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A mostrar mensagens de abril, 2019

Livro 15 - 2019

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Num grupo feminista do FB, alguém comentou um caso de violência doméstica citando este livro. Fiquei curiosa.  O livro mostra de forma muito clara o que leva uma mulher a ficar anos ao lado de um homem que a espanca: a forma como se anula e é anulada, como se torna cúmplice do seu agressor ao encobrir que é mal tratada, como vive acorrentada ao medo que a incapacita de agir, como se acha culpada por desapertar ódio no marido, etc. Acho que toda a gente devia ler o livro para perceber o que se passa com estas mulheres, em vez de as julgar. Quem nunca ouviu ou leu coisas como "Está com ele porque quer." Eu já e muitas. Há momentos muito crus e violentos. As passagens com o filho cortaram-me o coração mas apesar disso tudo, o final torna-se inverossímil e estraga um pouco a coisa. É uma pena.  "...quando uma das suas mãos se fincou no meu braço. A dor permaneceu atrás quando a outra mão bateu na minha face (...). Rapidamente os seus braços fortes enlaçaram-

Acordei às 5h20 e não consigo dormir: um post para passar o tempo.

Cá em casa, não se vê televisão. Durante a crise, deixámos de pagar para ter tvcabo e com apenas 4 canais, nem valia a pena ligá-la. Mas víamos, obviamente, séries sacadas ou ainda filmes. Aliás, no início eram mais filmes do que séries. Habituamo-nos a ter uma televisão na sala para ver filmes / séries em streaming e os jogos do Benfica e  Seleção e a da cozinha sempre desligada. Não temos box, aquela coisa que permite que vejas depois e pões para trás mas temos Netflix e HBO, este último somente durante um mês de experiência porque queria muito ver "A Amiga Genial". Já agora, recomendadíssima. A Netflix é um vício cá em casa. Andamos a ver séries umas atrás das outras. Temos de tudo: as minhas séries, as séries do pai cá de casa, as séries que vemos os dois, as séries do Tiago, os desenhos animados do Pedro, as séries que vemos a 4. E depois temos os filmes, embora se vejam poucos filmes aqui. E depois, claro, temos falta de tempo para ver o que queremos. Ou

"Isso dói tanto"

A Fifi morreu. Os miúdos ainda não sabem. Estão a dormir. Como é que lhes vou dizer? Se me fizerem perguntas sobre ela, digo a verdade ou minto e espero pelo fim do dia? Felizmente, nunca passaram pela experiência de perder alguém próximo. Vão vivenciar a coisa através da morte da nossa gata. Como é que se diz a um filho que um membro próximo morreu? Desculpem se vos ofendo referindo-me a ela como alguém próximo.  É que cá em casa, sem vergonha nenhuma, humanizamos os nossos animais. Dormem connosco, na cama. Descansam no sofá, como nós. Se necessário, comem ao nosso colo, à mesa. Na verdade só a Fifi é que o faz -que o fazia, perdão mas ainda não a sei escrever no passado. Gostamos dos nossos animais mais do que gostamos do vizinho do 6°andar, sem dúvida. O nosso amor não tem de ficar limitado aos humanos, só isso. Cá em casa somos 6 ou éramos 6. Todos com um espaço especial no coração uns dos outros.  Por isso, hoje, estivemos, os meus filhos e eu, no hospital com a nossa Fifi

Depois da viagem, o anticlímax.

Mal abrimos a porta de casa, percebemos que a Fifi não estava bem. Estava prostrada, muito muito magra, sem forças para sair da cama, quase a desmaiar. Fomos logo para o Hospital veterinário onde ficou internada com 1,600 kg e com a temperatura a descer.  E toda a euforia de Londres desapareceu num ápice. 

A nossa viagem

Foi absolutamente fantástico. Londres é tudo aquilo que se diz, vezes 100. É cosmopolita, vibrante, multicultural, organizada, divertida, prática, bonita, etc. E ainda por cima ensolarada! Sim, apanhámos temperaturas entre os 24 e 28 graus.  Fizemos tudo o que era cliché: Wetminster, Buckingham Palace, Covent Garden, mercado dos punk, Tower Bridg e, Museu da Ciência, Museu de História Natural, que nos deixou de boca aberta logo na entrada, o National Gallery onde os meus filhos viram o seu primeiro Van Gogh e o seu primeiro Da Vinci! Enfim, seguimos um roteiro turístico mas também passeámos pelos inúmeros jardins da cidade onde almoçámos sempre. Fizemos piqueniques, tal como as centenas de londrinos que quiseram aproveitar o sol. Tive inveja da relação deles com os jardins. Que pena não termos a mesma coisa por cá.  Acabámos sempre o dia nos pubs a beber cerveja. Aí, jogávamos coisas improvisadas. Foi tão divertido que o Pedro riu-se tanto que caiu da cadeira e que nos relembrou

