e dos outros todos...). É um livro que nos leva a Luanda, nos anos 90. É a voz de uma criança que nos conduz pelas ruas de capital angolana, pelos encontros familiares, pela rotina da casa e pela escola. É um olhar aparentemente ingénuo e muito ternurento, mas que consegue perceber as diferentes camadas das pessoas e da vida. Tudo é contado com um ritmo oral, com palavras inventadas, acho eu. Está escrito como se fala. As observações da criança são genuínas e muito cómicas. Dei várias gargalhadas, coisa rara quando leio. Na maior parte das vezes, esboço um sorriso. Aqui nao, é delicioso e mesmo muito divertido. Mas as observações da criança também são bonitas e encantadoras. O livro acaba com o início,  novamente, da guerra civil e até esse momento

Livro 28-"Retrato a Sépia"

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 "Retrato a Sépia " - Isabel Allende Trouxe este livro porque é sempre bom contar com uma escritora como a Allende nas férias: escreve histórias que prendem, com mulheres fortes e paisagens chilenas que me apaixonam sempre. E são livros que se lêem rapidamente porque exigem pouco de nós, leitores. Este segue a linha. Não me falhou.  Quando comecei a ler este livro, reconheci as personagens e até achei por momentos que já o tinha lido. Não sabia que este era uma espécie de continuação da " Filha da Fortuna ", uma vez que a protagonista é neta da personagem principal deste último. Fiquei depois a saber que a " Casa dos Espíritos " é o terceiro volume da saga familiar (embora os 3 possam ser lidos individualmente).  Dei-lhe 4 estrelas porque estive completamente entretida com a trama e fui sonhando, através do livro, numa viagem ao Chile...

Livro 27 - "Samarcanda"

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 "Samarcanda" - Amin Maalouf Este livro pertencia à minha amiga Ana e por isso o trouxe para as férias.  Este livro fala de um manuscrito com poemas de um grande poeta persa do século X e XI. Na primeira parte, descobrimos a vida deste poeta, junto dos vizires, dos xás, da sua amada e afins em várias cidades do Oriente. Fui incapaz de me localizar no espaço, pois não conheço grande coisa por aquelas bandas. Samarcanda é uma cidade que fica no Uzbequistão e onde o poeta escreveu esse tal manuscrito.  Na segunda parte, estamos no início do século XX. O Ocidente descobre o Oriente e esse poeta em particular. Seguimos então uma personagem - encantadora, diga-se - pelo Oriente e pelas mil cidades para mim quase todas desconhecidas, à procura do livro. Pelo meio, temos conhecimento da evolução política e social da Pérsia, que é dominada pelos vários Impérios europeus. Tédio! Achei tudo aborrecido. Não gosto particularmente da cultura das arábias, talvez por não a conhecer. Daí o es

Livro 26 - "Fahrenheit 451"

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 "Fahrenheit 451" - Ray Bradbury Ouvi falar deste livro quando li este romance do Afonso Cruz. Algum tempo depois, a irmã da Mary escreveu uma ótima review, que me despertou a curiosidade.  É um romance distópico escrito em 1953, onde os bombeiros não apagam incêndios. Em vez disso, queimam livros porque são proibidos. Os leitores sao mortos. Um dos bombeiros - Guy Montag - começa a questionar a sua vivência e a sociedade onde está, cheia de tecnologia, com um ritmo acelerado onde não há espaço para ler, logo não há tempo para questionar, saber, ponderar ou refletir. Os ecrãs estão em todo o lado, com imagens rápidas, sons repetitivos e de forma a que todos estejam felizes ( ao jeito das redes sociais.). Mas a personagem principal perceberá que os livros e o conhecimento abrirão portas e mundos novos.  É um livro que foi escrito em 1953 e parece-me que está mais atual agora. Não que haja uma coisa assim, de queimar livros. Parece que não se dá valor ao que um livro nos mostr

Das férias

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Tiveram um comportamento pessimo logo à chegada. Desataram à pancada um ao outro, coisa séria e feia. Ficaram sem telemóvel até sábado. Foi a melhor coisa que aconteceu. Voltaram aos livros e às cartas.

