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A mostrar mensagens de fevereiro, 2023

Livro 8 - "Tu não és como as outras mães "

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 "Tu não és como as outras mães" - Angelika Schrobsdorff Há uns anos, a Mary fez uma review que me despertou interesse. Nunca me esqueci do título e foi um dos primeiros a procurar nas ofertas epub.  A autora conta a história da sua mãe Else, uma mulher livre, que viveu de acordo com a sua vontade ou como o descreveu numa carta à sua filha já no final da sua vida:  "Acaso a minha vida não foi só feita de loucura, superficialidade, egoísmo,  ânsia de prazer, delírio erótico..." Elsa, judia mimada e egocêntrica, que viveu intensamente os loucos anos 20 na Alemanha, numa bolha cheia de luxo onde era o centro do mundo. Não encarou a realidade com a subida do nazismo, vivendo ou querendo viver sempre à sua maneira. Esteve exilada na Bulgária durante a segunda guerra e da opulência e da femme fatale, passou à pobreza e à tomada de consciência da sua vida feita de nada, dos erros cometidos e do sofrimento causado aos outros em nome de uma vida intensamente vivida e sem am

Do futsal

 Pedro e amigos vs SLB. 1-1 Faltam 7 minutos de jogo. Se morrer agora, saibam que fui feliz. [ Update : O meu coração aguentou, mas mais uma vez quase ganhamos ao Benfica. Perdemos (3-1), mas todos os nossos miúdos jogaram, do melhor ao mais fraco. Do lado encarnado, muitos ficaram a ver o jogo no banco. Tenho pena deles. Vencemos no princípio "as crianças estão à frente do resultado" e na bancada, que fazemos sempre uma festa bonita.]

Quando é que sabes que não vais para nova?

No ginásio,  decidi ir a uma aula cujo nome não me dizia nada, qualquer coisa como jumping fit bumbum pump training. Não sabia ao que ia. As pessoas foram-se colocando no fim da sala. A mim, calhou-me a primeira fila, em frente so espelho.  Foi doloroso.  E não estou forçosamente a falar das dores nos músculos. Bem, ou até esteja. Refiro-me também às dores de alma.  Estou à frente do espelho, de cabelo atado e com os cabelos brancos a verem-se muito, rodeada de raparigas com metade da minha idade ou homens fits, nem todos gays, mas todos fits,  lamentavelmente. Elas estão com roupa fashion para o desporto e muitas de top com cinturas "ainda não pari" ou "tenho a genética da patrocinio". Estou com uma camisola preta do Pedro (não queiram saber...) que me está muito pequena e justa sobretudo nas mamas, claro. A cada movimento, e lembrem-se que estamos numa aula jumping pump bumbum fit training, ela fica presa nas mamas, expondo demasiado carne. Quando pensas que é a d

Livro 7 - " La honte"

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 "La honte" [A vergonha]- Annie Ernaux A Annie Ernaux é mestre a contar momentos autobiográficos e a misturá-los com a memória coletiva de uma época. Já no "Os Anos"  fez isso de forma magistral.  Neste livro,  a escritora evoca um episódio  ocorrido em 1952 que a levou a ter consciência da sua condição social. Com isso, surgiu também a vergonha, que a acompanhará para sempre. A narradora irá então analisar todos os cantos da sua memória (individual e coletiva) de 1952.  Gostei muito do livro, sobretudo porque é uma escita fluida e racional. Para alem disso, continuo a identificar-me com ela, com as suas raízes e até com a sua vergonha. Nunca tinha refletido por esse sentimento e ao lê-lo, lembrei-me de episódios em que senti a mesma coisa. Que ainda sinto?   "Il était normal d'avoir honte, comme d'une conséquence inscrite dans le métier de mes parents, leurs difficultés d'argent, leur passé d'ouvriers, nôtre façon d'être . Dans la scène du

Livro 6 - "A Vida Mentirosa dos Adultos"

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 "A Vida Mentirosa dos Adultos" - Elena Ferrante O livro fala-nos de uma jovem, que vive os conflitos existenciais típicos dos adolescentes, dividida entre duas zonas da cidade de Nápoles (uma rica e culta e outra uma pobre e ignorante). Há uma uma tia da zona pobre que tem um força incrível, mas que é má (ou não) e um pai, que saiu da zona pobre de costas voltadas para tudo o que lhe relembre as suas origens.  Gostei do livro, mas achei que havia muita personagem parecida com a coleção "a amiga genial". A Tia faz-me lembrar a Lila, o Roberto remete para o Nino e até o pai do Nino tem uma espécie de cópia de série B neste romance. Lê-se, mas não é nada do outro mundo. 3 estrelas. 

Dos livros

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Fui hoje devolver uns livros (que não cheguei a ler) à biblioteca. Estavam na minha posse há mais de 30 dias.  Não os li porque recebi, como sabem, um kobo. É mais prático, mais leve, permite a leitura no escuro ou aumentar / diminuir o tamanho da letra e etc.  Tenho quase a certeza que não voltarei à biblioteca nos próximos tempos. Terá sido a última vez? Talvez, talvez... Sinto que tenho uma biblioteca no aparelho e que não preciso de recorrer a mais nenhuma.  Há quem diga que não há nada como o cheiro do livro ou como a magia de folheá-lo ou como a contemplação da capa ou como o sublinhar de muitas frases ou como ele pode ser um elemento central da decoração de casa. Eu era uma dessas pessoas, mas o kobo fez-me ver as coisas de forma diferente. Passei a desvalorizar o cheiro do livro (que cheiro, senhores, afinal ?) e a valorizar cheiros mesmo bons como o de um perfume ou de um vinho.  Passei a desvalorizar o acto de sublinhar o livro, até porque me obrigava a fazer uma pausa na lei

Ainda do futsal

 Ó pai cá de casa, tu que foste ver o treino de captação do miúdo, que tinha uma camisola com as quinas da Federação de Futebol, diz lá como correu a coisa: - Eram quatro guarda-redes e o nosso está a léguas dos outros. Correu-lhe muito bem. Ó filho mais novo, tu que foste treinar com as quinas ao peito, diz lá como correu: - Correu muito bem. No aquecimento, fui o melhor. No jogo, não consegui mostrar-me muito porque  houve poucos remates à baliza.  [Eles estão com as expetativas tão em cima, que senti necessidade de perguntar algo completamente diferente logo de seguida, do género: "já estudaste CFQ?" e todos reviraram olhos. Até a gata me virou o rabo...]