Livro 14 - 2019

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Não é o melhor livro do GGM mas é escrito com mestria.  Há todo um fio condutor que nos leva aos cantos mais insólitos da viagem/leitura. Vamos lá bem fundo e regressámos a um outro cruzamento , para seguirmos outro trilho. E nunca nos perdemos porque ele sabe conduzir-nos pela narrativa. Pelo caminho, mostra-nos coisas bonitas e fala-nos do amor e do envelhecimento. "...se tivessem sabido a tempo que era mais fácil ultrapassar as grandes catástrofes matrimoniais que as misérias minúsculas do dia-a-dia. Mas se alguma coisa tinham aprendido juntos era que a sabedoria só nos chega quando já não nos serve para nada." "Era ainda demasiado jovem para saber que a memória do coração elimina as más recordações e exalta as boas e que, graças a esse artifício, conseguimos suportar o passado."

Então, panicaste?

O pai cá de casa olhou para mim e sussurrou "não grites".  Fechei os olhos, agarrei na mão do Pedro que me disse baixinho "ah Tella, não paniques" e consegui controlar-me respirando como alguém que está a ter um ataque de asma,  durante alguns minutos.  Acalmei-me cada vez mais e fui sentindo-me relaxada.  Nunca saberei se a coisa correu bem porque 1)  tinha uns pais de uns alunos atrás de mim e há toda uma postura a manter;  2) Nossa Senhora do Chilique intercedeu por mim, abençoada seja;  3) os calmantes deram-me uma agradável sensação, bastante parecida àquela que se tem quando se bebe 3 imperiais quase de seguida num dia de verão.  Os desígnios das crises de ansiedade são insondáveis. [Entretanto o Pedro comunicou-nos, quase no embarque, que já não tinha medo de morrer porque não havia pessoas estranhas que iam controlar o avião...]

"Tu vais panicar"*

Há uns anos para cá, tenho tido ataques de ansiedade provocados sobretudo por alturas (a última foi em novembro na torre dos Clérigos), descidas acentuadas (a ultima foi ao tentar atravessar uma estrada de burros no meio da Lousã, com o sogro e miúdos em frente ao carro a limpar a estrada de árvores e pedregulhos), ravinas (houve uma aproximação de ataque, foi só um ligeiro panicanço, quando fomos fazer o trail de Montejunto), de AVC súbitos que me dão  (um dia conto...) e é por isso que sei que vou panicar* amanhã no avião (e só a ideia fez com que o coração ficasse mais oprimido). [Entretanto, o Pedro apareceu no quarto a chorar a dizer que tem medo de morrer no avião. Devia ter percebido que algo o inquietava porque recomeçou com os tiques há 3 dias.]  Os miúdos já me viram chorar, ter dificuldade em respirar, falar alto, aos gritos "não consigo, não consigo", arfar, ficar descontrolada. Panicar* a sério, vá. Já me avisaram que ia ter medo, de certeza e qu

Constatação dolorosa

Olho para o Tiago e não vejo um único traço de bebé ou até mesmo de criança que foi. Os olhos são a única coisa que não mudaram. Tudo o resto está diariamente em mutação.  Está grande, cheio de força, de vitalidade e com um apetite insaciável. Não consegue estar sossegado. Precisa constantemente de se mexer, de gesticular ou de falar. Vejo crescer dentro dele uma grande ebulição, um turbilhão de hormonas. Se por um lado me agrada vê-lo crescer, tornar-se num adolescente simpatico, correto, divertido qb e giro; por outro assusta-me a adolescência. Sei que o vou perder para os amigas/os e namoradas/os, isso não me assusta. Assustam-me as palavras: aquilo que poderá ser dito ou feito nos momentos de zanga e que poderão minar durante décadas as nossas relações. Assuta-me não conseguir ajudar a equilibrar as emoções: as nossas e as dele, deixando de ver claramente o que realmente interessa. Assusta-me a ideia de deixar de haver momentos de cumplicidade e afeto.  Já me disseram que tere

Notre Dame

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Entrámos na catedral de Notre Dame num domingo em 2004 ou 2005. Estava a decorrer a missa mais importante para os católicos e só nesse momento em que me ocorreu que era domingo de Páscoa.  Eram centenas e centenas de pessoas, envoltas no fumo das muitas velas acesas, na homilia e nas vozes do coro. Ao fundo, alinhados como um exército, homens do clero vestidos de branco e dourado, com chapéus pontiagudos. Olhava para todo o lado, em bicos de pé: a rosácea estudada na escola, as colunas altas, as paredes e a luz que entrava e que tornava tudo ainda mais bonito. Não conseguíamos avançar e ver a Catedral calmamente e confesso que isso foi uma contrariedade. Tínhamos de a apreender do sítio onde estávamos. Lembro-me então de ter desistido de a ver e de começar a sentir. O canto do coro elevava-se cada vez mais, fazendo-me esquecer o som dos disparos contínuos das máquinas fotográficas. A luz tornou-se mais forte e quase carregada de misticismo. Senti qualquer coisa e comecei a chor

Livro 13 -2019

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E chegada à página 180, achei por bem desistir. Que seca de livro! 

