Dia 42

Não durmo como dever ser há semanas. Acordo por volta das 3h00 e a minha cabeça liga-se logo ao trabalho, às avaliações, aos emails que tenho de responder, às aulas que tenho de preparar, aos telefonemas que me faltam fazer e à minha amiga que está mal, sobretudo a ela. Que abalo cá dentro.

Influenciada por umas amigas que percebem imenso de cremes e estética, apostei em vários cremes, coisas chamadas hydroBoost, tónicos, sérum com vitamina C e ácidos hioaurologcia_coiso. Não sei o nome. Podia googlar mas não me apetece. Se calhar, vocês fazem os passos todos para ter uma pela cuidada e não sei quê. Eu não. Começou então a operação "nunca ninguém há de saber a tua idade Tella Marie". 

Todas as minhas aulas começam com a mesma pergunta. Diz-me lá, ó coiso, uma coisa boa que te tenha acontecido desde a última aula. As crianças estão tão presas no mesmo dia que têm dificuldade em responder. Depois, há um que responde "nasceu o meu irmão". Espontaneamente, batemos todos palmas. Foi assim uma alegria coletiva: algo diferente e bom. Uma esperança. Uma aluna, nhonho, como eu, confessou que estava comovida. Eu também não não o confessei. 

Como sabem, estamos a rever o Lost com as nossas crianças. Na semana passada, decidimos jogar o Euromilhões (que raramente jogamos) com os número do Hugo, aqueles que salvam o mundo. Não ganhámos, claro mas foi um momento alto. Ya, um momento alto, aquela adrenalina tipo "uau, podemos ficar ricos, que fixe e com os números da série, tipo ninguém nunca se lembrou e ahaha, que fixe e espertos que somos."

Como diz a MaryQA, já não falta tudo. Até lá, cabe-nos olhar para o copo e vê-lo meio cheio, dar valor às pequenas coisas, relativizar as coisas que nos lixam a cabeça e pôr a vida em perspetiva. 

(Sim, este post está cheio de clichés. Não tenho cabeça para mais.) 



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