Aida, a avó do coração

Na madrugada do dia 12, a minha avó Aida teve um enfarte. INEM, hospital e internamento.
O enfarte foi ligeiro e atuaram todos rapidamente. No fim do segundo dia, iam dar-lhe alta mas fez febre e teve de ficar. E foi ficando, porque a infeção ainda não está controlada. Foi transferida ontem para um hospital privado porque o Amadora-Sintra não tinha camas. Está num sítio super luxuoso. Que bom! É mais do que merecido esse tratamento VIP aos 94 anos.
Como não vê, não me reconheceu logo. Quando lhe disse que era a Tella, usou aquele determinante possessivo que vale ouro "Olha, é a minha C. e veio com o Pedro e o Tiago." 
Está com muito bom ar. Está melhor que a colega de quarto, com menos 30 anos.
Quando chegámos, os três, estava a lanchar. Deixou de comer para lhes dar. "Eu não quero. É para os meninos." Como recusaram as 50 mil vezes que ela lhes ofereceu o leite, as bolachas, o pão com manteiga e o queque, ela então resolveu comer "é que eu não almocei por causa de um exame." E foi tão mulher nesse momento. A mãe, a avó, a bisavó que há dentro dela , vieram ao de cima: deixar de comer para dar as crianças. Tão bonito. O Pedro ficou tão sensibilizado. Soubesse ele as vezes que ela teve de fazer isso para dar de comer aos filhos...
Pediu duas coisas antes da morte a levar:
1) Gostava que alguém a levasse à Fátima, que ela já não consegue ir a pé como antes! ;
2) Que ainda fosse à Festa da Senhora da Guia este ano, se houver mordomos. ("ó Aida, faço eu a festa outra vez para ires". Ela riu-se. Eu emocionei-me.)

Acredito que ela não vai partir ainda. O AVC de há dois anos foi bem pior e ela deu a volta por cima. Está com ótimo aspeto e como lhe lembrei, "tu chegas aos 100 e vamos fazer uma festa!". Rimo-nos com a ideia, como sempre. 





Comentários

Mary disse…
Beijo grande Tella. 94 que idade bonita!
As melhoras rápidas!