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A mostrar mensagens de julho, 2025

Livro 17/2025

 "A Sibila" - Agustina Bessa-Luís. É um romance difícil de ler. Precisei de calma, tempo e paciência.  Lê-se muito lentamente por causa da história que tem momentos contemplativos e por causa do vocabulário, dificil, muito rural, exigente, quase a fazer lembrar Aquilino Ribeiro.  O livro gira em torna da Quina, mulher forte,  como são as mulheres desse livro, e determinada, que administra bem a quinta da família.  De uma forma quase simples e quase a parecer uma conversa, várias personagens são apresentadas através de determinados episódios. Vamos contemplando a vida deles, percebendo toda as características humanas... Quis desistir do livro várias vezes. Comecei e acabei outros pelo meio, mas voltei sempre à Sibila porque quis saber o que mais iria acontecer, que evolução iria sofrer Quina e que desfecho para o Custódio...  Quando estava no 12°ano, este era um dos livros de leitura obrigatória.  Eu li "A Aparição" de Vergílio Ferreira, mas sempre com ...
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 A casa da minha avó Aida foi vendida. Fomos lá e cada um trouxe o que quis.  Trouxe duas caixas de documentos antigos, que queriam pôr no lixo! Ainda só abri uma e já encontrei a certidão de nascimento do meu bisavô de 1905. (Tinha encontrado a cópia online e tenho agora a original. Estou doida de felicidade e de excitação.). Nessa caixa também constam as duas escrituras da compra da casa que é agora vendida. Uma é de 1915 e foi comprada pelo avô da minha avó e a outra de 1959 comprada pelo meu avô aos herdeiros por 3105 escudos.  Há um documento anterior à implantação da República,  mas está muito danificado e não consigo, por enquanto, perceber nada. Os selos estão, no entanto, em bom estado. Incrível.   Que bela herança! Sinto que me saiu a sorte grande. 

Alea jacta est

O meu mais velho já está inscrito no ensino superior. Não deve entrar nas 4 primeiras opções. Diz ele que entra na 2a fase nessas.  Escolheu o que quis porque disse - e bem - " Não é o que tu queres. É o que eu quero! "

Coisas que os meus pais não fizeram e eu faço*

Quando me inscrevi no ensino superior, não pedi opinião aos meus pais. Sei que falava muito com as colegas da turma sobre o assunto. Os meus pais nem sabiam bem por que razão não queria ir trabalhar e ganhar dinheiro. A faculdade era para os filhos dos outros.  Escolhi sozinha. Entrei, fiz a licenciatura e trabalho há mais de 20 anos e, ainda hoje, os meus pais não sabem que licenciatura tirei nem em que faculdade. Neste momento, estou a imprimir planos de estudo, a ver médias, a ver taxas de empregabilidade, a ler comentários sobre licenciaturas  e quase, quase, quase a querer escolher o curso para o meu filho. De repente, depois de falar com várias pessoas e de ler muita coisa, acho que ele deveria ir para Gestão de Marketing.  Perguntas:  Os pais de hoje em dia nada têm a ver com os de outrora?  Eu é que sou completamente diferente dos meus pais?  Ou estaremos a criar uns filhos cada vez menos autónomos e totós? Pois.. * Roubado à MaryQA

Já tenho uma certa idade...

Há quanto tempo é que uso a expressão para me desculpar de forma diplomática,  sem ferir susceptibilidades, e/ou para disfarçar inseguranças e desconhecimento ? São coisas assim do género: - Cafezinho às 16h?  - Não dá.  Já tenho uma certa idade e depois não durmo... - Queres ir beber uma imperial?  - Não dá. Já tenho uma certa idade, preciso de descansar... - Lanchar um bolo?  - Não dá. Já tenho uma certa idade e depois fico toda go...cheia. - Não queres usar essa saia, que te fica tão bem e que...?  - Já tenho uma certa idade, please!  - Vamos dançar a noite toda? - Não dá. Já tenho uma certa idade e acordo invariavelmente às 7h30 da manhã, independentemente da hora de deitar. -É sábado, "bora? - Não dá. Já tenho uma certa idade e quero ver o Markl e o Vasco na RTP.  - O que significa "Fomo"? É que tenho uma certa idade... - Posso dizer o que quero...Já tenho uma certa idade! - Como se liga a box com os canais descodificados através do sistema x...

Os pequenos prazeres de quem não vai para nova...

Fui a uma consulta de rotina.  Ao ver o meu eletrocardiograma, o médico exclamou: - O seu coração é uma máquina! Faz desporto, certo? Depois olhou para as minhas análises e acrescentou:  - Muito bem! Parece uma jovem de 35-40 anos! Preciso de pouco para ter um dia bom, com bandeira verde, como diz o Bruno Nogueira. 

Livro 16/2025

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 A Praça do Diamante  de Mercè Rodoreda A Sofia e a Raquel falaram-me bem deste livro, que aborda a vida de uma mulher simples, Natália, durante a guerra civil espanhola. Gostei muito, muito.  4 estrelas. "E entre dois goles de café ainda me disse que a história era muito melhor lê-la nos livros do que escrevê-la a toque de canhão ". 

