Mensagens

A mostrar mensagens de 2020

2020 revisto num só fôlego

2020 num post é coisa difícil mas vou tentar escrever tudo seguido sem pausas, ao sabor do teclado. Quando vejo as imagens do mundo parado em março e abril, emociono-me porque me lembro do medo que senti. Não senti receio da doença em si mas das consequências que poderiam brotar da doença: desemprego, vandalismo, criminalidade, violência, enfim, tudo cenários apocalípticos... Acho que o tempo foi acalmando o medo, assim como o facto de estarmos sempre os 4 juntos. Houve momentos aborrecidos, em que já não nos podíamos ver à frente, em que me cansei de ser mãe do Pedro e do Tiago e esposa do pai cá de casa (e vice-versa) mas, no global, os laços familiares ficaram fortalecidos. Tivemos sorte com o momento de confinamento e a idade deles: nem muito pequenos nem demasiados adolescentes. Foi o ponto certo. O calor suave da primavera levou-nos a desconfinar fora de Lisboa e das paredes do apartamento. Foi um bálsamo e um luxo. Entre a Serra da Lousã e depois a Fonte da Telha, onde estivemos

Mensagem natalícia

Caros leitores,   Que haja muitos sorrisos hoje à noite e amanhã ao almoço, que haja aquele quentinho cá dentro de sabermos que estamos com os nossos e que haja vinho bom.  Bom Natal.

Livro 38 - 2020

Imagem
"Os livros que devoraram o meu pai" - Afonso Cruz. A amiga "especial" do meu mais velho ofereceu-lhe este livro (que faz parte do PNL para o 7°ano) no Natal mas eu resolvi ler antes dele. (Ainda está a ler o livro que ela lhe ofereceu nos anos: um do Dan Brown. Quem nunca, certo?) É um livro que fala dos livros e da literatura. Elias, jovem narrador, perde-se nas leituras dos romances, fala com as personagens, cruza mundos literários, chega a atravessar a Sibéria num clássico russo, e isso tudo para encontrar o seu pai que se perdeu na leitura.  "Os livros encostados uns aos outros,  numa prateleira, são universos paralelos!".  O livro vem reafirmar aquilo que já sabemos: é uma porta aberta para qualquer outra realidade, outro mundo construído pelo autor e interpretado individualmente pelo leitor. O livro tem toques de  humor, mas também o seu quê de triste. É o livro perfeito para sonhar. [O Afonso Cruz escreve tão bem. Que delicioso!] 4 estrelas

O blog internacionalizou-se

Imagem
Nas últimas 24 horas, chegaram aqui pessoas de todo o lado, ou quase, vá.  Olhem, eu, que tinha tido 4200 pessoas no mês de abril a passarem por cá por causa do confinamento e do meu pseudo diário, fico super coiso a pensar que há pessoas em vários locais do mundo que continuam a passar por cá.  Na minha cabeça, a pergunta mantém-se: o que leva as pessoas a lerem um blog que diz pouco e que interessa ainda menos? De qualquer maneira, obrigada. 

Livro 37 - 2020

Imagem
"Quem é Amado Nunca Morre" - Victória Hislop. O livro foi-me oferecido pela sua tradutora. Acho que nunca o teria lido se assim não fosse porque 1) nunca tinha ouvido falar da autora (grega); 2) a capa remete para um livro "ligeiro"  e 3) o título é do mais foleiro possível e remete mais uma vez para algo demasiado light. É eu sou muito preconceituosa com a literatura dita Light. Tenho a mania...enfim, cada um com os seus defeitos.* O livro conta-nos a história de uma jovem ateniense - Themis - e das suas aventuras ao longo de 7 décadas.  Paralelamente, acompanhamos a História da Grécia, desde a ocupação nazi até à última crise económica de 2010. Eu não sabia nada sobre a Grécia moderna e descobri que houve uma guerra civil entre os colaboracionistas nazis e os comunistas, uma perseguição feroz a estes últimos, campos de concentração em ilhas-prisão com torturas inenarráveis para o exército comunista e ditadura dos "coronéis"  nos anos 60 e 70. Vivemos de

Dia 11

Hoje foi daqueles dias que passam e nada acrescentam. Quer dizer, a tarde é que foi assim, pois o sol da manhã de inverno foi bom. À tarde, completamente fechada na sala sombria como se estivesse num bunker ou numa gruta. Não levantei o rabo do sofá, até  ficou com cova. Talvez me tenha babado. Uma apatia que benzadeus. Estes dias confinados, às vezes, fazem-nos ter pena de nós próprios.

Dia 10

Saí de manhã para dar um jeito ao cabelo e a cabeleireira faz aquele reparo "ôcê quê arranjá a sobrancelha pa ficar bonitinho?". Aí meninas, onde é que me fui meter! Foi com linha, m'lheres, com linha! Descobri o limite da dor porque a menina aqui nunca tinha feito nada com linha, sem ser coser um ou outro botão ou nem isso se calhar.  Porra pá, que dor. [  Uma gaja mete-se em cada uma em nome de merdas estéticas, que demostram claramamente que andamos mazé todas doidas . ] O resto do confinamento foi uma antítese, porque foi a trabalhar a tarde toda em regime presencial, das 15h às 20h. Eu confino desconfinando. Acho que a ideia (ou piada) não resulta mas vou deixá-la aqui na mesma porque sim. Reforça a palavra antítese. [ Pas mal, hein?]  À caminho de casa, já tarde, fui encostada, salvo seja que nem feticho com fardas, por um polícia só para saber por que razão estava a circular na via. "Ah, senhor guarda, vou agora isolar-me, que hoje foi claramente um dia em que

O supostamente dia 10

Vim ontem à tarde para a aldeia, que fica num concelho de risco moderado,  ou seja, onde não há recolher obrigatório, os restaurantes fecham às 23h e o comércio às 20h. Uau, parece que estamos numa dimensão paralela, free covid, mas eu, obviamente, estava na cama às 23h00 para manter a tradição e ser solidária com os meus amigos e colegas que ficaram em Lisboa.  Lamentavelmente não haverá report a fazer sobre um semi-confinamento porque ele não vai existir. Eu sei, estão tristes, mas vá, aguentem, há coisas também relativamente engraçadas na net. Se continuam por cá é porque os vossos níveis não são assim upa upa, não me venham com coisas agora do género "Tella, Tella, como aguentar o confinamento sem as tuas reflexões e os teus relatos que nada dizem, pouco interessem e que nos fazem ver que afinal estamos juntas nessa vidinha que passa é que se vai vivendo ao sabor dos dias?".  São fortes e aguentem. Eu acredito. Volto para a semana se estiver  num semi-confinamento. Vá,  d

Livro 36

Imagem
"Um Castelo em Ipanema" - Martha Batalha  O meu livro 35 também foi desta autora, que descobri somente agora e de quem fiquei rendida.  O romance começa com Estela, deitada na cama a chorar e conta-nos por que razão está assim. A narradora vai atrás no tempo e no espaço e começa a contar-nos a história da família há 100 anos em Estocolmo. É uma saga familiar muito bem contada, divertida e com as palavras bem escolhidas, carregadas do ritmo brasileiro, que torna tudo delicioso. Transportou-me para Ipanema, para o Rio dos anos 60 que não conheço mas que senti cheio de ritmo e vida. Recomendo bastante. 4,5. 

