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A mostrar mensagens de maio, 2023

Le français est mort?

 Estou aqui a corrigir testes de francês e ah, que frustração...  Não tem nada a ver com as notas, que até são bastante razoáveis, tem a ver com...com a postura deles perante a língua francesa. Essa língua romântica que costumava ser sinónimo de classe e requinte já não lhes diz nada. É quase uma relíquia do passado. Agora, o inglês -  a língua do progresso, das coisas modernas, dos tempos rápidos e da Internet - domina.  Quem consegue competir com tanto poder? Personne et surtout pas le français!  [Nem a semelhança com o português ajuda. Há três anos que constato o fenómeno: se escrever "travailler" no quadro, eles acham que significa "viajar" por causa do travel do Inglês.]  É claro que o francês tem as suas belezas e os seus encantos. Afinal, quem não gostaria de enrolar a língua para pronunciar o "rrrr" sem parecer que teve um AVC? Quem não gostaria de ter alguém que lhe sussurrasse ao ouvido"je t'aime, mon amour". Tesão garantida em segu

RunTella, run (outro post)

Quero deixar registado que voltei a correr com a Carolina na estrada. Não corríamos juntas em Lisboa há três anos, mais coisa menos coisa. Desde o lockdown. A vida a suceder meteu-se entre nós e a corrida. É a única explicação que encontro. Vai daí que ela - é sempre ela a tomar a iniciativa da corrida - enviou a sms a desafiar-me. Aceitei contrariada. Sou sempre eu a mais resistente, mas incapaz de fugir à coisa. Ela vinha de uma lesão e de uma vida a suceder. Eu vinha de uma outra vida também a suceder. Em ambos os casos, a corrida foi relegada para o fim da lista. É a única explicação que encontro também aqui. Achava que íamos correr 4 km. Foram 8,5km em 60 minutos. Não me tinha apercebido das saudades que tinha de correr e ouvi-la, de correr e ouvir-me, de correr e estarmos assim juntas a tentar dar a volta à vida.  Do melhor que há! 

Run Tella, run

 Como se ser mãe, professora e mulher (a ordem é completamente arbitrária) já não fosse desgastante, meti agora na cabeça (desde sempre, talvez) que tenho de ter o corpo perfeito e tonificado. Quero ser uma espécie de estatuta de mármore do Renascimento, daquelas que nos fazem dizer "wow, que obra-prima!" Acordo de manhã, suspirando por ter que abandonar a cama e por saber que terei outra vez um dia de privação. Quer dizer, não é aquela privação em que sobrevives só com agua e ar. (Quem nunca, certo?). É mais um ajuste às mil dietas disponíveis. Uma vez que há mais planos dietéticos do que estrelas no céu, faço uma colagem de vários planos e tento cumprir. Quando caio em tentação e ninguém me livra do mal, sou incapaz de degustar inteiramente o momento. Há sempre aquela put@ daquela voz que me tira a satisfação da comida. Estou apenas a saciar a gula, sem nenhum prazer. Sim, parece uma má queca, i know.  No entanto, quando acho que estou no bom caminho, subo para a balança, m

Sonhei com a Aida

Peripécias absurdas e difíceis, típicas de um sonho, para chegar a casa dela.  Lá, no fundo do lugar, na sala, uma nuvem branca feita de algodão entra na sala, pela janela. Agarro nela e entrego-lha, muito admirada. Ela nem por isso e disse qualquer coisa sobre a nuvem. Não me recordo. Lembro-me apenas de "Claro, a nuvem é [???]. Os meninos iam gostar de a ver". Acordo e durante uma fração de segundos, esqueço-me que morreu. Uma fração de segundos em que a sinto viva. Uma fração de segundos, que parece uma eternidade, que sabe bem, que me acalenta. Uma fração de segundos em que estamos acordados, mas ainda a dormir, em que ela está viva apesar de morta. 

