Série a 4

Começámos a ver o "Conta-me como foi" em setembro.
Os miúdos riram com as diabruras do Carlitos e dos amigos, com as brincadeiras ainda muito ingénuas deles, com a obsessão dele por beijos e miúdas, das ideias e incompreensões do mundo. Eu também. 
Conheceram muitos aspetos da vida antes de haver Liberdade: da proibição de haver ajuntamento nas ruas, do uso obrigatório de fósforo, do medo da Pide, das greves caladas com bastões nas faculdades, do medo de ser apanhado com o Avante, da sociedade patriarcal,  de ser comunista, do.programa de rádio ouvido às escondidas, da mulher ser serva de casa; do facto de se fumar em todo o lado; da guerra, da importância das miss e do festival da canção, etc. Foi também uma excelente aprendizagem, sem duvida.
Apropriaram-se de expressões, tais como "Ai, vou levar tantas!"; "aqui no meu estabelecimento, não se fala de política!"; "ó minha mãe!"; "sou o chefe de família"...
Eu chorei imenso: na morte do primo no ultramar; na morte da avó paterna, na despedida do Toni para a guerra, nas trocas de palavras carregadas de medo, no primo comunista, na vida roubada à Isabel por ser rapariga e ao ver as imagens reais dos soldados na guerra a saudar os pais e avós no fim dos episódios. Uma geração ali perdida, que triste. 
Acabámos de ver hoje os 104 episódios que estão todos disponíveis na RTP Play. Chorámos os 3 muito porque houve muitas despedidas e houve mudança(s). 
Acompanhamos a familia Lopes de 1969 até ao 25 de abril de 1974. Foram muitos anos e custa sempre dizer adeus às pessoas que gostamos. 
Se quiserem ver uma série em família, aconselho sem hesitações "O Conta-me" porque é muito muito boa.

[Andamos a ver a nova série, nos anos 80 e falta-lhe a ingenuidade das crianças e de uma época que já lá vai.]

Comentários

A TItica disse…
E estranhamente vi uma noticia, que teve o pior numero de audiências de sempre... Honestamente acho que é o que falta... ver em família... já quase ninguém faz isso... infelizmente!