Sobre o chorar

 Se há coisa que me custa muito fazer é não chorar perante os meus filhos. 

Não estou a dizer que não choro na presença deles. Já me viram chorar mil vezes e em várias circunstâncias. 

Referi-me a chorar com eles, quando eles também estão a chorar. 

O meu mais novo anda triste e zangado. Quando chora, só me apetece abraçá-lo e chorar também. Não o faço, no entanto, porque acho que é o meu dever mostrar-lhe que sou um rochedo, mas que ele pode fazê-lo, pois eu estarei ali, de pé, a dar-lhes mimos, a ouvi-lo, a dar conselhos.  Tento conter as lágrimas deles, talvez. 

O meu mais velho acabou um teste de matemática lavado em lágrimas. Veio ter comigo como raramente o vi, creio. Tinha estudado muito, mas o teste correu-lhe mal porque só se apercebeu a 10 minutos do fim que tinha a calculadora programada em graus (ou lá o que é). Ali, ele a chorar compulsivamente e eu a aguentar as minhas lágrimas porque a pena dele passou a ser minha também, mas a aguentar-me porque a mãe tem de o reconfortar e dizer que na próxima será melhor. 

Enfim. Depois choro sozinha aquela dor que era deles, que passou para mim e que transporto até que a liberto. 

Não chorar juntamente com eles, aguentar, fazer-me de forte quando eles estão de rastos custa-me muito. Ser mãe é lixado. 

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