Run Tella, run

 Como se ser mãe, professora e mulher (a ordem é completamente arbitrária) já não fosse desgastante, meti agora na cabeça (desde sempre, talvez) que tenho de ter o corpo perfeito e tonificado. Quero ser uma espécie de estatuta de mármore do Renascimento, daquelas que nos fazem dizer "wow, que obra-prima!"

Acordo de manhã, suspirando por ter que abandonar a cama e por saber que terei outra vez um dia de privação. Quer dizer, não é aquela privação em que sobrevives só com agua e ar. (Quem nunca, certo?). É mais um ajuste às mil dietas disponíveis. Uma vez que há mais planos dietéticos do que estrelas no céu, faço uma colagem de vários planos e tento cumprir. Quando caio em tentação e ninguém me livra do mal, sou incapaz de degustar inteiramente o momento. Há sempre aquela put@ daquela voz que me tira a satisfação da comida. Estou apenas a saciar a gula, sem nenhum prazer. Sim, parece uma má queca, i know. 

No entanto, quando acho que estou no bom caminho, subo para a balança, mas esta é implacável. Não se coíbe de mostrar a realidade tal como ela é, apesar dos meus esforços. Nada se altera, semana após semana. 

Ah tal, 45 anos e não sei quê,  já devias saber que ser perfeita é aceitar quem somos, com todas as imperfeições e blablabla. É verdade, mas tenho um casamento dentro de 1 mês e meio e ainda não entro no vestido. Estou numa corrida contra o tempo, numa competição entre mim e os centímetros que teimam em desaparecer. Queria mesmo ganhar essa luta e levar o dito vestido, um pouco folgado até para poder lá comer mais do que um croquete.

Está é agora a minha corrida. 

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