Livro 15/2025

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 " As herdeiras" - Aixa de la Cruz  Quatro netas encontram-se na casa da avó seis meses depois desta se ter matado.  É um livro que aborda temas interessantes como a fronteira entre a sanidade e a loucura ou a solidão, mas há um momento em que fala de almas e cenas metafísicas e tem um fim que achei ...infeliz.  3 estrelas ou 2,5. 
O mundo acontece, segue e avança. As pessoas sorriem, contam coisas que não oiço. Parece que estamos em apneia, suspensas a uma coisa que não sei mencionar. Saíram os resultados dos exames do 12º ano e até eu que sou a mãe de expetativa baixa, fiquei sem chão. Ele já me tinha avisado que o exame de Matemática tinha corrido mal, que precisava de ir à 2ºa fase, mas achei que o mal fosse um 13. Não. Foi um 11,5. De repente, todo o trabalho (e foi muito) de 3 anos, mais o exame de Economia do 11º ano (teve 19,4) desaparecem. Aquele 11,5 engole-lhe a média e deixa-o à porta do curso para o qual se empenhou muito.  É um rapaz otimista, mas aquela nota, afixada entre dezenas de 19, 17 e 18's deixou-o ko. À volta, todos acenam, felizes e contentes, como ele terá feito no ano passado. Ele não reage. Eu também não. Ele não sabe o que fazer. Eu também não. Parecemos tontinhos. Ele chorou. Eu emparei as lágrimas dele. Tenho um nó na garganta, que só desatou com pessoas improváveis. Estamos der...

Livro 14/2025

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  Q uem tem medo dos Santos da casa , de Sara Duarte Brandão  O Nuno Duarte, autor de Pés de Barro , recomendou três livros numa entevista na Fnac: D.Quixote, O Retorno da Dulce Maria Cardoso e este, de Sara Duarte Brandão.   Como sabem, sou uma pessoa que se deixa influenciar por  bons escritores .  Podia agarrar o D.Quixote, mas ainda não chegou o momento dele... Neste Quem tem medo dos Santos da casa, a companhamos a vida de Maria Teresa, uma mulher que cresce numa vila junto ao rio, entre a austeridade de uma familia que a quer casada e a liberdade que encontra nos livros.  É uma narrativa simples, poética e introspetiva, com capítulos curtos, que nos mostram diferentes episódios da vida dela de forma anacŕónica.  3

Livro 13/2025

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" As três mortes de Lucas Andrade " de Henrique Raposo. Muito elogiado pela Filipa e pelo Luís,  resolvi dar uma chance a este livro, apesar do autor... Conta a história de um jovem que vive num subúrbio de Lisboa e da violência a que estão sujietos os seus habitantes,  nos anos 80/90, mas aborda também a pobreza e a violência nas aldeias, sobretudo contra as mulheres. A linguagem é sempre crua, sem artifícios. Fala da eterna luta entre o Bem e o Mal e como cada um de nós pode escolher que caminho trilhar, apesar do mundo que nos rodeia. Houve partes que achei repetitivas e demasiado longas,  sobretudo no início, mas outras que me prenderam bastante. Tem a cadência certa para nos prender e levar aos sítios mais tristes dos subúrbios e da alma humana.  " Talvez seja o maior espetáculo do mundo: ver gente normal a tentar ser decente no Inferno; ver pessoas a dar a resposta certa à pergunta fundamental- como é que se pode ser bom no meio da lama?" 4 estrelas. 
No r/c do meu prédio,  mora(m) uma (ou talvez duas) família(s) indiana(s). Quando me cruzo com eles ou com qualquer outro vizinho na verdade, cumprimento-os. Regra de boa educação oblige .  Há umas semanas, meti conversa com uma das mulheres que lá vive, grávida de 8 meses. Num inglês pouco confiante de ambas, disse-lhe que se precisasse de alguma coisa, que podia ir lá a casa. Ela sorriu. Na sexta, vi-a no terraço e perguntei se estava bem. Não me pareceu por causa da barriga grande, quase a rebentar a bolha, e do calor excessivo.  Hoje, vieram cá dar-nos doces porque somos sempre "simpáticos" com eles. Fiquei comovida.  Ser decente e bem educada com (todas, todas, todas) as pessoas é encarado como algo extraordinário, parece. Tempos estranhos os que vivemos...

Manuel Monteiro (1931-2025)

Regresso ao trabalho e à rotina depois de ter enterrado o meu último avô.   Já falei dele aqui . Era um homem com muita luz e muita escuridão.  Somos todos assim, mas a frase faz mais sentido nele. Nascido numa aldeia paupérrima do concelho de Vila Real, junto ao Douro, filho e neto de sarreiros (pessoas que trabalhavam à jorna retirando o sarro das pipas de vinho) -  sendo essa a alcunha da família - o meu avô parecia estar condenado a ser mais um miserável e a aceitar a vida que todos os seus antepassados tinham tido. Ainda criança, os pais mudam de região e vão trabalhar para Riba D'Ave (Braga).  Aluno exemplar na escola, passa o exame da 4a classe com distinção. O professor dele tenta convencer o pai a deixá-lo estudar ou a ir para o seminário.  Declina. Precisam de dinheiro e tem de trabalhar. O professor arranja-lhe um emprego diferente no Porto: trabalhar numa livraria. Com 10 anos torna-se homem: vive e trabalha numa livraria. Dizia-me ele que nunca...

Quando até a IA te diz quem és...

Submeti ao chat GPT os resultados clínicos de três sinais que removi na semana passada: " Trata-se de uma lesão benigna da pele, comum especialmente em pessoas de meia-idade ou idosas." O que vale é que a boa notícia supera a má, certo? 

Quando é que sabes que os teus filhos não são assim tão crescidos?

Quando, no dia do exame de Matemática A do 12°ano, o meu mais velho, ansioso com a prova, me diz que vai vestir a camisola da sorte... E sim, tambem eu pensei "mas ele tem uma camisola da sorte?"... (O exame não lhe correu propriamente bem. Conta ter entre 13,5 e 14,5/14,7, mas veremos.)