Relato da bola - do futsal (II)

O meu mais novo jogou na semana passada contra o Sporting. Ao contrário dos outros jogos contra os grandes, achávamos (pais, equipa técnica e jogadores) que era capaz de correr bem. Tínhamos empatado com o Benfica, andámos a ganhar sempre e a auto-estima faz-se dessas pequenas coisas no desporto (e na vida).

Foram, convencidos do que era capaz de dar certo, mesmo sabendo que o Sporting tinha convocado a equipa A, quando neste campeonato, joga sempre com a B. Só isso foi uma honra, diga-se. 

O Pedro partilhou a sua baliza com o colega de equipa. Estiveram a perder por 4-1 e aos poucos foram marcando e marcando. O Pedro esteve sempre bem. Sofreu apenas uma bola indefensável na perspetiva de mãe,  que poderá ser inquinada, não digo que não.  

4-2,

4-3, 

5-3, 

5-4 

e as nossas bolas batem na trave, no poste ou no guarda-redes adversário. Acreditamos todos, pais e miúdos. No último minuto, o meu guarda-redes preferido sai da baliza com a bola, com vontade de comer este mundo e o outro. Que garra, que determinação. É mais um rosto que só lhe conheço em campo. Remata e a bola passa a centímetros da baliza. O árbitro apita, o jogo acaba e o meu filho tem uma atitude que me envergonhou. Dá pontapés no poste, cheio de raiva e frustação, a chorar. Mais tarde, dir-me-à que se sentiu injustiçado, daí aquilo tudo. Há ainda muita coisa a trabalhar nele...

Recebeu os parabéns dos adversários, com quem já tinha ido duas ou três vezes treinar. Uns olheiros andam de olho nele e depois do jogo com o Benfica, pediram-nos para o deixar treinar no Sporting. Ele quis ir para conhecer outros misters, mas nem achou assim nada por aí além. "Os meus treinos são mais intensos" dirá depois. Quiseram contratá-lo para a próxima época. Ao que parece, gostaram dele, nem que seja para o sentar no banco o tempo todo, digo eu, muito cética com estes clubes grandes, que não colocam as crianças em primeiro lugar. Recusámos. A nossa prioridade é que o desporto seja um momento de diversão e não uma coisa séria e competitiva como a dos clubes grandes. A ele, nem passa pela cabeça deixar os amigos, claro. Afinal, há muita coisa a trabalhar nele, mas não tudo! 

Comentários

Mary QA disse…
O desporto serve para isto mesmo, e enquanto o descarregar da frustração aconteça dentro de campo a meu ver está tudo bem!
É tão grande o teu Pedro! Só esse acreditar que consegue, que fixe!
Que continue sempre a acreditar!