Relato de futsal

O meu mais novo foi chamado pela Federação para um treino de captação para a seleção sub 13. Não é (ainda) a seleção nacional - não existe Seleção sub13 - mas é distrital. Se for escolhido, defrontará as outras seleções distritais e a vencedora representará Portugal num campeonato qualquer de futsal. 

Ainda estamos na fase de captação: foram escolhidos 22 crianças. Destas, só 15 ficarão. Simultaneamente, fomos novamente contactados pelos coordenadores de equipas grandes que querem que ele assine já. Declinamos mais uma vez, deixando, no entanto, a porta aberta para... daqui a dois anos. Logo se verá.

Ele está felicíssimo. O pai cá de casa, mister dele, tanto quanto ele ou mais. Eu também, mas estou sempre a lembrá-lo que a escola está em 2º lugar, depois da família, e que o futsal vem depois. Não vê a coisa como eu. Entendo, mas tem de haver alguém a pôr água na fervura, a baixar as expetativas, caso a coisa não vá avante.

( Hoje, um colega meu disse-me que parecia que não acreditava nele e que falava dele como se não fosse o melhor. Ficou ainda mais surpreso (chocado?) quando lhe disse que os meus filhos não eram os melhores. Eram iguais aos outros, na média. Sou mesmo pró em baixar expetativas relativamente a eles, eu sei)

O Pedro já fez aquele ar de "Pará de dizer que posso não ser escolhido." Sou incapaz de lhe dizer que pode ser escolhido. Não lhe quero dar falsas esperanças, mas estou muito feliz por ele.

Hoje de manhã, acordou com um "digam bom dia ao Campeão!". A baliza e o futsal, como já o disse mil vezes, dá-lhe uma segurança que se repercute em várias coisas do dia a dia. Convém relembrar que o Pedro era um rapaz que vivia  numa bolha, sem falar com ninguém e com muitas dificuldades de se afirmar na escola e na sala de aula, com notas medianas e com chamadas constantes na primária para tentarmos ajustar o rapaz. Chegou a ser seguido com o psicólogo da escola que me disse, recordar-me-ei sempre, " O Pedro é extremamente inseguro", dando demasiado ênfase ao adverbio. E agora, é vê-lo assim, a ser muito bom no desporto e consequentemente na escola e na interação com os outros. 

Que orgulho, esse meu filho.

( E também que orgulho para o pai cá de casa, treinador de guarda-redes, que o ajuda a crescer e que tem sempre tendência em fazer sempre tudo bem. Às vezes até enerva, diga-se!)


Comentários

Mary QA disse…
Tanto a dizer sobre isto de ser mãe, e sobre tentarmos evitar o sofrimento dos filhos (que é disso que trata a tua atitude, bem sei...)
Parabéns a ele, que ser guarda-redes não é mesmo para qualquer um!
(e eu penso tanto nas mães dos guarda-redes, caramba, que camada de nervos....)
Tudo isto, todos estes ensinamentos, vai leva-los com ele vida fora. Belíssimas ferramentas.