Dia 6

 Convenci-os a ver um documentário chamado Woman do Yann Arthus Bertrand (realizador de Human e Home) disponível durante uns dias na RtpPlay (ide ver rápido!). O Pedro viu 20 minutos e fartou-se. O Tiago viu 40/50 minutos e depois, apareceram corpos nus de mulheres, o rapaz, envergonhado, desviou os olhos para o ecrã e ficou por aí. Foi vendo, no entanto, um ou outro depoimento e não percebeu muito bem o que é a mutilação genital... Eu chorei em grande parte do documentário, mas também sorri. 

Vi também um documentário sobre ursos polares com o Tiago. O momento mais alto  foi com uma foca. Eu na vida sou assim, desvio-me das coisas centrais. Passo a explicar rapidamente. Uma mamã foca não consegui fazer uma "caverna" na neve, tendo como solo o gelo de um lago. A camada de gelo era demasiada fina e partia, consequência do aquecimento global. A mamã foca teve então de parir a sua cria ali, no meio da neve inóspita e à mercê de predadores. Ao fim de algumas horas, uns pássaros comeram a bebé foca. Filmaram o desespero da progenitora, o olhar cheio de tristeza, a angústia por não poder fazer nada, a dor da bicha. Desatei num pranto que nem imaginam. O Tiago teve de pôr na pausa e ser o adulto "mãe, é a Natureza! É assim!". Fiquei triste durante grande parte da tarde por causa daquelas imagens. Nada a fazer, jesuisnhonho e muito imatura. 

Jogamos ao "Monopoly para Maus Perdedores", uma versão muito próxima da realidade, onde o investidor é por vezes ladrão e a banca pactua com ele. Jogámos uma partida, os miúdos e eu, que durou muitas horas e passou para o dia seguinte. Ganhei. Acabei com eles, literalmente. Foi uma razia de dinheiro. Quase que podia nadar, à la Tio Patinhas, nas notas ganhas. Foi a minha primeira vitória no Monopoly, entendem-me, e nunca tinha sentido a febre do dinheiro e do liberalismo económico em todo o seu esplendor. Levei-os à bancarrota sem dó nem piedade. Finish them!  Depois da vitória, acalmei-me e decidi matar a Tella capitalista. Tivesse sido antes das eleições e ainda me via a votar no T. Mayan! 

Retiramos os telemóveis aos miúdos. Estão escondidos. Ao que chegamos, eu sei, mas quando não se consegue a bem, consegue-se a mal, n'est-ce pas?  


 

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