Livro 29 - 2020

"O Coração é o último a morrer" - Margaret Atwood.

A autora gosta de criar sociedades alternativas. Neste caso, temos uma sociedade onde o sistema económico colapsou. O dinheiro evaporou-se, as pessoas foram perdendo emprego e casas. Há consequentemente muita violência nas ruas e os mortes já são tantos que se deixou de fazer funerais: ficam à deriva. 
É neste contexto que nos é apresentado um casal que perdeu tudo e que vive num carro, rodeado de criminalidade e violência. Surge a oportunidade de participarem numa experiência social numa cidade muito robotizada e tecnologicamente evoluída, construída com o objetivo de proporcionar o bem às pessoas mas há uma condição: não podem nunca mais sair dessa cidade e mês sim, mês não, têm de ficar numa prisão. 
A partir daí, as surpresas vão aumentando e torna-se marado (cada um usa as palavras que lhe dão mais jeito!). Quando achamos que está num nivel impossível de ser superado, subimos mais um degrau nessa loucura. 
O livro lê-se bem (até porque é escrito de forma direta e sem floreado) mas não gostei assim muito do enredo a partir de determinado momento. A autora perdeu-se pelo meio. Dei-lhe 3 estrelas.

Mais uma vez, a Margaret Atwood mostra-nos que muitas liberdades nos são retiradas com o nosso consentimento porque o medo tolda-nos o discernimento e sobrepõe-se muitas vezes aos nossos direitos. Um perigo. (E qualquer semelhança com as pequenas liberdades perdidas por causa do covid são, ou não,  coincidências...)

Comentários