Dia 9

Ó meninas, achava eu, ontem, que hoje não estaria confinada e que não teria de atualizar o diário de um semi confinamento. De duas, uma: ou o modo chalupa está ativado ou então...  - Com que sonhas tu, porco? - Com a bolota! Vá, em modo rápido que amanhã acordo cedo e temos todas coisas mais importantes e urgentes a fazer. É. Isso mesmo. Acordei, corrigi testes, fiz a segunda chamada dos testes do 7, 8 e 9°anos, corri,  comi, bebi (Também sentem que há sempre muito álcool nos meus post em confinamento ? Haverá aqui um padrão qualquer que poderá indicar qualquer coisa? Não nego nem confirmo. Deixo a coisa em aberto.) ajudei os miúdos a pendurarem os postais nas portas dos vizinhos, fiz perguntas para o teste de português, joguei Apalavrados e vi televisão. Grosso modo, foi isso. Nada de especial.  Embora farta de confinar, porque parece que os dias se repetem e que estamos presos no mesmo dia, como aquele filme cujo título desconheço, neste momento pensar em voltar amanhã para o trabalh

Dia 8

Apesar do confinamento e do encerramento das atividades letivas, abri o email oficial do trabalho. " Ai Tella, estar fechada em casa só te dá para fazer coisas parvas" diz a outra Tella que há em mim, mais sábia e mais cautelosa, mas que feliz ou infelizmente não tem as rédeas de mim. Ela só analisa e acena a cabeça como quem diz " ah, se eu mandasse, ela andava por melhores caminhos ". Dizia eu, a Tella que tão bem conheceis, que abri o e-mail e foi o horror, toneladas de e-mails. Coisa sem grande importância mas que mereciam respostas. No entanto, houve um que me deixou preocupada e um pouco ansiosa (sim, ó meninas, se soubessem o stress que tenho a conta do trabalho! A outra Tella, a sabichona, diria que eu stresso com tudo e que tenho de aceitar que não posso resolver todos os problemas e que a culpa não é minha mas eu não lhe ligo...). Consegui contaminar o ambiente com uma certa carga negativa. O almoço foi pesado porque estive sempre meia sombria, meia cabis

Dia 7

Mais uma voltinha, mais umas horas fechados em casa, não é? A gostar?  Aqui, olhem, cá vamos andando.  Há dias em que só me apetece ficar em casa e pronto, foi isso que sucedeu. Sei que não estou a dar nenhuma novidade mas há posts assim, simples e sem grande profundidade. Como continuam a andar por cá, suponho que não se importam, não é? Não andam aqui à procura de grandes vôos, já vos conheço meus caros leitores. [Amanhã poderá haver coisas mais interessantes mas vá, ide sem grandes expetativas, que andamos a viver num mundo sem certezas. Tá ?]

Dia 6

Acordei às 7h00 no sofá. Adormeci ontem antes das 23h, claro. Dizem, mas eu não acredito, que sou super antipática quando  me querem acordar para ir para cama. O Tiago disse que lhe dei uma estalada, o Pedro disse que sou má e o pai cá de casa revirou olhos dizendo "há anos que me deixei de te acordar!". Pelo vistos,  ninguém me agarra quando estou numa espécie de transe. Acordei com a boca seca. Nada a ver com o vinho de ontem, pensei, deve ser do AC. Acordei agarrada às cruzes, que custa dormir no sofá. Depois, agarrei-me aos (poucos) cabelos: "que horror: nem o telemóvel me carregaram, pá!". Por segundos, fiquei nervosa. O mundo a acontecer, mesmo confinados, e eu não o acompanho.  Quis agarrar-me aos ténis para ir correr mas o meu olhar cruzou-se com as 9 turmas para corrigir e agarrei-me estoicamente ao trabalho. Foi assim, certos e errados, até ao almoço.  À tarde, continuei a ver testes mas debaixo da mantinha e em frente da lareira: o sono agarrou-me e eu de

Dia 5

O confinamento do dia 5 é de apenas uma hora. A partir das 23h, casa! Ó senhores, deixem-me dizer-vos que esse xixi/cama a partir das 23h00 já  é prática corrente, cá em casa, às sextas desde ...puffff...desde há uma vida quase. Ai, não sei o que é pior: este confinamento de sexta ou as minhas sextas-feiras à noite, tour court.  

Calendário do Advento - edição 2020 - dia 1

Começou hoje com a atividade óbvia: montar a árvore de Natal. O Pedro perguntou-me se éramos nós a colocar os papéis no calendário.  Menti. "Pedro, é a magia do Natal". Ele sorriu sem saber se sim, se não ou se nada...

Dia 4

Irritei-me tanto com eles por causa da escola, do estudo, da dependência dos ecrãs que até eu já não me consigo ouvir. "Tiago, vai estudar", "não, não podes jogar PS2", "desliga o telemóvel ", "não mexes no telemóvel  sem a minha autorização ", "Meninos, no final do período é que acertamos contas", "Tiago, tens 3 testes em 3 dias. Vai ESTUDAR."  Ficaram cansados? Eu também. Eles mais ainda. Mas como se consegue estar confinado umas horas e estar desligado muito tempo dos tik tok e do fortnite? Em casa, desde o isolamento de março que os miúdos ficaram completamente viciados nisso e eu não consigo encontrar nada que os faça estar o mesmo número de horas agarrado a tudo isso e entusiasmados. Nem no estudo, obviamente.  Felizmente encontramos  uma série curtíssima que nos agarrou aos quatro e que limitou a ps, o telemóvel ou o PC: a série portuguesa "O atentado", disponível na RtpPlay. Conta a história do atentado ao Sa

Dia 3

Hoje, enquanto pude claro, que sou uma pessoa que acho tudo isso exagerado [e ao escrever isso, estou a apontar para toda a situação atual] mas que cumpre, fui ter com uma amiga. Deu-me um livro traduzido por ela. Não o confessei mas fiquei super contente. Primeiro porque receber um livro alegra-me só por si e depois porque é um livro que lhe pertence também, que não pariu mas que ajudou a crescer. Partilhou comigo, assim toma lá, dá cá a sua marca.  Entusiasmo-me com pouco ou alegro-me com muito, depende da perspetiva das pessoas. Vamos deixar assim a coisa, a fluir, com cada um a pensar nesta última ideia, hein? É coisa pouca que também não vos vai ocupar muito tempo, certo?  18h45, ui, a conversa está boa mas chegou a hora dum drink, que nem tudo pode ser reflexões sérias ou ainda  sociedade recoletoras, agropastoris, celtas e o diabo a quatro. Sim, o estudo de hgp continuou, ******-se! 