Livro 22 - "Limpa"

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 Limpa - Alia Trabucco Zerán Neste livro, Estela torna-se criada e ama numa família abastada no Chile e conta-nos a sua história.  O livro fala das tarefas domésticoas repetivas por uma criada durante 7anos, da sua solidão, da falsa intimidade que se cria entre pessoas que vivem na mesma casa e das clivagens que há entre as classes sociais. É um livro que fala muito disso também, mas de forma camuflada. É um relato tenso, numa história contada pela criada, numa só voz. Gostei muito. Dei-lhe 5 estrelas, mas talvez sejam 4,5. 

45!

Nota prévia: Comecei a escrever este post no dia 9 ou 10 porque queria escrever algo especial. Estava pouco inspirada. Deixei-o incompleto, insatisfeita com o que não me vinha à cabeça.  Preferi deixá-lo para eventualmente o acabar no(s) dia(s) seguinte(s). Este post foi então escrito entre os dias 9 ou 10 e 14 de Maio. Cada take corresponde a um dia. Foi um post difícil de escrever porque fazer 45 anos é um misto de muita coisa. Ou não, apenas falta de jeito literário. Nunca saberemos. Take 1  45 anos é uma idade temível. Já passou o encanto da juventude, a euforia dos 40 de uma hipotética nova Tella - que nunca surgiu, diga-se - e fica a certeza que resta apenas meia década para chegar ao meio século. [Mood depré acionado,  sorry!] Take 2 45 anos, sempre detestei números impares e...  [Não, não vou por aí porque vou bloquear com os números.  Pode ser que amanhã seja melhor...] Take 3 No meu imaginário, 45 anos é idade de senhora d istinta, que não sou, e de colares de pérolas, que nã

Livro 21 - Une femme

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"Une femme" - Annie Ernaux "Ma mère est morte le 7 avril..." começa o livro. Faz lembrar o Camus com o sua celebre "mamn est morte aujourd'hui", mas não tem nada a ver com ele. Aqui , a escritora fala-nos da sua mãe, depois da sua morte. Tenta reconstruir a mulher que foi antes de ser mãe e também depois de o ser. Os seus hábitos,  medos, expressões. Uma mulher forte de outro tempo, que pariu a Annie sozinha, durante a segunda guerra mundial, que lutou sempre por não parecer provinciana e degalée, a força motora da casa. Faz o seu luto através da escrita. Encerra a sua vida no livro, fecha um ciclo, como diz, deixando-a viva através da literatura. Que bonito livro.  Gostei muito, tal como gostei de "La Place", que fala sobre o seu pai. 4,5 ou 5. 

Livro 20 - A Carne

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 "A Carne" - Rosa Montero Um livro que fala de uma mulher de 60 anos que prefere homens mais novos, pois os da idade dela estão velhos e barrigudos, que encara com dificuldade o envelhecimento e a ausência de amor.  4 estrelas. 

Livro 1 do Pedro

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 "Leandro,  Rei da Helíria" - Alice Vieira Abençoada escola que o(s) consegue obrigar a ler. A mãe, leitora e  professora que há em mim envergonha-se dos livros que eles não lêem.  

Clássicos

Andamos a ver os clássicos que toda a gente viu menos nós.   Começámos pelo "Padrinho" porque até parecia mal dizer que nunca o tínhamos visto.  Seguimos com "A Missão". Na verdade, acho que nem toda a gente o viu, mas eu nem o conhecia. (Apenas conhecia a música, mas sem o ligar a um filme). Tomei conhecimento da sua existência no documentário "Maestro Morricone" e quis logo ver. Aquele final, pfff, que soco no estômago.  Depois, fomos com tudo e vimos durante quase quatro horas "E tudo o vento levou" de 1939. Vimos durante 4 horas, salvo seja, foi em 4 partes, claro. Gostei muito.  Ontem, vimos "Casablanca" de 1942 e o seu "we'll always have Paris" que nem sabia que pertencia ao filme.  Temos ainda muitos na fila.