Livro 44 -"O Lugar das árvores tristes"

 "O Lugar das Árvores Tristes " - Lena Rufino


Depois de ouvir a autora no podcast "Vale a Pena", decidi ler o livro porque a achei simpática, porque quero ler mais mulheres portuguesas e porque mencionou que a personagem principal gosta de andar em cemitérios. Pois, eu também gosto de deambular pelos cemitérios a ler os nomes dos desconhecidos defuntos, de olhar para as suas fotos e de fazer contas aos anos que tinham quando morreram. Gosto de ler as mensagens das viúvas. Há dizeres muito bonitos. Há mais vida para além da "eterna saudade". Gosto dos jazigos e das campas rasas. Quanto mais antigo, melhor. 

No Alto de Sao João,  há jazigos tao velhos que deixam a descoberto o caixão. Sinto um certo frisson em olhar lá para dentro, algo entre a apreensão em ser apanhada a ser voyeuse e o medo recalcado pelo vídeo do Mickael Jackson. A sério. 

No Castelo de Sesimbra, há um cemitério muito pequeno e humilde onde me perdi a ler tudo. Há muitas crianças sepultadas e com mensagens dolorosas dos pais. 

Bem,  vamos ao livro. É a história de uma miúda que gosta de passear pelo cemitério da aldeia no Alentejo. Conhece as pessoas sepultadas e sabe por que razão morreram, mas certo dia, repara na campa da D.Eulália e percebe que não sabe nada sobre ela nem sobre a sua morte. Vai à procura dessa história. É um livro que se lê, mas com quem não estabeleci ligação. Dentro de meses, não me lembrarei dele, de certeza. Há livros que parecem filmes e eu não gosto muito disso. 

Há personagens pouco credíveis, com demasiada propriedade vocabular para miúdas de aldeias perdidas no Alentejo, com pouca instrução, e antes do 25 de Abril. Há diálogos repetitivos e a descoberta do(s) segredo(s) é feita num diário, mas há passagens narradas onde não entra a dona do diário. Logo, como é que sabe o que se disse ou aconteceu, se não esteve lá? 

Mas tem coisas interessantes. Por isso, tem 3 estrelas. 

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