Livro 25 - "As Pessoas Invisíveis "

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 "As palavras invisíveis " - José Carlos Barros Comprei o livro porque recebeu o prémio Leya e porque apareceu naquelas listas "livros para ler nas férias". O livro está muito bem escrito. Nada a dizer nesta parte.  A história é uma desilusão, embora não possa dizer que não tenha gostado, até porque acordei hoje de manhã a pensar no livro.  O livro começa por falar-nos de um jovem, Xavier Sarmiento, que tem o dom de curar as pessoas através de plantas. Ou pensa que tem.  Cura sobretudo pessoas sós,  invisiveis aos outros. Às tantas, consegue mover com a mente objetos e levitar. E as primeiras 100 páginas ou mais são sobre isso. Percebemos no entanto que ele se fascina com o Poder que o dom lhe dá, mas nada do outro mundo. De repente, reviravolta e ele vai para São Tomé e deixa de aparecer. Ou seja, aparece aqui e ali, mas não é o centro da narrativa Tornou-se numa pessoa diferente, de má índole, participando num massacre de um grande número de nativos africanos. Mas

Livro 24 - "O Tempo e o Vento: O Continente" - volume 1 e 2

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"O Tempo e o Vento: O Continente - Parte 1" de Erico Verissimo. Foi uma sugestão de uma colega, aquela que me sugeriu há um ano "As Vinhas da Ira ". Dizia ela que este romance, que tem 3 partes, é um dos livros que toda a gente devia ler. Desvendo já a  coisa,  dizendo-vos que estou de acordo com ela.  Nesta primeira parte da trilogia, descobrimos o nascimento do estado de Rio Grande do Sul através da história de uma família ao longo quase 150 anos, de 1745 até 1895. É uma saga muito bem construída e com personagens que me marcam.  Senti intensamente aquela gente, aquele cheiro, aquela terra vermelha, aquele falar das pessoas do Sul e as vivências daqueles homens e mulheres. Já há muito tempo que não era arrebatada assim por um livro e que me apaixonava pelas personagens. Não consigo dizer qual a minha preferida, mas tenho um fraquinho pelo médico alemão e um maior ainda pelo capitão Rodrigo Cambará.  O romance prendeu-me tanto que o quero na minha estante  para lá

Novo visual

Mudei a imagem do blog, que já estava ultrapassada.  Percebi que também eu estou ultrapassada naquelas questões que têm  vocábulos associados à web,  às coisas de formatação e/ou programação de um blog. Mudei coisas sem saber o que estava a fazer. Aquele "do you want to save the doc?" em versão super hermético. Nunca dei parte fraca e fui clicando no "yes", "save" e outros que tais. Não andamos todos, em determinados momentos, a navegar em sítios difíceis e incompreensíveis? E ainda assim, avançamos sem saber qual o resultado final. Neste blog, também. Dito isso, entrem. Puxem uma cadeirinha,  que a idade não perdoa - por mim falo - e desfrutem de um blog que continuará igual a si própria. (Enfim, já me conhecem há muitos anos e sabem que melhor, é improvável. A tendência será talvez piorar. Por isso, desculpem se não está ao vosso gosto. Também não fiquei fã.)

Run Tella, run

 Não corro desde o dia 6 de maio. Embora todos os dias, todos, pense que devia correr, a verdade é que me faltam a vontade e o entusiasmo na hora H.  Há dias que o Pedro, atleta a sério,  quer ir correr. Não treina há muitos dias e não quer perder intensidade ou lá o que é, nas férias. Não lhe ligo nada, fingindo que não o oiço.  Ontem, pôs o relógio a despertar às 7h e foi acordar-me. Estava a sonhar e senti no meu sonho alguém a abanar-me. Era ele a acordar-me. Fiquei tão lixada por sair daquele sonho (já não me recordo dele, naturalmente) que me passei com o miúdo. "PEDRO, ESTÁS DOIDO. VAI PRA CAMA! JÁ!". Quando o fui acordar, horas depois, pedi-lhe desculpas.  Hoje de manhã,  o meu telemóvel tocou às 7h. O sacaninha pôs alarme no meu telemóvel para me acordar e irmos correr. Desliguei-o e voltei a dormir. Acordei às 9h e fui chamá-lo. "Vamos correr?". Fomos. Corremos 5km ao sol e ao calor, no sobe e desce das ruas da Graça e Alfama. Foi horrível, mas foi bom cor

Diferenças

Ontem, à saída da praia, encontrei uns ex-alunos. Meteram conversa comigo. Às tantas, no meio do grupo, aparece uma outra aluna que está no mesmo ano que o meu mais novo. À noite, trocaram sms e o Pedro disse-me que ia estar na praia, com os colegas da escola, no dia seguinte. Assim fez. Passou a tarde toda de hoje com miúdos entre os 11 e 19 anos (um já está na faculdade). No total, era um grupo de 11/12 miúdos.  O que fez o meu mais velho a tarde toda?  Ficou com a mãe a jogar Uno e a dar toques sozinha na bola.  - Ó filho, vai ter com o teu irmão. Ele também não conhece (quase) ninguém, mas estão todos na mesma escola.  - Mãe,  tu sabes que o mano é popular lá no colégio, mas eu não.   [O Pedro é sempre uma surpresa!]