Do dia de anos

Fazer anos nunca foi algo festivo. Just another day.
Os meus filhos, ou melhor, os aniversários dos meus filhos fizeram -me ver que é bom fazer anos mas foi a  morte precoce da Joana que me fez perceber que fazer anos significa que estamos cá, rodeado dos nossos. Celebrar a vida e estas coisas assim clichés.

Quando faço anos, recebo muitos mimos dos meus alunos. Recebo invariavelmente chocolates, postais, desenhos, bilhetes e fotos. Ainda recebo emails de alunos que estão na faculdade! 
Ontem, uma turma invadiu a entrada dos gabinetes para me dizer em coro "parabéns storaaaaa!" .Entregou-me um postal da turma, com o hastag #tellaesamelhor . [Mas não dizia tella, mas sim o meu nome, claro.]. Até a direção veio a porta ver o que estava a acontecer...
Outros entregaram-me uma PEN com um PowerPoint feito por antigos alunos, que estão no 11°ano. (Foram meus no 3°ciclo!). Que fofos! 
Também recebi de oitra turma uma borracha do tamanho do meu estojo, assinada pela turma toda. Ofereceram aquela prenda porque estou sempre a dizer que errar faz parte da vida e que o melhor é podermos recomeçar ou refazer qualquer coisa, sem tentar cair nos mesmos erros. "Stora, a borracha é para recomeçar, como está sempre a dizer!"
Perante tanta coisa que me estavam a dar e dizer, disse-lhes que não deviam oferecer nada mas há um que diz logo prontamente "Claro que sim. A stora é muito especial para nós.".

Sim, os alunos alegram-me também e muito o meu dia de anos. Fazem-me sentir mesmo especial. Ser professora nem sempre é fácil, mas apesar disso poder criar uma relação empática com os miúdos faz-me esquecer os muitos pontos negativos da profissao. 

 Há uns anos, numa reunião, uma mãe disse-me que no grupo das mães (seja lá o que isso for), a minha fama era conhecida. Tremi. "Ó Sra. Dra., fama?" . Disse uma coisa bonita. "A senhora  professora é a professora dos afetos". 

No meu dia de anos, são eles que me dão afeto.

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