Dia 2

Dediquei-me à leitura. Li mais hoje do que nas últimas semanas. Novembro tem sido um mês mau. Estive a ler, sentada no sofá,  em frente à lareira e fui transportada para o Brasil. Embrulha confinamento! Pelo meio, houve estudo "a sério" com o miúdo e 4 perguntas: o que te deixa realmente feliz? O que te entristece? O que te assusta verdadeiramente?  O que te surpreende mesmo ? Estar em casa com as portas fechadas mesmo que só umas horas, obriga-nos a abrir umas ou outras janelas. Hoje abri a janela da língua, com o seu ritmo próprio e variações com o açougue, o doniestela, o "te disse que tem", e a janela das emoções.  Nem sempre temos de abrir uma garrafa.  Mentira, temos também de o fazer.

Dia 1

O confinamento a partir das 13h já começou há duas semanas mas só ontem é que senti a cena. Achei então que devia retomar o meu #diariodocovid, mudando-lhe o nome, atualizando-o, tornando-o mais jovens e desempoeirado. Vai daí, surgiu a ideia do diario de um semi confinamento . Nada de especial, eu sei, mas já nos conhecemos há uns tempos, e entre nós, a expetativa é baixa, reciprocamente falando, claro, que não estou aqui para ofender ninguém. O que aconteceu ontem, no dia 1? Um vinho branco francês Chardonnay , oh lá lá mes chers , que me caiu para lá de Paris, ah oui, oui e que me obrigou, le malandro, a uma paragem no sofá para pôr a vida em perspetiva, claro. Tive também de sacrificar a tarde de estudo com o meu mai'novo que estava todo lançado com o clima temperado mediterrâneo,continental e o diabo a quatro. Ele agradeceu e olhou-me com aqueles olhos ainda tão inocentes a dizer-me "Obrigada mãe. Prometo que amanhã estudamos a sério e muito".   Quis sair. Ir para qu

Fim do isolamento

Aguentou 4 dias a almoçar/jantar sozinho no quarto, isolado mesmo de todos nós.  Ao fim da 4a noite, veio de máscara para a sala ver a nossa série mas ao 3° dia, já me tinha pedido um abraço, que teve, obviamente. Na noite seguinte, jantou connosco numa mesa à parte.   Ao 6°dia, estava na sala sem máscara e nem sempre com o distanciamento correto Ao 7°dia fez o exame ao Covid e ao 8° dia, deu negativo.  Ao 10° dia, estava farto das aulas online e do ecrã do PC. Ao 13° dia, eu já só o queria isolado de mim umas horas, de tão chato, irrequieto e impaciente que estava.  Ao 14° dia voltou à escola, feliz e contente. Regressou a dizer que tinha sido muito fixe e que tinha tido saudades da sala de aula. Ai daquele que diga que as escolas têm de fechar. Não podem, que os miúdos ficam doidos (e nós também)!

Mood

Não sei se é da estação do ano, período de hibernação, do trabalho em roda viva com 13 turmas e 4 direções de turma, do acréscimo de trabalho devido ao covid em que me sinto também uma coisa entre um delegado de saúde e um funcionário público, do covid, das máscaras, da surdez por causa das máscaras, do afastamento social em que só há casa-trabalho e trabalho-casa com muita muita comida ou do camandro mas estou em baixo, muito em baixo, sem ler, correr ou ver séries. Zero. Rien de rien. Gostava de ter uma relação normal e saudável com a comida mas não consigo.  Há dias em que me vou deitar às 21h30 para ver se chego rapidamente ao dia de amanhã e vejo esta merda toda passada. Nada me motiva. Os meus filhos andam na bolha deles e eu nem quero saber. Estão horas no Fortnite ou no tik tok. Digo que é mau mas não faço nada. Deixo andar. Vou arrepender-me, eu sei mas não consigo agora. Acordo antes das 6h00 e começo logo com a cabeça a mil: os e-mails por responder, os testes, as fichas, as

Tentei ter "a" conversa sobre...

....sexo! Tentando resguardar a sua privacidade - eu sei que não faz muito sentido dizer uma coisa dessas num blog aberto -  quero só aqui dizer que ele não foi capaz de me encarar, tendo virado as costas e fechado os olhos o tempo todo. [Quis apenas abrir a porta à temática para que ele percebesse que estou aqui sempre, para o ouvir, aconselhar ou tirar dúvidas, mesmo quando ele acha que sou um empecilho. Também sugeri que víssemos o "Sex Education" juntos mas ele recusou terminantemente!]

Chegou a nossa vez

O Tiago está em isolamento profilático ou quarentena, sei lá, que estes termos andam à deriva e eu ainda não sei bem usá-los.  Está isolado no quarto, com horários desfasados dos nossos para comer. Ainda contente por ter espaço mas não lhe dou 2 dias para pedir para estar connosco, na sala, de máscara na boca. 

Livro 10 - Tiago

Imagem
Começou a ler o livro "Histórias da Terra e do Mar", livro de leitura obrigatória para a disciplina de português, em agosto, na ilha. A cada página lida ou melhor, a cada parágrafo lido, era ouvi-lo dizer "oh pá,  que seca!" e ouvir a Carolina a sussurrar "coitada, ele tem razão."  Acabou-o há 15 dias. Foi uma luta difícil.

Ainda dos 13 anos do meu mais velho

A festa de anos do meu mais velho meteu almoço com 4 amigos, sendo que uma é amiga "especial". A minha única cena era não o envergonhar, sem querer. É que eu, às vezes, enfim, descaio assim facilmente para momentos que geram um certo embaraço... Felizmente, recebi da Carolina dois grandes conselhos: "na dúvida, não digas nada" e "não dês nas vistas". Podem também anotá-los num sítio qualquer, just in case.  Bem, segui à risca o que ela me disse mas mesmo assim, ao que parece, e de acordo com o meu adolescente, falei num tom ríspido ao dizer-lhes para guardarem os telemóveis porque era o momento do bolo... Os julgamentos dos filhos são um exagero mas enfim [reviranço de olhos], há que relativizar, sorrir e acenar!

Friday night

Comprámos os bilhetes para ver o Jorge Palma há umas semanas. A vontade de ir é nula e nada tem a ver com o Covid.  É que só me apetece tomar banho, vestir o pijama, sentar-me no sofá, com os meus, debaixo da mantinha e ver uma série até adormecer em frente à televisão.   ( Já há muito tempo que não há glamour às sexta à noite, apenas aquela vidinha básica que, enfim,  me reconforta. ) Não vou para nova, eu sei.

Fogo, o meu filho fez 13 anos!

