Livro 40 - " Até nos Vermos lá em Cima"

"Até Nos Vermos lá em Cima " - Pierre Lemaitre.

Comprei o livro porque estava com 50% de desconto, porque o romance aborda a temática da 1a Guerra Mundial, porque sou muito permeável a coisas como " Prémio Goncourt" e porque tudo o que meta França,  eu alinho...

É a história de dois soldados franceses, que poucos dias antes do Armistício, numa batalha, vêem as suas vidas ligadas para sempre. Ambos perderam tudo. Depois da guerra sentem-se abandonados por uma Pátria que se envergonha dos aleijados de guerra e onde uns quantos querem enriquecer à conta da Guerra. Estes soldados estão excluídos e voltar ao ativo parece ser mais difícil do que estar nas trincheiras. Um é "gueule cassée" ('tromba partida') e o outro, um pobre homem modesto. Levam, no entanto, a cabo uma burla que envolve estátuas e monumentos em honra dos soldados mortos como forma de vingança...

É um livro que se lê muito bem e que prende com a sua linguagem simples. Não requer muito trabalho do leitor. Temos um papel meramente de espetador-leitor. Pareceu-me que estava a ver um filme. 

Dei-lhe 4 estrelas e recomendo. 

[Este livro fez-me lembrar muita coisa vivida na minha infância. Nascida numa aldeia da Lorraine, perto da Alemanha, onde as duas guerras foram sentidas na pele pelas gerações anteriores, assisti várias vezes ao dia do Armistício (11 de novembro). Vi soldados velhos, fardados e com medalhas ao peito, a colocarem flores em frente aos tais monumentos citados no livro, acompanhados de discursos patrióticos. Não percebia algumas lágrimas ou tanta solenidade. Não tinha maturidade para perceber que muitos jovens entre os 18 e 25 anos tinham dado tudo pela França. 

 Lembrei-me também de um idoso chamado de "gueule cassée", que nunca vi nem sei se existiu ao mesmo tempo do que eu naquele lugar, mas que povoava os meus medos: era o velho do saco ou o gueule cassée que me vinham buscar se não comesse a sopa, não dormisse a sesta ou não obedecesse. 

Gosto quando os livros despertam recordações.