O meu Pedro passou ontem por uma situação triste e injusta, que o deixou completamente de rastos, fazendo com que desatasse a chorar no meio de estranhos. No irmão, isso pode acontecer com alguma facilidade mas com o Pedro, não. Ele é orgulhoso e resiliente. É difícil alguma coisa o abalar.
Tentei conter a sua tristeza e ajudá-lo a lidar com a frustração, sem no entanto desvalorizar o que sentia. Fui mostrando outras perspetivas. Em vão. Estava inconsolável.
Aos poucos, fui começando a sentir dentro de mim uma fúria tão grande, uma espécie de animal a cavalgar, que se estava a transformar num monstro que sabia que tinha de domar mas que não me apetecia domar. Foi estranho sentir isso. No último segundo, creio, consegui controlá-lo e continuei a desempenhar o papel de mãe que tenta apaziguar e pôr água na fervura em vez da mãe que empola mais as situações.
Acho que fiz bem, tendo em conta o meu filho. Mas o monstro está cá dentro e não sai daqui. Está contorcer-se dentro de mim, a lembrar-me que quer sair e confesso que me está a custar muito lidar com ele. Tanto que só me apetece escrever palavrões a cada frase, para ver se fico mais aliviada.
Não quero ser histérica, dar demasiado relevância às coisas, mas pá, quando um adulto mexe com os sentimentos e emoções dos meus filhos, torna-se complicado gerir as minhas próprias emoções. Mais cedo ou mais tarde, o monstro sairá cá para fora e dirá, de forma atabalhoada e pouco racional - já me conheço- tudo o que foi feito. Será feio, sei que sim mas este monstro está demasiado grande para o enfiar debaixo do tapete.
Uma das minhas crenças: não sou racional, apenas emocional.
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