A sério, 13 anos! Como é que aquele rapaz já coube nos meus braços? Pensava nisso hoje ao tentar dar-lhe colinho. O meu Tiago numa historia: para uma aula de Cidadania, teve de levar um objeto afetivo que poderia dar a uma pessoa em dificuldade para o ajudar a ultrapassar esse momento. Escolheu uma foto da nossa gata Fifi. Desatou a chorar durante o discurso racionalmente preprado na véspera porque a emoção leva sempre a melhor nele. É sensível o meu rapaz, apesar dos 13 anos e da idade parva que daí advém. Será talvez essa uma das duas melhores qualidades que tem.  [A outro é acordar feliz, com sorriso nos lábios, o que chega a irritar o irmão que lhe disse há semanas ao pequeno-almoço: "Estás sempre alegre ao acordar. É enervante tanta felicidade."]

Da escola

O mais velho está autónomo nessa coisa de estudo mas ainda sente necessidade de "mãe, já estudei tudo. Agora faz perguntas." Pensei que isso já não fosse necessário mas ainda há uma criança pequena dentro dele.  O mais novo, no 5°ano, não sabe estudar sozinho. Precisa, tal como o irmão no 5°ano, de suporte. "Mãe,  vamos estudar?".  Ao segundo filho, a paciência para as funções do solo, o solo argiloso ou franco, as comparações, as onomatopeias, os verbos no modo indicativo e o camandro é nula.  As pessoas não falam disso quando estamos grávidas ou quando pensamos engravidar do segundo ou terceiro filho e é uma falha. Só se fala de amamentação e das dificuldades e dores que daí advém mas isso, a Escola em si, é que custa horrores. Bem, deixem-me ir, que ele quer rever a cena da impermeabilidade dos solos...Interessante, I know!  Desconfinada ou confinada, o meu hastag para me manter mais ou menos normal mantém-se: #hajavinho

Livro 34 - 2020

Imagem
"A Vida Invisível de Eurídice Gusmão " - Martha Batalha. É um livro sobre as nossas bisavós,  avós ou mães,  ou seja sobre as suas  vidas não vividas, invisíveis e cheias de vazio. É a história de duas irmãs nos anos 40 do século XX no Rio de Janeiro. Uma foge e a outra quer tornar-se exemplar. Nenhuma consegue ser a protagonista das suas vidas sonhadas ou desejadas. Pelo meio descobrimos outras vidas, também elas reféns das convenções.  Com humor, ironia e com aquele jeito de falar/escrever, cheio de ritmo e alegria, que só os brasileiros conseguem dar à lingua portuguesa, entramos na vida de Eurídice e de Guida com vontade que o livro não acabe nunca.  Gostei muito e recomendo. Dei-lhe 4,5 mas se calhar ainda vou alterar a minha avaliação para 5 estrelas no Goodreads.

Para não perder o foco - parte 3

Não temos balança há meses. Desapareceu. Não sabemos para onde foi, se para a aldeia, se para longe da vista para não nos aborrecer, se para o lixo porque se avariou. Um mistério. Resolvemos então comprar uma e claro que o pai cá de casa encomendou uma xpto, que mede massa muscular, água,  IMC, massa óssea,  percentagem de água, idade corporal, peso ideal, níveis de proteína e o nosso peso, claro!  Vamos ao meus números. Peso: 58,40kg Massa muscular: 38,60 kg (normal) Gordura corporal: 29 % (normal) Proteína: 16% (insuficiente) Idade corporal: 35 anos (eeeh!) Peso ideal:56,40kg (buuuuh!) [E pronto, afinal de contas este bloguinho não é só livros. Sabe também ser fútil e pouco interessante quando quer. ]

Livro 33 - 2020

Imagem
"Cerromaior" - Manuel da Fonseca. O livro retrata a sociedade num Alentejo pobre. Temos os camponeses humilhados e sem nada, à mercê das ceifas; os senhores da terra que despedem os ceifeiros quando querem e bem lhes apetece; as mulheres a chorarem à espera dos maridos e cheias de filhos famintos;  os que querem uma vida melhor mas não conseguem e que se rendem consequentemente às bebedeiras; os malteses que tentam recusar a submissão; os burgueses ascendentes; as mulheres pobres e sós que estão destinadas à prostituição; as aparências e o Adriano,  que sendo de um estatuto social mais elevado, reconhece a pobreza dos que trabalham a terra e as injustiças que sofrem. Acompanhamos as (tristes) histórias deles, todas elas ligadas. É um livro datado, de 1942, escrito por um comunista alentejano e cumpre com o proposto: mostrar as injustiças sociais da época.  Dei-lhe 4 estrelas e recomendo mas não é tão forte ou tão perturbador  como "Seara do Vento". 

Livro 17 - Pedro & 32 para mim

Imagem
"O Rapaz de Bronze" - Sophia  É o livro de leitura obrigatória do 5°ano. O Pedro pediu-me para ler com ele. Lemos juntos, mas a meias: ora lia ele uma página ora lia eu.  Deu-lhe 4 estrelas. Eu dei-lhe 2,5 mas se calhar até estou a ser demasiada generosa.  Embora o Pedro até tenha gostado, pergunto-me como se consegue cativar para a leitura crianças de 10 anos com livros desse género?  [E a foto, que máximo,  certo?]

Livro 9 - Tiago

Imagem
Foi difícil convencer o Tiago a ler novamente...

La rentrée

 As aulas recomeçaram. Não vou falar dos dias de loucura que antecederam o primeiro dia, nem nas condições em que regressamos, alunos e professores, à escola ou ainda na rentrée dos meus filhos. Nada disso. Vou falar da nhonho que há em mim. Ora leiam: A entrada dos primeiros alunos no colégio  - crianças pequenas do 5°ano - quase me emocionaram. Assim, tipo, que bom estar numa escola com crianças e de repente,  um nó na garganta.  Mal entrei nas salas de aula, percebi que afinal tinha tido saudades do ambiente da sala, dos putos, de tudo. Foi mesmo bom. Foi esse sentimento que me levou inconscientemente a trocar a máscara das primeiras semanas ou meses do ano letivo, a saber "stôra séria que não dá confiança nenhuma" pela máscara "que fixe estarmos todos juntos e eu até sem vos conhecer (só não conheço 4 turmas das minhas 9...), faço piadas e tudo porque estar aqui é mesmo fixe".  Mal entrei nas turmas dos anos anteriores,  pfff, só faltou dar abraços mas houve mui

Quando é que sabes que tens filhos crescidos? XLII

Quando o teu mais velho corta o buço com gilete para começar o novo escolar, assumindo aquilo que é: um adolescente típico do 8°ano.

Quando é que sabes que não vais para nova?

Quando o teu filho mais novo começa hoje o 5°ano. Caraças pá, o 5° ano!  (Nenhum de nós está a lidar bem com a coisa.)

