Run Tella, run

O Louzantrail decorreu hoje.
Embora tenha corrido apenas 11 km (que na verdade foram 11,800 km) e não os 18 km a que me tinha proposto correr no dia 1 de dezembro, estou muito satisfeita com tudo. 
Percebi que tive saudades de varias coisas, como por exemplo do acordar cedo para ir correr, mas sem stress ou frete, diferente do acordar cedo para ir trabalhar, of course. 
Também gostei de sentir aquele nervoso miudinho, que me fez dormir mal a noite toda e que me fez respirar fundo muitas vezes quanto mais me aproximava da Lousã. 
A excitação que antecede a partida: uns a esquecerem, outros a cantarem, a esticarem músculos, a tirar selfies ou a respirarem fundo. Mas é uma sensação gira que pára mal começamos a correr. Que adrenalina. 
Depois, há uns segundos ou minutos, não sei precisar, em que não ouço nada ao meu redor. Apenas me oiço respirar para tentar acertar o passo. Nesse momento, quase que estou numa bolha e sinto quase vontade de estar virada para dentro de mim, numa reza para mim, eu senhora dos meus passos e corrida. Não sei explicar. Passa e oiço os outros corredores à minha volta. É quando começa, creio.
Corri e ouvi o meu coração descompassado. Um concerto cada dentro onde tudo latejava ao ritmo dele! Subi até mais não, e as subidas foram feitas a andar, mas as coxas ardiam do esforço como se fossem explodir. Achei que os pulmões não fossem aguentar também. Que esforço. 
Passei por trilhos que já conhecia e descobri outros fantásticos, de cortar (ainda mais) a respiração.
 Corri orgulhosa, livre e feliz por estar ali e até cheguei a pensar que me ia cruzar com um veado porque sei lá, sempre que estou na serra da Lousã, vejo um e acho que é um sinal qualquer do universo. Naquele momento, teria feito sentido. Olhei e não vi nenhum mas ouvi um pássaro a cantar (para mim). Tive o meu sinal! 
Corri com um sorriso no rosto (enfim quando o esforço o permitiu) até porque eram só 11 km. Quando temos 3 feitos, estamos quase a meio. É fácil aguentar a barreira psicológica. 
O pai cá de casa segui-nos de Lisboa através da aplicação. Mal cheguei à meta, dizia ele por SMS "Es a maior. Ficaste em 5°lugar". Não liguei porque pensei que estava a brincar. Disse 5° como podia ter dito 2° ou 12°. Mas não. 
De facto, em 100 inscritos, fiquei em 51°lugar. Mas quando olhamos as coisas sob outras formas, obtemos outros dados. 
17° lugar feminino (em 50) e 5° lugar no meu escalão, a 3 minutos de subir ao pódio! Ui, que excitação!

Enfim, e é verdade que foram só 11 km mas estava mesmo a precisar de me lembrar que correr numa prova (espetacular) é o que se leva de bom também desta vida. 
Foi absolutamente desafiante e maravilhoso. 
E claro, só agora, deitada na cama, é que tirei a medalha do pescoço! 
Sou super infantiloide, je sais!

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