Árvore genealógica

Tenho um fascínio pelos meus antepassados. Como se chamam? O que fizeram? De onde vieram? Aqueles olhos verdes da minha avó vêm de onde? De fora? A leitura do livro "Emigrantes" fez-me ir à procura daquele bisavó que nunca regressou...

Fui resgatar a minha conta no site myheritage. Não ia lá desde 2007. Atualizei a minha descendência com o Pedro, que ainda não existia. 
A leitura de Coisas dos Loucos despertou também a minha vontade de ir à procura de pessoas, de ressuscitar sobretudo as mulheres da minha família,  mulheres que, coitadas, nada tiveram, suponho.
A partir do site do tombo, encontrei os arquivos digitalizados de 1600 e tal até 1911 da paróquia de Castanheira de Pêra. Liguei ao meu pai e à minha tia para ter mais informações, nomes, ligações familiares... Depois dos meus olhos se habituaram à caligrafia do padre, à estrutura do livro de assento de casamento cuja organização faculta a pesquisa, encontrei o casamento da mãe da minha bisavó paterna. Casaram em fevereiro de 1896. Ele tinha 26 anos, jornaleiro. Ela tinha 16 anos e doméstica. Liguei à tia para partilhar com ela as minhas descobertas. Disse-me que a minha avó contava que se dizia  que essa mulher, avó do meu avô, tinha casado ainda criança. Terão forjado a idade para emcabotar o que nos chamamos hoje pedofilia? Ou já para a época casar aos 16 com um homem de 26 era mal visto... Consegui o nome dos pais dessa gente e vou agora à procura deles... Nota: o padre escreveu que nenhum dos presentes sabia escrever e assinou por todos.
Foi mero acaso. Comecei a ler os assentos em 1890 e fui recuando no tempo. Assim encontrei antepassados do pai cá de casa. Liguei à tia dele que sabia os nomes dos seus avós. Match! Eram operários. Casaram também em 1896.
Vasculhei os pedidos de passaportes e encontrei uma família de jovens Henriques do lugar onde nasceu a minha avó,  também ela Henriques. Pediram os 4 passaporte para Santos em 1912.  Acho que um desses irmãos é tio da minha avó ou assim qualquer coisa mas do lado dela, a que me interessa mais, não tenho ainda nada...Nenhuma prova. Só feeling.
A partir de 1922, o registo Civil de Leiria deixou de preencher os documentos com a naturalidade. É impossível saber dados a partir daí. Fiquei pasmada com a quantidade de pessoas que foram para o Brasil na minha aldeia entre 1890 e 1920. 
Nos assentos de batismo, muito difíceis de ler, quando os filhos são "filhos naturais de pais incógnitos",  o padre escreve " o duplicado da certidão não terá sello . A mãe é pobre e miserável ". Nos (muuuuitos) assentos lidos, os nomes são sempre os mesmos: Maria Rosa ou Rosa Maria, Maria da Piedade e Maria da Conceição. Os nomes das mulheres nunca têm direito a apelido. 
O palavreado do assento de casamento é sempre o mesmo. Já o sei de cor, quase. 

A foto é do assento de casamento de Vicente José e Maria Rosa, pais da minha bisavó Arminda (2a foto).

Comentários

Carolina disse…
Uau! Que coisa fantástica!
Mariana Abreu disse…
Que maravilha!
E sair daqui um livro sobre isto?
Lembrei-me disso a ler O Bisavô - a autora também andou a pesquisar e a ler cartas e tudo mais durante anos - e pensei que já partilhaste histórias dos teus antepassados que também davam um belo romance (e seriam também parte da História do nosso país).
(que bonita a Maria Rosa)
CLS disse…
Olá, Tella. Esse site do Tombo é de acesso livre? Não fazia ideia que era possível, fiquei muito curiosa! Um beijinho!
Tella disse…
Olá CLS. É gratuito, sim. Daqui a nada ponho aqui o link.
Tella disse…
CLS, deixo aqui o link da Torre do Tombo. Ao lado, tens os distritos que têm registos na Net (ou não e pedes certificados não oficiais que são à borla, pelo menos no Centro de Arquivos de Leiria).
https://tombo.pt/conteudo/como-comecar-sua-arvore-genealogica
CLS disse…
Obrigada! Um beijinho!
(Também terei as minhas "raízes" no Centro de Arquivos de Leiria ;) )