Regresso

Saímos de casa no dia 25 de maio. Fomos para a aldeia durante 3 semanas e depois disso, fomos para a margem sul. Tivemos também 15 dias de férias na nossa ilha em Agosto. Na verdade, esses 3 meses e meio foram um tempo único, uma espécie de férias longas, apesar das aulas online, do teletrabalho do pai cá de casa e das minhas idas diárias para a escola em julho e em setembro.  Houve diariamente mergulhos na praia ou na piscina. Mas houve também gritos, que somos pessoas normais, com um adolescente que não se cala e que está tão parvo, benzádeus! Enfim, somos uns privilegiado, eu sei.  Regressámos há pouco a casa mas nenhum de nós está pronto para entrar na rotina.

Pergunta em aberto...

Hoje fui ao funeral do familiar de um amigo. Nesses momentos, percebemos que há pessoas que ficam muito tempo sem se verem e depois, em dias de funerais ou batizados, já se sabe, encontram-se e tem dúvidas sobre as vidas dos outros. De tal modo, que uma senhora, prima do meu amigo, com seus 50 anos, vira-se para ele e pergunta-lhe, apontando para duas mulheres "São as tuas filhas?". Uma era mas a outra, não. Era eu!  Estou agora na dúvida: estou assim com tão bom ar ou a senhora, enfim, anda assim como que a comer gelados com a testa? 

Livro 31 - 2020

Imagem
Quando li "Terra Americana", pensei que estava a ler o melhor livro de 2020 . Estava redondamente enganada. "Apneia" de Tânia Ganho é melhor. Tocou-me mais.  É um romance formidável que mostra as dores, as guerras e os traumas pelos quais as famílias divorciadas têm de passar. Mostram que os traumas psicológicos nas crianças não se podem quantificar ou provar. Transtornou-me ver o estado emocional da criança. Também senti as angústias da (super)mãe que tudo faz para ter a guarda do filho. Ela luta sempre de forma ingénua em tribunais lentos, injustos, com gente incompetente que finge não ver ou que se refugia por trás de verborreia jurídica. Sentimos que as agressões verbais e psicológicas nunca são tidas em conta porque quem decide (procuradores, psicólogos, juízes, polícia, etc) é insensível, pouco sensato. A lentidão dos processos afligiu-me, assim como "não é o agressor que agride e tem de ser punido, é a vítima que mente ou está enferma". Estive sempr

Para não perder o foco- parte 2

Durante o confinamento, a balança chegou a mostrar 67,2 kg. Acho que ultrapassei esse número mas como desisti de me pesar, não tenho a certeza. Engordei 8 / 9 kg.  Disse "basta" quando percebi que estava sem roupa e com o ego a ficar ainda mais lá pra baixo. Deixei de comer pão e hidratos ao jantar. Reduzi drasticamente o álcool. Recomecei a correr devagarinho. No dia 8 de julho, a balança indicou 61.7 kg. Continuei a correr bastante mas a comer tudo e a beber quase nada. Ontem, dia 1 de setembro, início do ano para qualquer professor, pesei-me: 59,3 kg. Estou nos menos 60! Primeira conquista - check. Ainda não estou onde quero (57 kg) mas o caminho faz-se caminhando (ou correndo, vá!). 

Run Tella, run!

Bati o record de julho. Corri em agosto 130 km, tau. As primeiras corridas do mês foram na ilha de Armona, de madrugada. Acordávamos, a Carolina e eu, às 6h30 para correr e foi ma-ra-vi-lho-so. Os dias, nesses dias, eram longos mas bons.  Os outros foram na passadeira ou na aldeia, perto da serra.  Espero conseguir manter o ritmo em setembro e por aí fora, pois como bem sabeis, a rotina às vezes lixa os nossos planos. 

Livro 30 - 2020

Imagem
"Anna Karénina" - Lev Tolstoi As 820 páginas assustaram-me bastante (cá em casa, chamaram ao livro uma arma de arremesso.) mas a leitura foi-se fazendo até bastante rápido no início porque despertou logo o meu interesse. O  livro, que é muito mais do que a história de amor da Anna Karénina, mostra a sociedade russa do século XIX: o trabalho no campo, o ócio, a relação do povo com o trabalho, os salões,  a condição feminina, o misticismo, deus, etc e na verdade nem sempre esses temas me entusiasmaram e aí, a leitura foi mais penosa.  Achei a Anna Karénina chatinha. Passou de mulher poderosa a nhonho ao longo do livro mas quem nunca, certo? Até acho que ela não é a personagem principal mas sim o Levin, que não gosta do ócio mas sim do trabalho no campo, que ama a sua esposa e por isso tem uma relação feliz. A Anna, coitadinha, à la madame Bovary,  já não tem a mesma sorte. Como me disse a Carolina na ilha, é um clássico igual aos nossos e é mesmo isso. Dei 4 estrelas. 

Livro 29 - 2020

Imagem
"O Coração é o último a morrer" - Margaret Atwood. A autora gosta de criar sociedades alternativas. Neste caso, temos uma sociedade onde o sistema económico colapsou. O dinheiro evaporou-se, as pessoas foram perdendo emprego e casas. Há consequentemente muita violência nas ruas e os mortes já são tantos que se deixou de fazer funerais: ficam à deriva.  É neste contexto que nos é apresentado um casal que perdeu tudo e que vive num carro, rodeado de criminalidade e violência. Surge a oportunidade de participarem numa experiência social numa cidade muito robotizada e tecnologicamente evoluída, construída com o objetivo de proporcionar o bem às pessoas mas há uma condição: não podem nunca mais sair dessa cidade e mês sim, mês não, têm de ficar numa prisão.  A partir daí, as surpresas vão aumentando e torna-se marado (cada um usa as palavras que lhe dão mais jeito!). Quando achamos que está num nivel impossível de ser superado, subimos mais um degrau nessa loucura.  O livro lê-se

Livro 16 - Pedro

Imagem
Não lia nada desde o início do desconfinamento. Infelizmente nada bate os écrans, nem nas férias. Com alguma (mas pouca, pouquíssima) pressão, leu em 3 dias mais uma BD.

Livro 28 - 2020

Imagem
"A cor do hibisco" - Chimamanda Ngozi Adichie Kambili é uma jovem adolescente nigeriana que vive no meio da riqueza com os pais e irmão. Tem um pai ultra católico que exige a perfeição à sua família e que a castiga violentamente quando acha que sai do que estipulou. Kambili descobre no entanto que há mais vida para além do medo e do fervor religioso quando vive uma temporada na casa da sua tia. É uma história que cativa, onde ficamos a conhecer o lado negro da Nigéria - a pobreza e a falta de democracia. Gostei muito do livro e a figura do pai fascinou-me. Como pode um homem bom ser também tão mau em nome de expetativas irreais ?  4,5 estrelas.

Livro 27 - 2020

Imagem
"A Filha da Fortuna" - Isabel Allende Nas férias, convém também ler livros fáceis, de leitura rápida e com uma história que prende logo na primeira página. A Allende encaixa-se perfeitamente nisso tudo. Sabe escrever histórias de mulheres fortes que me prendem, mesmo sabendo que às vezes é assim fraquinho. Não é nada do outro mundo, no fim até começa a empatar, mas cumpre com o propósito: entreter sem pensar muito nas coisas. 4 estrelas.

