Os livros de 2023

 Li 51 livros, embora o Goodreads diga que foram 52. Não conto aqui aquele que deixei a meio por não ter gostado nem um pouco: As Cinzas de Ângela. Por que razão faço a contagem dos livros lidos?  Bem, alguns dizem que é exibicionismo, mas não é. Preciso sempre de listas para organizar a minha desorganização interior e porque tenho medo de perder o fio à meada. Houve tempos e não tão longínquos quanto isso, em que li um livro por ano. Houve anos em que não li nada? Não me lembro... (ou estou em negação.)

Li 33 livros escritos por mulheres. Quero cada vez mais ler livros escritos por escritoras. Quero também cada vez mais ler autores portugueses. Foram 14.

Li apenas um livro físico: a BD do Astérix. Tudo o resto foi em suporte digital. Desde que tenho kobo, há 1 ano, leio muito mais porque ele está sempre comigo. A par do telemóvel,  é o objeto que me acompanha para todo o lado. 

Repeti autores ao longo do ano: li dois do Saramago, quatro da Annie Ernaux, dois da Isabella Figueiredo e dois da Leila Slimani. São escritores de quem gosto muito, sem dúvida.

Li 5 livros em francês. 4 da Annie Ernaux e "La Carte Postale" de Anne Berest.

As personagens que mais me marcaram foram a mãe malvada de "A Leste do Paraíso", a avó Piedade de " Três Mulheres no Beiral", o Stoner de "Stoner" de John Williams, o  detestável Manel de "Amor Estragado", a mulher (cujo nome me escapa) do "Jardim do Ogre" e claro, o Pereira de "Afirma Pereira", que é uma das personagens mais queridas que encontrei num livro e que me faz sorrir de uma forma ternurenta sempre que me lembro dela, como se ela fosse real. (Quando estou com alguém num café e não saiba o que beber, peço sempre uma limonada em sua homenagem).

Li livros muito bons. Não consigo fazer um top 3 ou 5 porque seria injusto, mas destaco em 1°lugar o "Germinal" de Zola por ser um livro universal que ainda estará na boca do mundo dentro de 100 anos. É, talvez,  um dos livros da minha vida. Depois, tenho de colocar o Saramago com "As Pequenas Memórias" em segundo lugar. Voltei ao Saramago por causa de uma conversa na ilha com a Carolina e tenho como objetivo voltar ao Saramago todos os anos. Ler e reler Saramago para sempre! Nos restantes lugares, numa ordem aleatória,  coloco "O Jardim do Ogre",  "Caderno de Memórias Coloniais " e "Um Cão no meio do Caminho" da Idabella Figueiredo, "Amor Estragado" de Ana Bárbara Pedrosa e "La Carte Postale" de Anne Berest porque o li  sem nenhuma expetativa, apenas porque é muito falado em França e descobri um livro autobiográfico fascinante sobre alguém que vai à procura da sua família (judaica) durante a segunda guerra mundial. É uma pena não estar traduzido em português. Pela blogosfera, andam muitas pessoas a fazerem um top de leituras. Vou começar 2024 a ler os tops de várias pessoas a ver se me identifico com elas. 

A pessoa com quem troco mais sugestões literárias é a minha colega Sofia. Leio tudo o que ela me sugere porque sei de antemão que vou gostar muito e ela faz a mesma coisa comigo.Temos exatamente os mesmo gostos.  Por outro lado, tenho uma colega cujos livros sugeridos não são a minha praia. Já me deixei de a ouvir. Li um livro sugerido pelas minhas alunas do 8° ano. Confirmou as minhas suspeitas: é um livro cliché, sem surpresas, sem grande profundidade,  que se lê rapidamente, mas que entretém e que tem sexo explicito. Percebo que elas estivessem todas a ler a Hoover! 

Ao perceber que estou a chegar ao fim do livro, apercebo-me da injustiça deste post. Não mencionei ainda a Paulina Chiziane cuja escrita me arrebatou. Hei de voltar a ela em 2024, sem.duvida. 

Anteontem,  ficámos a tarde toda na casa da aldeia. Fiquei a ler no sofá durante horas, enrolada na manta, numa casa quentinha e com frio e chuva lá fora. A casa da aldeia no inverno só para nós é o melhor spot de leitura. 



Comentários

Filomena disse…
Como assim não acabaste As Cinzas de Ângela? adorei, está no meu top 3, juntamente com Germinal (que graças a ti e ficou nos favoritos de sempre)
Tella disse…
Não gosto de livros narrados por crianças. Não tenho paciência para a "ingenuidade" ou para a linguagem ajustada a uma crianca.
Filomena disse…
Percebo, tenho esse sentimento com o livro "O rapaz do pijama às riscas", em que a voz narrativa é uma criança e a linguagem é muito infantilizada.
Não senti isso nas cinzas de Ângela
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