A culpa

Decidimos passar um fim de semana fora, a dois. A ultima vez que o fizemos foi em 2007 e nem foi bem a dois, que o Tiago já estava a germinar cá dentro! A camisola da Culpa, que eu vesti no exato momento em que o meu primeiro filho nasceu, fez-se notar. Apertou-me mais que o habitual. Vamos sem os nossos filhos? Eles que adoram os hotéis e os seus pequenos-almoços, os passeios e a comida alentejana... Eles estão bem e até já fizeram a estreia da piscina na casa dos avós mas ir sem eles...pfff... que peso na consciência!  Mas vamos, que o Pai cá de casa não vestiu a dita camisola da culpa ou se a vestiu, consegue despi-la, felizmente!  Antes de ir, achei por bem dizer-lhes a verdade, até porque eles queriam que fôssemos para a casa dos avós.  Ui, o que fui fazer! A argumentação deles passou pelo "é injusto", "nunca vamos a lado nenhum", "estão sempre a dizer que temos de poupar dinheiro", "ou vamos os 4 ou ninguém vai" ou pior ainda &quo

Livro 12 - 2019

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"Estavam la retornados de todos os cantos do império, o império estava ali, naquela sala, um império cansado, a precisar de casa e de comida, um império derrotado e humilhado, um império de que ninguém queria saber." Não consegui parar de ler. É uma história que prende do início ao fim. 

Referências

Hoje numa aula de GAP - sim, voltei ao ginásio - tivemos de colocar pesos nos tornozelos. Calhou-me 2 kg em cada um. Amanhã não me mexo. Ao longo de todo o treino e por causa dos ditos pesos, só tinha uma coisa em mente. Sabem qual foi? ... ...   [E enfim, esse pensamento revela uma certa infantilidade e mostra que as minhas referências deixam muito a desejar, por vezes.] ... ...  Todo o treino ali a suar e a rebentar comigo e só me ocorria que o Sangoku no Dragon Ball treinou sempre com pesos para conseguir derrotar o Coraçãozinho de Satã. Se não fosse a minha triste e penosa condição física, teria achado graça à analogia. 

Livro 11 - 2019

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Um livro sobre o Holocausto, cuja parte final me provocou náuseas e um mal-estar difícil de digerir. Em determinados momentos, tive de fechar os olhos, parar de ler e respirar fundo. É também um livro sobre a culpa, coletiva e individual, e sobre a maldade humana. 

Pedro & eu

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Manhãs perfeitas de sábado...

O momento alto da semana e quiçá dos últimos tempos.

Aconteceu há pouco. A Dulce Maria Cardoso veio à minha escola dar uma conferência sobre a escrita e a leitura. Tive a sorte de poder assistir e foi simplesmente maravilhoso. Tal como acontece com os livros dela, onde tenho vontade, ou melhor, onde sinto necessidade de sublinhar frases ou palavras, também quis gravar para sempre o que ela disse. Tal como a sua escrita, fala de uma forma correta, polida, carregada de mensagens. Foi qualquer coisa de muito bom. Trago comigo, para além da "Eliete" e da " monstrenga ", a voz da autora.  Bolas pá, quando for crescida, quero ser como ela:  uma calma doseada com uma dose certa de loucura, a sabedoria, a sapiência na escolha das palavras, a capacidade de agarrar em 250 alunos e fazer com que eles não desliguem ao fim de 5 minutos falando de livros, a inteligência, o dom das palavras  and so on.  O ciclo de conferencias da minha escola acabou hoje: entre deputadas parlamentares, ensaístas, cientistas e escritores, a Du

Livro 10 - 2019

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Conheci este livro através do Goodreads. Alguém lhe deu 5 estrelas e fez uma crítica muito boa. Como sou fã de romances históricos, fui requisitá-lo. É assim um livro tipo 3,5. Pois é.   Lê-se muito bem porque tem uma escrita fluída e simples e uma história simplória e previsível. Mostra uma sociedade analfabeta, pobre e "cega" e uma Inquisição a tornar Portugal ainda mais ignorante e com medo. Mas tudo em simples. Demasiado simples.