Livro 26 - 2020

Imagem
"Quando tudo se desmorona" - Chinua Achebe. O romance narra a história de um homem, com personalidade bem vincada, que vive num aldeia em África nos finais do século XVIII. O livro mostra-nos uma sociedade organizada e estratificada de acordo com os costumes e tradições daquele povo. Mostra também a chegada do homem branco e da intolerância para com aquele povo.  Gostei muito do livro porque, sendo escrito em 1958, mostrou ao Ocidente uma outra versão do colonialismo. Deu-me a conhecer uma outra cultura, hábitos e crenças.  Dei-lhe um 5 mas acho que é um 4.5 porque o desfecho é pffff... brutal mas pffff.

Livro 25 - 2020

Imagem
Voltei a ler mais um livro do Manuel da Fonseca - "Aldeia Nova". São 12 contos  sobre as charnecas e pessoas do Alentejo e mais uma vez, gostei bastante.  Dou 4 estrelas porque os contos, mesmo estes, não são a minha praia. 

Run Tella, run

Em julho, corri como nunca tinha corrido até então, tendo ultrapassado o meu record de novembro 2017 de 90,8 km . Este mês fiz 118 km. Cento e dezoito, sim. Nem eu acredito.  Pensarão talvez que quis correr pelos meses de confinamento onde o rabo esteve sempre sentado em frente ao PC ou em frente a um copo de vinho mas não foi nada disso. A culpa é da Carolina que foi partilhando comigo as distâncias e tempos dela. E aquilo teve assim um efeito meio coiso. Em cada SMS recebida, pensava duas coisas: 1) " olha-me essa! Se ela corre, eu também corro! Pfff" e arrastava-me para correr e 2) "se não for agora, não vou conseguir correr com ela na ilha" e pelos números dela, sei que será difícil acompanhá-la. Reconheço que corri apenas porque me senti picada e ainda bem porque g raças a ela, consegui 118 km, uau.  Fica a nota que corri apenas 24 km na rua, ao ar livre, e que tudo o resto foi na passadeira  com o ar condicionado no máximo. Luxos para quem pode e merece! 

Livro 24 - 2020

Imagem
"Seara de Vento" - Manuel da Fonseca  Foi recomendado por um amigo que me disse "se estás a gostar do Namora, vais adorar o Manuel da Fonseca porque cada palavra dele é um murro no estômago." Acertou em cheio. Fui logo requisitar "Seara do Vento", livro proibido em Portugal entre 1952 e 1974.  É um livro que nos dá a conhecer a vida dos Palma, família alentejana muito pobre. O livro mostra as injustiças sociais, um povo fraco e oprimido e realça o mote "o homem só nada consegue".  O livro tem um cenário triste, cinzento, escuro. Impera o negrume e percebemos que algo não vai correr bem por causa disso. O vento é um elemento sempre presente. É implacável, entra pelas telhas, pelos cantos da casa, assobia, assusta e traz com ele ódio também. É um romance magistral e imperdível.  Nem sei como nunca tinha lido este autor. Há escritores assim, que são absolutamente geniais e que não conhecemos.  Recomendo (e embora seja muito datado, acho que devia se

Quando é que sabes que não vais para nova (mais uma vez)?

Quando estou quase a postar uma foto no Instagram e o meu filho mais velho, sempre atento ao meu telemóvel,  me diz "Não podes pôr isso, pareces uma velha. Se quiseres, arranjo-te uma aplicação para pareceres mais nova."

Livro 23 - 2020

Imagem
"O Violino de Auschwitz" - M. Ángels Anglada Olhei para o título e sem saber nada do livro, trouxe-o porque sim. É a história de um luthier judeu preso em Auschwitz que tem de construir um violino para um comandante da SS.  É um livro chato, que não traz nada de novo, com personagens que não cativam e por quem não sentes nada. Nem a ideia subentendida do que o violino - a Arte - sobrevive ao horror me fez apreciar o romance. Para a semana, este livro será completamente esquecido, de certeza. Dei-lhe 2 estrelas (e não dou 1 porque há uma professora em mim que nunca dá notas tão más a ninguém). Não recomendo a não ser que queiram conhecer os limites do aborrecimento. 

Livro 22 - 2020

Imagem
"O Trigo e o Joio" - Fernando Namora Voltei ao Ferando Namora por acaso. No fim de semana, encontrei o livro na casa da aldeia. Era do avó do pai cá de casa . Como já me tinha decidido a ler mais coisas do autor, apropriei-me do livro que terá o devido lugar na minha estante. É um romance com ambiente rural como tanto gosto. É um livro do Alentejo com as suas planíces, as courelas, a ceifa, o trigo e toda uma paixão pela terra que é retratada com sensualidade, como se fosse uma mulher. É um livro sobre as gentes do Alentejo, sobre as suas dores, sofrimentos, esperanças e sonhos. O livro é apaixonante e está muito bem escrito. O Namora é um mestre. Sublinhei imensas frases como quem quisesse apreender aquelas imagens e metáforas para sempre.  Se gostam do estilo neo-realista, recomendo (e muito) o livro ao qual dei 5 estrelas.  [Vou agora ver a adaptação cinematográfica do livro realizado em 1962 e disponível no YouTube. ]

Quando é que sabes que não vais para nova?

Quando tens de lavar o cabelo com um champô chamado "magnesium SILVER" para dar brilho e suavidade aos cabelos brancos e grisalhos, ie, para que o cabelo branco não fique amarelado, à la Jorge Jesus.  [A sério,  é para isto que uma pessoa está guardada!]

Livro 21 - 2020

Imagem
"O Amante Japonês " - Isabel Allende Quando não há grande coisa para ler ou quando não me apetece ler grande coisa, recorro à Allende. Sabe contar histórias que prendem, mesmo quando quando não são grande coisa, como esta. Mas pronto, uma pessoa entusiasma-se, lê e pensa "É mesmo isso que queria: leitura leve e fácil que distrai". 4 estrelas porque cumpre o objetivo. 

Notas para tentar não perder o foco

Já consigo apertar alguns calções mas fico com a banha toda de fora. Também deixo de respirar para que tudo possa suceder.  Ainda só uso calças com elástico na cintura porque as outras encolheram, filhas da mãe. Ya, mesmo. Com os vestidos, estamos na mesma cena.  Continuo a vestir roupa da sogra, sendo este o momento certo para agradecer o universo que me arranjou uma com bom gosto e com toneladas de roupa. Podia ser uma d.dolores, com tigresses e dinheiro e fama mas não, felizmente, que depois não tinha o que vestir. Vamos então aos números: 61,7kg  34 km corrido em julho 18 dias seguidos com mais de 10000 passos. 18 dias sem álcool a mais no sangue. 

Livro 20 - 2020

Imagem
"As velas ardem até ao fim " - Sándor Márai Este livro foi recomendado por duas colegas há muitos anos mas só agora chego a ele. É um livro que fala sobre as complexas relações humanas através de dois velhos que se reencontram ao fim de 41 anos e que buscam respostas. O início do livro cativou-me mas os monólogos longos e com ideias repetidas do fim cansaram-me. Dou-lhe um 3,5 sem saber se o recomendo. 

Friends

Acabamos de ver as 10 temporadas e até me emocionei no último episódio.  Estou cada vez mais nhonho, fogo. (Recomendo porque é muito muito divertida. Vou ter saudades deles.)

Post para ideias parvas que possa eventualmente ter no futuro

Regressei fisicamente à escola há uma semana e meia. Enquanto os sogros estão na aldeia, decidimos a ocupar a casa deles, que tem espaço exterior. Tem sido estar quase de férias. Voltei então a recordar que viver na Margem Sul é sinónimo de praia depois do trabalho e de mais espaços verdes. Cheguei a romantizar a vida na Margem Sul até ao momento em que  demoro 1h30 para chegar ao trabalho. Voltei também a recordar que viver fora de Lisboa é sinónimo de filas e mais filas, de stress no pára-arranca e de horas da minha vida perdidas no trajeto escola/casa. 

Desistência de 2020 - livro 2

"Missa in Albis" - Maria Velho da Costa. Achei que ia gostar mas à semelhança do último  que li dela, não gostei.  Dizem que é uma obra upa-upa da literatura portuguesa, mas eu cansei-me por volta da pagina 30. Não me apeteceu forçar a coisa. Cada um nasce para o que é, no meu caso, a Maria Velho da Costa não é a minha onda. 

Livro 19 - 2020

Imagem
"A Noite e a Madrugada" de Fernando Namora. Nunca tinha lido nada deste autor. Há uns tempos, um escritor e crítico literário tinha escrito um texto sobre autores portugueses esquecidos que as novas gerações não liam. Fernando Namora era um deles.  Encontrei o livro (em muito mau estado) numa estante da casa dos sogros. O livro conta a história de uma comunidade miserável de camponeses e contrabandistas da Beira, focando-se sobretudo na família Parra.  Gostei muito do livro, da história, das personagens e das suas vidas pobres, resignadas e infelizes. Gostei ainda mais da forma como está escrito, com cuidado, com propriedade vocabular, com mestria.  Tenciono ler mais coisas deste autor, sem dúvida.  4 estrelas e recomendo.

Pergunta que merece estar aqui para recordar mais tarde

Fomos à praia. Para evitar ajuntamentos, fomos para o fundo da praia aqui perto de casa. Resultado: poucas pessoas e quase todas nudistas. Pergunta o Pedro "mãe,  isso é que é pornografia?" 

Historia(s)

Estou a ler um livro cuja ação se desenrola num meio rural e pobre, com gente do campo, iletrada, acanhada, violenta e submissa a um Visconde qualquer, um Doutor vindo de Lisboa. Estou ainda no início mas este é o género de livro que me enche as medidas. Bastou ler a frase "...quando os azedos da vida precisavam ser desafogados, surrava a mulher ..." para recordar as histórias sobre a minha família. Do meu bisavô, soube desde sempre que tinha sido um dos melhores carpinteiro da zona e que era "terrível", de acordo com o meu pai.  Era um dos homens mais temidos da aldeia. Baile onde chegava acabava sempre em briga feia.Tinha uma espécie de gangue, que rivalizava com outros de outras povoações.  Violento, espancava a minha bisavó, chegando-lhe a partir um braço. Mais velha, corria abrigar-se na casa dos filhos se o marido chegasse da taberna bêbado ou com vontade de deitar fora as amarguras da vida pobre. Reza a história que filhos e noras lhe diziam que tin

A vida pós covid

Entre confinamentos, idas à terra e aulas à distância, a minha roupa "da escola", da vida dita normal, foi ficando esquecida no roupeiro. Acontece que fui ontem à escola resolver uns assuntos e precisei da roupa dita normal.  Ó senhores, abateu-se sobre mim um desgosto profundo, pois as minhas calças não me servem. Experimentei 3 e tive de levar as calcas largas, de verão, com a cinta elástica, compradas no chinês. Foi o melhor que consegui. Claro que fui correr 5km depois mas o pai cá de casa fez pizza ao jantar e pronto, estava demasiado deliciosa para lhe virar as costas ou fechar a boca. Que chatice. Vivo num dilema que é ter vontade de fechar a boca e mexer-me mas ter vontade também de comer e não fazer nenhum. Entre les deux, mon coeur balance. Rotinas, preciso urgentemente das minhas velhas rotinas. 

Livro 18 - 2020

Imagem
"Lendas e Narrativas" - Alexandre Herculano. Ah, os clássicos!  Ah, o Herculano e a sua linguagem quase hermética, sombria, austera e difícil! Ah, o Herculano que me obrigou a consultar o priberam demasiadas vezes para perceber alguns parágrafos importantes. Ah, o Herculano e aquele rigor histórico, onde a mulher é vista como um ser diabólico e a rainha Lenonor sempre aquela adúltera espanhola... Ah Herculano, toma lá duas estrelas que não gostei nem um pouco de te ler.  (e não foi só uma estrela porque pronto, sempre é um clássico e o respeitinho é muito bonito.)

Livro 17 - 2020

Imagem
"História da Bela-Fria" - Teresa Veiga. Encontrei este livro cá por casa, na aldeia. Gostei do título e resolvi ler, até porque nunca tinha ouvido falar da autora (que ao que parece ganhou prémios com este livro e outros...) São contos, alguns divertidos, outros banais, que abordam episódios ocorridos na província. São contos onde se aprende o amor, as separações e os encontros. Nem aquece nem arrefece. Não acrescenta nada (mas eu sempre embirrei com contos). 2,5 estrelas. 

Ainda sobre o diário...

Estão recordados do meu diário do Covid? N o dia 31 , falei dos memes e pronto, chegou a minha vez. Soube pelo meu filho, que não foi poupado por causa da sua rica mãe, que também já tenho um e que não sendo dos piores também não é muito simpático. Diz ele que já o apagou (e vou fingir que sim para resistir a tentação de ir vasculhar o telemóvel dele) e nada mais disse sobre o assunto. Não me revelou o autor, nem sob ameaça nem sob chantagem emocional digna de um Óscar. Sacana(s).

A minha Aida

A minha avó Aida foi para o lar da nossa aldeia. Estava em lista de espera há uns tempos e foi chamada no início de Abril.  Poderia entrar depois do fim do estado de emergência e depois de fazer um teste ao Covid. Entrou há uma semana. Desde que soube que ela iria em breve sair da casa dos meus pais, quis que ela se deitasse e não acordasse mais. Numa atitude pueril, acreditei piamente que isso fosse acontecer mas claro, não aconteceu. Então quis crer que ela estava à espera que fossemos lá para lhe dar um abraço. Uma despedida, vá.  E ela acordou no dia seguinte, claro. Pensei então que só estava à espera que o seu filho mais velho - o meu pai - fizesse 70 anos. Obviamente que nada disso sucedeu: a vida não segue nenhum dos meus desígnios. Não a quero ver no lar, na antecâmara da morte. Teria sido uma velhice sempre junto dos dela e seria bonito. Detesto imaginá-la lá. Detesto.  Vou vê-la apenas durante 10 minutos através da porta de vidro, entreaberta o suficiente para algum som pass

Livro 16 - 2020

Imagem
"Terra Americana" de Jeanine Cummins é um livro de leitura obrigatória. Já tinha ouvido falar do livro no Instagram e no Goodreadas mas decidi comprá-lo (e eu raramente compro livros) depois de ler a entrevista da autora na Revista do Expresso de há 15 dias ou 3 semanas.  O livro fala dos migantres sul-americanos, da violência que grassa nesse continente e que obriga as pessoas a passarem pelas maiores provações para chegarem ao Norte.  É um livro com uma história tocante e bem  escrita. Embora estejamos só em maio, posso afirmar que é o melhor livro que li em 2020. É um livro que nos faz pensar que podíamos ser nós em cima da "besta"* [comboio de mercadorias utilizado pelos migrantes para se deslocarem pelo México]  ou a atravessar o deserto porque somos todos iguais: queremos apenas viver (ou sobreviver) sem medo (dos outros, da fome, da pobreza ou da guerra). Recomendo vivamente a sua leitura. É daqueles livros que devíamos todos ler para sentir

Run Tella, run

Imagem
Hoje fui correr 5 míseros km às 10h da manhã, debaixo de um sol tórrido. Custou horrores. Custou tanto que algumas subidas foram feitas a andar. Aqui, na aldeia, a 500 m de altitude, as subidas matam.  Fui consultar há pouco o meu relatório de corridas e a modos que só me apetece dizer #fuckcovid. 

Destes dias...

- Acabaram-se as obras em casa. Estarmos confinados num apartamento sem varanda e com a casa em obras foi dose. Nem sei como não colapsei com tanto caos. O pai cá de casa é o melhor empreiteiro que conheço porque não derrapou no orçamento, respeitou o prazo da obra, fez um trabalho fantástico, super perfeito, altamente profissional e tem um extra que nenhum terá: tinha sempre o almoço pronto para todos às 13h15, fim das aulas da manhã. Ainda pensámos remodelar  a casa de banho grande mas felizmente o pai cá de casa foi contratado para começar a trabalhar dia 1 de junho. A casa de banho fica portanto sem efeito e é pena, mas pronto, é mais dinheiro ao fim do mês e menos caos. Parece-me bem. - Ando completamente fã de Friends. - Depois das obras, decidimos vir desconfinar uns dias na aldeia e os meus filhos voltaram a correr ao fim de dois meses e tal sem sair de casa: foi a coisa mais contra-natura que lhes aconteceu até hoje. Ser criança e não poder correr. 

Desconfinando- 7

Este será o último porque andamos a desconfinar à bruta. 

Livro 8 - Tiago

Imagem
Mais um livro  da Cherub (com péssima foto).  Há uns tempos, a professora de português do Tiago do 5°ano disse-me que tinha lido o 1°volume da coleção para saber o que andavam os alunos dela a ler. Ficou admirada pela escrita e história. Disse  que tinha qualidade.  O meu filho recomenda e a professora do 5º ano dele também. Isso vale o que vale até porque o prof do 7º n ão o recomenda ( mas acabou por aceitar o trabalho sobre o livro. )

Desconfinando - 6

O primeiro passeio  a 4 desde que tudo isso começou. 

Desconfinando - 5

Digamos que já não existe nenhuma semelhança entre a Frida Kahlo e eu. Felizmente. 

Desconfinando - 4

Voltei a usar relógio depois da Mary escrever nos comentários para não o usar. Voltei portanto a contar passos: ontem, atingi 75% dos passos estipulados. É um início. 

Desconfinando - 3

Acabaram-se os saltinhos de contentamento. Acabou-se a liberdade. Voltei a usar soutien. 

Desconfinando - 2

No almoço de sábado, não beijámos ninguém e apenas abraçámos a minha avó. Não tínhamos intenção de o fazer mas ela pediu, apesar de lhe falar da doença. "Ó Tella, dá-me um abraço." Foi um abraço bom, daqueles que nos fazem pensar que se ela morrer do Covid (que não morre porque há-de chegar aos 100 anos), morre feliz com os nossos abraços. 

Desconfinando - 1

É ir almoçar à casa dos pais e à despedida, ouvir o meu pai dizer com o olhar embaciado:  "Estou muito feliz por terem vindo. Prefiro morrer da doença do que ficar maluco da cabeça sem ver ninguém, sem falar convosco". Quase que poderia ser uma das muitas definições da saudade.

Quando é que sabes que tens filhos crescidos? XLI

Quando chega aquele fase em que se olha para um deles e só se vê buço. Apenas buço.  (Vou hoje comprar creme depilatório, que ainda não estou preparada para vê-lo com uma gilete no rosto. É que não consigo assimilar as duas coisas ao mesmo tempo.)

Dos 42

Imagem
Com a minha idade, já devia saber que nem descafeinado posso beber ao jantar. Resultado: estou acordada às 4h e tal da manhã. Não tenho emenda. Os meus colega ofereceram-me o jantar que foi entregue às 20h00.  O pai cá de casa já sabia de tudo e eu até estava a stressar porque eram 19h e tal e nada de o ver tratar da refeição e do bolo. Pensei já com ar meio chateado  "vamos jantar tardíssimo". Foi uma refeição vegetariana para os 4 do "The Green  Affair". Delicioso. O vinho também foi oferecido mas eu já tinha decidido que ia beber este : um vinho que se trinca.  Apesar das sobremesas recebidas, tive direito a mais um bolo.  A minha comadre/prima fez-me um red velvet maravilhoso. O pai cá de casa tratou de tudo e numa suposta ida não sei onde, foi buscá-lo à casa dela. Trouxe ainda uma pulseira e um desenho feitos pelas minha afilhadas. O pai cá de casa ofereceu-me ainda os meus primeiros New Balance cor de rosa e o Pedro um desenho com uma mensagem que me me fez r

42 anos

É tão bom fazer anos e vê-los passar, ano após ano. É mesmo! Mas na verdade já são 42 anos, pffff. Tantos pá!

Dia "não sei quantos " que já me perdi

Hoje a minha mãe faz anos.  Farei anos na quinta.  Estamos a pensar almoçar juntos no sábado. Viver a vida no limite agora é decidir se almoçamos com os nossos ou não. Suponho que num almoço de família não se consiga respeitar o distanciamento exigido mas faz sentido não estarmos juntos durante meses ou anos (sim, que essa coisa do covid vai continuar ad eternum)?